•MORGANA•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝Desde o momento em que Mateo disse que estava desposto a me ajudar eu soube que teria que me preparar muito psicologicamente para certos momentos desse processo, só não tinha pensado o quanto as coisas poderiam acontecer rápido demais.
Eu não tinha a mínima idéia de como lidaria com isso agora, mas de algum jeito teria que encarar os problemas de frente. Pedro estava em um lugar que eu achava pavoroso apenas pelo fato de ser longe de mim, mas como se a situação já não fosse difícil o suficiente, ainda tinha que lidar com o encontro entre meu professor e irmão.
Os último dias têm sido agitados e hoje não foi diferente. Acordamos cedo, nos arrumamos e viemos direto em direção a um dos meus pesadelos. Eu tinha a absoluta certeza que meu mental não estava dos melhores por muitas questões.
O carro parou em frente a grande casa e senti a tensão se instalar no ar, isso era difícil para Mateo também, eu sabia que estava mudando sua rotina. Como ia conseguir agradecer por tudo que ele estava fazendo?
Olhei para o moreno e vi uma certa apreensão em seus olhos. Era como se em suas pupilas tivessem um cobertor de inseguranças e medos.
— Não posso mesmo ficar dentro do carro? — Foram as primeiras palavras do meu professor.
— Você vai morar na mesma casa que ele, uma hora ou outra vão ter que conviver juntos — Eu falava como se não tivesse centenas de dúvidas em minha cabeça.
— Posso alugar um apartamento para vocês — O repreendi com o olhar — Certo, vou procurar um bom lugar para estacionar e depois entro.
— Não fuja — Peguei minha bolsa no banco de trás.
— Prometo que vou tentar — Seu sorriso sínico fez eu revirar os olhos.
Saí do carro sem mais despedidas e fui em direção a entrada, não precisei de muita enrolação para entrar. A inspetora me recebeu com um sorriso no rosto que não chegou até os olhos.
Eu poderia tentar passar a maior segurança dentro de mim, poderia fingir que não me sentia desprotegida ou sozinha, mas a verdade era totalmente oposta a essas palavras. As vezes tudo que eu queria era ser uma criança pequena que teve proteção o suficiente para não temer meus medos e não precisar colocar uma mascara oposta as minhas emoções.
Minha cabeça, que geralmente era um grande salão vazio, agora estava totalmente barulhenta e desorganizada. Tinha receio de que meu irmão não fosse gostar do Mateo, eu sabia o quanto o pequeno não tinha as melhores representações de homens adultos em sua vida. Queria que isso mudasse com meu professor.
— Ele está indo muito bem no processo de adaptação, as crianças ainda estão se acostumando com ele, mas em breve serão todos bons amigos — A funcionária dizia coisas da qual não prestava tanta atenção.
— Pedro gostou daqui? — Olhei ao redor onde tudo parecia tão estranho.
— No começo teve alguns... Empecilhos, mas acho que agora está bem melhor.
Escutei passos rápidos fazendo um barulho no chão e em segundos a criança estava na minha frente. Pedro pulou em mim me agarrando com força.
— Mo! Que saudade — Meu sorriso abriu assim que escutei a voz do menino.
— Ei, isso tudo é saudade? — Olhei para a outra mulher que carregava a bolsa dele logo atrás.
— Me disseram que vou embora com você, já arrumei todas as minhas coisas, podemos ir?
Mateo tinha grande influência pelo seu sobrenome carregado de poder, ele conseguiu adiar certas coisas para nós que poderia demorar meses em situações diferentes e hoje seria o tão esperado dia que o levaremos para casa, mesmo que só por uma semana. Esse era só mais um dos favores que retribuiria para Mateo assim que pudesse.
— Ainda preciso falar com a diretora, mas assim que terminar minha conversa nós vamos rápido.
— Eba! E cadê aquele seu amigo grandão? — Não tive tempo para me encolher com a pergunta.
Escutei o som da porta se abrindo atrás de mim e meu coração palpitou rápido demais para que eu conseguisse controlar. Olhei para trás vendo a figura masculina entrando.
•MATEO•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝Eu não costumava ter medo de muitas coisas, eram poucos fatores que me deixavam apavorados, e eu podia garantir que crianças entrava nessa curta lista que tinha guardado em meu bloco mental.
Não precisava repetir o quanto achava esses seres pequenos até que bonitinhos, isso longe de mim, porquê apenas o fato de está perto de uma pessoa que mal alcançava minha cintura me deixava sem ar. Já não me dava bem com crianças, imagina com o irmão da Morgana.
Tentei esconder um pouco das minhas questões mal resolvidas em relação aos pequenos mas acho que tinha falhado nisso. Queria ser o apoio do qual minha aluna precisava, mas não conseguia proferir uma palavra para seu irmão.
Morgana tinha ido conversar com a responsável pelo orfanato, a inspetora foi vê as crianças que estava no jardim e a cuidadora especial de Pedro havia arranjado outra desculpa para se afastar. Sendo assim estava apenas eu e ele sentados no sofá, chegava a ser patético a forma que uma criança poderia me amedrontar.
Olhei em volta tentando concentrar minha mente em outra coisa mas só me senti pior vendo a decoração melancólico desse lugar. Uma voz veio ao meu lado.
— Você é rico, tio Teo? — Olhei para o garoto que me olhava curioso. Que tipo de pergunta era aquela?
— O que?
— A Mo disse que íamos morar em um lugar bem grande com você, pensei que fosse rico — Ele pareceu se desinteressar na conversa.
Eu poderia ignorar e deixar que ele tirasse suas próprias conclusões, mas algum extinto de aprovação surgiu dentro de mim. Como assim esse garoto tinha dúvidas da minha situação econômica?
— Sou sim, e o meu nome é Mateo — Ele me olhou cheio de brilho nos olhos.
— Uau! — Pedro pulou e me observou como se tivesse acabado de comer dezenas de doce — Então você é cheio de carros e casas bonitas?
— Exato.
— Pode me deixar dirigir um carro seu? — Ele estava perto demais.
— Ah... Sua irmã me mataria se eu fizesse isso — Sua expressão se tornou triste e meu coração palpitou mais rápido — Mas você pode andar comigo.
— Sério?! — Como ele conseguia mudar de emoção tão rápido?
— Olha, tenho um carro que você vai gostar muito, o teto dele abre inteiro e é ótimo para se exibir.
— Quero andar nesse aí! Vamos agora — Ele segurou minha mão — Vamos Teo! Quero vê o carrinho.
— Acho que sua irmã vai ficar chateada se largarmos ela aqui, quem sabe em outro momento — Novamente recebi aquele olhar tristonho. Crianças podiam ser tão impacientes desse jeito? — Quer comprar bolo quando fomos para casa? Crianças gostam de doce, não é?
— Sim! — Ele pulou fazendo eu me assustar. Era tão fácil assim?
Algo em meu peito pesou feito rocha, mas não por está ficando protegido demais, era por sentir meu coração mais denso, surpreso. Que droga de sensação era essa?
O garoto abriu um sorriso e isso foi como um soco em meu estômago. Ele gostou de mim? Isso não seria tão difícil quanto eu imaginei, poderia me acostumar facilmente com cenas como essa.
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Nosso Segredo
FanfictionO tão sonhado, último ano do ensino médio, acaba de começar para Morgana, uma jovem impulsiva, magoada e com cicatrizes abertas que ainda não se curaram. Com novas mudanças na escola e na sua vida particular tudo se desestabiliza, principalmente qua...