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MATEO
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


Sempre fui do tipo que gostava de mulheres mais velhas, pessoas maduras que entendiam que sexo casual não passava disso, principalmente depois da morte da minha noiva. As coisas pareciam está mudando agora.

Quando entrei naquele terraço, no meu primeiro dia trabalhando naquela escola, Morgana pareceu alguém que tinha exatamente o gosto de problema, ela sempre demonstrou ser do tipo que atraia dores de cabeça, isso estava cada vez mais se concretizando.

Os dias têm passado de forma diferente, pensei que quando ela viesse morar comigo as coisas seriam do tipo um caos, e realmente era, mas apenas na minha cabeça. Morgana não era um incomodo aqui dentro, quer dizer, ela era uma peste, mas ainda sentia como se morasse sozinho. O silêncio e a solidão pela casa não demonstrava que uma adolescente morava aqui.

O dia do yôga tinha afetado alguma coisa, eu sabia disso porquê ela se abriu naquele momento, se permitiu sentir um pouquinho da realidade e depois voltou para seu próprio mundo, se trancando nos seus sentimentos complicados. Esse era o tipo dela, sofre sozinho e eu nem podia julgar pois era do mesmo jeito.

Observei meu relógio já com vontade de querer matar garota, ela estava quase se atrasando e como consequência me fazendo ficar atrasado. Pelo menos algo bom aconteceu.

Morgana tinha tomado a iniciativa de reagir para alguma coisa, a garota chegou no dia anterior enquanto eu jantava e apenas me avisou que iria voltar para escola, sua decisão pareceu não ter nenhuma influência de ninguém, ela aleatoriamente declarou que iria e ponto final. Minha aluna jamais me deixaria comemorar por isso, ela não imaginava o quanto achava essa decisão um passo importante em sua vida.

Foi justamente por saber que ela ficaria brava se eu, de algum jeito, a parabenizasse, que tomei a decisão de apenas comprar um bolo bem recheado e deixar em cima do balcão. No dia seguinte não tinha mais nada para contar história. Não é porquê eu a odiava que queria a garota infeliz.

Eu só não esperava que com a sua volta a escola os atrasos seriam acompanhados juntos. O menininha complicada viu.

Escutei passos vindo em direção do corredor e quase agradeci aos céus por ter feito milagre. Morgana apareceu no hall de entrada me deixando com um grande arrependimento.

— Tô pronta, já podemos ir?

— Que blusa é essa? — Olhei para a regata branca que me revelava até demais os seus peitos e de quebra marcava seu sutiã.

— Exatamente isso, uma blusa — Ela colocou a mochila nas costas — Vamos? Não quero me atrasar.

— Morgana não vou deixar você entrar no meu carro vestida nisso — Eu sabia da sua fama na escola, não precisava de alunos inventando ainda mais.

— Ótimo, eu adoro andar — A morena tentou passar por mim mas não deixei.

— Troca.

— Não me irrita logo cedo, você não manda nas roupas que eu visto.

Por favor — As palavras saíram rasgando de minha garganta.

— Vou esperar seu chilique passar lá no carro — A garota desviou de mim e saiu de casa.

Eu oficialmente declaro Morgana como meu principal objeto de irritação, a garota tinha habilidades muito únicas de me tirar a paciência. Ela podia apenas trocar a porra da blusa.

Senti meu celular vibrar e assim que o peguei vi a notificação de mensagem na tela. Era a coordenadora da escola novamente. Ultimamente Paula têm tirado seus dias para me recordar da nossa noite de sexo que tivemos a um mês atrás.

Retiro o que eu disse, não era todas as mulheres que reconhecia uma foda casual.

Respirei fundo e me preparei mentalmente para aguentar o dia estressante que seria. Fui em direção a saída pronto para detestar Morgana de um jeito mais elevado que o comum.


•MORGANA•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


Mateo tinha sido claro quando disse que teríamos que guardar segredo sobre os acontecimentos mais recentes em nossas vidas, principalmente que estávamos morando juntos.

O homem foi o chato de sempre e falou como as coisas funcionariam, até mesmo tínhamos pontos para nos encontrarmos no carro depois das aulas. Ele estava tão cauteloso que chegava a ser paranóia de sua cabeça, o velho ainda bateria as botas se continuasse pensando em tantas tragédias ao mesmo tempo.

Quando entrei na escola minha energia que já era ruim o suficiente piorou instantaneamente, era como se o mal do mundo fosse colocada em uma grande caixa de idiotas.

Claro que tive uma recepção bem fingida do grêmio, até mesmo a diretora veio mostrar que estava de luto por mim e minha família, uma grande farsa feito de baboseira. Os alunos detestaram minha volta e eu sabia disso, pois, no fundo de seus olhos, que demonstrava uma grande pena de mim, tinha um insatisfação e raiva velada. Eram todos uns falsos.

As aulas não foram das piores, mas soube de alguns acontecimentos que tinham rolado recentemente, tipo a viagem que a escola proporcionaria a alguns dias, claro que aproveitaria para ficar o mais longe possível daqui.

Andei pelo pátio coberto de alunos e escutei Lia falando muitas coisas ao mesmo tempo, era difícil de acompanhar tudo que ela falava.

— Nem posso acreditar que você voltou! Essa escola não é a mesmo sem você.

— Eu imagino — Minha amiga pareceu notar o deboche, ela apenas sorriu e revirou os olhos.

— Me diz, onde você tá ficando?

— Na casa de um amigo da família, ele me deixou ficar lá por um tempo — Não pretendia contar o que aconteceu para ela.

Lia não queria meu mal, eu sabia disso, era só minha cabeça que não confiava muito nas pessoas.

— Sério? Não é perigoso? Já ouvi falar de muitas histórias horríveis envolvendo amigos da família e crianças.

— Com esse aí não têm com o que se preocupar, desconfio que ele é gay, tem um amigo dele que vive na nossa casa.

— Menos mal, mas ainda não impede que ele faça nenhuma idiotice — Ele morreria se fizesse. Mas Mateo não era desse tipo.

Minha amiga começou a falar tudo de novo, sobre recuperação do seu pai, seu novo relacionamento e até mesmo do seu café da manhã. Não podia falar que odiava totalmente isso, entendia seu jeito extrovertido de ser e até gostava um pouco dele.

O dia passou em um piscar de olhos e derrepente todas as expressões de dó e pena direcionada para mim foi como se nunca tivesse existido. Voltei para casa quanto antes e não pude deixar de respirar aliviada quando cheguei.

Era difícil acreditar, mas a casa do cretino me fazia bem, acho que era porquê nunca tive um lar mentalmente saudável. Não que esse fosse, mas me sentia bem o suficiente aqui para viver sem tanto medo.

Gostava desse lugar.

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