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MATEO
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


Eu confesso que em momentos de raiva posso acabar extrapolando nas palavras que uso para atingir alguém, posso acabar falando coisas que não deveria mas mesmo assim sinto que grande parte das pessoas fariam o mesmo que eu. As coisas de ontem desandaram para um sentido que não pude controlar.

Morgana era difícil de se lidar, ela sabia disso e também sabia que o que estava fazendo ontem era errado, eu me sentia vivendo em um inferno por sentir a dor da culpa. Não estava totalmente errado, certo?

Ela tinha sido imprudente e mais uma vez tinha conseguido me tirar a paciência, mas as palavras ditas por mim não tinham sido das melhores e ela também não merecia se sentir desprezada assim. Não sabia como resolver esse problema da forma certa.

Era fato que teríamos desavenças morando juntos, mas eu esperava que pudéssemos passar por cima disso e melhorar nosso relacionamento, pelo menos deixar que a comunicação se tornasse mais educada. Já dava para saber que tudo deu errado.

Peguei uma latinha de cerveja e voltei para sala vendo meu amigo sentado no sofá, ele passava os canais da televisão com a ajuda de um controle remoto. Sentei do seu lado e entreguei sua bebida.

— Encontrei seu pai no golfe hoje, ele continua com aquela voz calma de sempre.

— O que estava fazendo no clube? — Era difícil Jonathas se manter em algum esporte.

— Trabalho, um dos meus clientes está fechando um novo negócio comigo — Meu amigo trabalhava com a empresa imobiliária da sua família.

Jonathas me olhou e logo depois passou sua atenção pela casa, ele colocou a cerveja na mesa de centro e vi suas expressões de confusão.

— Onde está a sua nova amiga? — Ele perguntou com um sorriso canalha no rosto. Estava pronto para me estressar.

— Deve tá no quarto, ultimamente ela só têm saído de lá em casos extremos — Bebi um gole da minha bebida com certa raiva.

— O que você fez dessa vez pada estarem brigados?

— Por que acha que foi eu quem fiz algo?

— Porque você é um idiota, Mateo — O homem ao meu lado era mesmo um babaca que não me respeitava nem mesmo na minha própria casa.

— Não foi nada de mais — Pensei se deveria prosseguir com o assunto, precisava mesmo desabafar com alguém de confiança — Eu acho que disse uma coisa que não deveria.

— Sabia, desembucha — Seus olhos mostraram que minhas palavras eram seu entretenimento. Ainda mato esse homem.

— Uma mulher apareceu na minha casa ontem, coincidentemente, ela é uma pessoa da qual Morgana tem grandes desavenças e trabalha lá na escola — Lembrei do rosto da loira — Ela chegou querendo coisa que não deveria e a situação foi se complicando cada vez mais.

— Você fodeu com ela enquanto a Morgana estava em casa? Uau, quanta coragem — Ele deu uma risada como se estivesse se divertindo muito com meus problemas.

— Eu não fiz nada com a mulher, ela que subiu em cima de mim quase me comendo — Lembrar da sensação me deixa angustiado — Morgana viu isso, interpretou do jeito que quis e apareceu na sala só de calcinha e uma blusa que não cobria nada, resumindo, ela provocou a mulher e nos deixou em uma situação complicada.

Olhei o rosto do Jonathas e vi o semblante de choque e surpresa em suas expressões. Ele me olhava como se eu tivesse falado um segredo que mudaria o mundo.

— Está me dizendo que Morgana sentiu ciúmes de você e apareceu semi-nua apenas para provocar a mulher?

— Morgana não estava com ciúmes, ela só se preocupa com o ambiente que o irmão vai morar, as coisas não envolvem eu nessa questão.

— Mateo, você é tapado? — Não entendi sua pergunta — Aquela garota é um gênio e eu sei disso trocando apenas duas palavras com ela, pode ser impulsiva sim, mas ela jamais estragaria tudo por nada.

— Não, você entendeu tudo errado, ela literalmente morreria por aquele menino e vamos combinar que ela se sente enjoada apenas em chegar perto de mim — Lembrei de dias atrás na aula do yôga, ela não queria nem respirar o mesmo ar que eu — Continua escutando, eu precisei convencer Paula que não estávamos tendo nada e quando voltei para casa nós dois acabamos brigando e eu falei que não deveria para Morgana... Basicamente disse que ela era como um peso nas minhas costas.

— Puta merda, você falou para a garota, que acabou de perder a família, a casa e vive em um inferno, que ela era um peso? Caralho Mateo, conseguiu se superar.

— Cala a boca, sabe que jamais falaria algo assim para machuca-la.

— Aham, é tanto que você foi mais um motivo para ela ter razões de se matar — Revirei os olhos e vi como ele parecia tão entretido na história — Quer saber, essa casa tá tensa demais, temos que fazer algo para melhorar.

— E como pretende fazer isso?

— Acho que já sei — Ele levantou parecendo disposto a fazer seu plano.

— Jonathas posso confiar em você?

— Mas é claro que sim — Tinha certeza de que não.

Meu amigo foi em direção ao corredor e em segundos sumiu, a última coisa que escutei foram batidas na porta. O que essa peste estava aprontando agora?


•MORGANA•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


Eu sabia que tinha tido uma atitude errada e totalmente idiota, mas mesmo assim ainda tentava buscar as melhores palavras para me desculpar. As coisas que aconteceram me deixaram abalada de uma maneira que não soube explicar o motivo, nunca imaginei que palavras jogadas em meio ao calor seria tão difíceis de digerir.

Tenho certeza que Mateo não era um babaca completo, era sim um idiota, mas o que ele disse ontem foi um puro desabafo de uma pessoa que estava lidando com outro alguém muito difícil. Sabia o quanto era estressante conviver comigo.

Muitas pessoas já me falaram coisas tão ruins quanto as palavras que ele proferiu, mas o puro motivo de ter sido ele a dizer me deixava chateada. As vezes queria um lugar só para mim, não queria ser um peso para ninguém que tentava me ajudar.

Escutei batidas vindo da porta e meu coração logo começou a bater mais rápido, não conseguia controlar minha respiração, muito menos em como minha mente reagia da possibilidade de ser ele. Levantei rapidamente da cama já preparada para o que iria dizer, queria que ele entendesse que nesse momento estava bem arrependida das minhas decisões.

Andei até a porta e assim que levei minha mão até maçaneta fiz questão de colocar a melhor expressão no rosto. Assim que vi a figura masculina percebi que não era exatamente quem eu esperava, Jonathas deu um sorriso.

— O que tá fazendo aqui? — Foi a primeira coisa dita por mim.

— Vim te vê, não pode? — Ele pediu passagem para entrar e eu dei.

— Pode, só é bem estranho — Respondi cruzando os braços — Mateo está em casa?

— Para sua tristeza sim — O homem olhou para mim e minha desconfiança aumentou — Sei como posso ajudar os dois a se resolverem.

— Quem disse que estamos com problemas?

— Por que não sai com a gente? Quer dizer, você precisa se divertir um pouco e as coisas aqui dentro não estão das melhores — Ele ignorou minhas palavras.

— Prefiro ficar em casa, obrigada — E eu realmente preferia, mesmo com o estado atual não sendo dos melhores.

— Tenho certeza que Mateo também tá se sentindo tão ruim quanto você, aposto que ele adoraria concertar as coisas — As palavras me despertaram interesse — Já ouviu falar no Bar da Pepita?

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