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•MATEO•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝

Jonathas era o meu melhor amigo de anos. Passamos a infância, adolescência e a fase adulta juntos, ele sabia dos meus gostos, sabia da minha personalidade, sabia das minhas dores e alegrias. Resumindo, ele era um irmão que veio de outros pais.

Mas tinham consequências de ter um amigo que te conhecia tão bem. Ele sabia quando eu estava mal e sentia quando eu estava prestes a fazer uma grande besteira, nesse caso ele não conseguiu impedir.

Assim que cheguei no meu apartamento, Morgana estava sentada no sofá e conversava com meu amigo como se já se conhecessem, de fato eles já se viram na vez em que levei ela desacordada para a casa dele, mas agora a situação era diferente. Eu não sabia o que tinha passado em minha cabeça, mas quando vi que os dois estavam mesmo conseguindo manter uma conversa descente, eu percebi onde estava cometendo meu maior erro.

Morgana era uma hóspede em minha casa, era algo passageiro que iria embora assim que sua situação melhorasse. Ela era do tipo espírito livre por natureza, sabia se cuidar e receber ordens não era sua principal qualidade. Eu não tinha o dever de cuidar dela e foi justamente esse pensamento que me fez ficar com um aperto no peito.

Peguei mais duas latinhas de cerveja e ofereci uma delas para meu amigo, ele aceitou já abrindo o lacre.

— Você é louco.

— Já me disse isso dezenas de vezes — Tomei um gole da minha bebida.

— E não vou me cansar de repetir — Vi as expressões de indignação em seu rosto — Mateo se isso tudo era medo de ficar sozinho podia me chamar para morar com você.

— Você sabe muito bem que jamais faria isso — Me apoiei no balcão da cozinha.

— Sabe que sua mãe vai te matar quando souber disso, não é?

— Sou um adulto Jonathas, minha mãe precisa entender que não posso fazer todas as vontades dela.

— Mas ela não entende, aquela velha insiste que você se case com alguém descente a anos — Olhei para ele de uma forma mais ameaçadora — Com todo respeito é claro.

O pior é que o infeliz estava mesmo certo, já conseguia até mesmo imaginar o drama que a minha mãe faria quando descobrisse tudo. As dores de cabeça só iam aumentando.

Respirei fundo e andei até uma das banquetas que ficava de frente a ilha no meio da cozinha.

— Eu já sou casado e tenho independência o suficiente para tomar minhas próprias decisões — Vi os olhos do meu amigo se tornando piedosos.

— Mateo, já fazem mais de dois anos, você não pode fechar os olhos e andar com sua aliança dentro do bolso, acha mesmo que não sei o que você faz para amenizar a dor aí de dentro? — Ele sabia bem onde pegar no ponto fraco — Não quero que se sinta ofendido, mas não está usando Morgana e o irmão dela para suprir suas lembranças da...

— Não continua essa frase — Falei para o meu amigo e ele se calou — Ajudei Morgana porquê ela precisava e eu jamais deixaria alguém em apuros se eu pudesse ajudar de qualquer jeito, Ísis não têm nada a ver com esse assunto.

Chegava a ser amargo a forma que eu pronunciava o nome da mulher, mas era a verdade, mesmo que doesse todas as partes do meu passado. Não estava mentindo quando dizia que minhas intenções com Morgana eram as mais puras possíveis.

— Desculpa, só quero que você tenha certeza onde está se metendo — Acreditava nele, meu amigo não fazia as coisas para me magoar.

Escutamos os passos vindo do corredor e imediatamente ficamos em silêncio. A figura da garota apareceu logo em seguida.

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