Nosso Segredo

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•MATEO•
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Eu sabia o quanto minha família era de longe problemática, em diversas situações que ocorreram ao longo de minha vida pude perceber isso. E era exatamente esse fato que me deixava apavorado para o que estava prestes a acontecer.

Todos meus parentes tinham certos problemas na cabeça, mas minha mãe em específico podia ser um grande problema para minha situação atual. A mulher não era nada fácil de lidar e muito menos alguém que respeitasse certos limites, sua inconveniência já foi grandes tópicos de nossas discussões.

As coisas até poderiam dá certo, se por acaso eu não a fosse colocar para conhecer uma outra pessoa que tivesse uma personalidade tão forte quanto a dela. Vamos combinar que Morgana não era o ser humano mais doce da face da terra.

De algum jeito ou de outro isso aconteceria, até mesmo o advogado que estava nos ajudando me disse que teria que fazer isso alguma hora e esse momento havia chegado, não dava para adiar.

Preparei a casa para receber a ilustre visita da minha família, conversei com Morgana e marquei um almoço para todos. Minha cabeça não conseguia ficar em silêncio por sequer um segundo, tinha que admitir que o medo corria por minhas veias, já previa o estresse desse encontro.

Andei pelo corredor e fui até a porta do quarto de Morgana, bati duas vezes para indicar minha presença e escutei sua voz.

— O que foi? — Escutei a voz da morena mais elevada.

— Já está pronta? O porteiro acabou de avisar que eles estão vindo.

— Tô quase — Escutei alguns murmurinhos vindo dela — Preciso mesmo usar essa porcaria?

— Sim, Morgana... Não invente de aprontar nada!

— Você sabe que sou muito educada — Tinha minhas grandes dúvidas sobre isso.

— Não tô com paciência hoje, por favor colabora, minha família pode ser... Peculiar.

— O que mais me surpreende é você ter uma família — Revirei os olhos e me controlei para não perder a cabeça.

— Você não têm muito direito de fala em questão a isso, meu amor — Podia jurar que ela havia puxado um sorriso — Vai logo! Em cinco minutos quero você na sala.

— Fala assim comigo de novo e você fica sem língua — Me afastei antes que ela se irritasse ainda mais.

Morgana não pareceu demorar tanto para superar a nossa conversa com a assistente social, a garota pareceu até mais decidida em ir além com isso, mas ainda sentia que algo tinha abalado seu coração depois das coisas que falamos, mesmo assim não tive abertura para saber de algo a mais.

Pelo menos isso nos deixou prontos para as perguntas que a psicóloga fez após aquele dia. Não sabia que adotar alguém era tão burocrático, da próxima vez eu só vou pegar alguma criança de rua mesmo.

Escutei o som da campainha tocando e não precisei de mais nada para ter meus sensores dentro de mim tocando. Estava na hora, o encontro que acabaria com o resto da minha semana havia chegado.

Fui até a entrada e tentei inventar alguma desculpa para só acabar com tudo isso, minha cabeça não estava preparada para esse trágico momento. Apenas respirei fundo e abri a porta, vi os três rostos conhecidos em minha frente.

— Querido! — Minha mãe me abraçou sem nem me deixar raciocinar — Como você está? Fiquei tão surpresa quando recebi seu convite.

— Boa tarde, mãe — Deixei um beijo em sua testa e vi o sorriso em seu rosto — Por favor, entrem.

Dei espaço para que meus parentes entrassem e fechei a porta do apartamento. Todos foram em direção a sala e tentei me manter calmo com minha postura.

— Então primo, por que convocou essa reunião de forma tão inesperada? — Eduarda perguntou com seu melhor semblante no rosto.

— Na verdade tenho um comunicado para dá para vocês.

— Filho, se for algo relacionado com o trabalho então...

— Não, não é nada envolvendo minha vida profissional, pelo contrário — Atrapalhei meu pai já pronto para dizer de uma só vez o que queria.

Tudo estava encaminhando para a notícia, até que o som da campainha se fez presente e estranhei. Será algum vizinho? O porteiro não me comunicou nada dessa vez.

Minha mãe me olhou de forma estranha e alguma parte dentro de mim pareceu ligar a visita com ela. O que a mulher havia aprontando dessa vez?

— Convidaram mais alguém para esse encontro? — Minha pergunta deixou o clima pesado.

— Não se preocupe querido, eu atendo para você — Minha mãe se levantou e foi até o hall de entrada.

Algumas possibilidades passaram por minha cabeça e nenhuma era boa o suficiente para me deixar confortável com a situação. Meus extintos se alarmaram de maneira incomum e tudo se entendeu até vê a figura a minha frente.

Olhei o homem que estava ao lado da minha mãe e por um segundo desejei acordar de um pesadelo. Meu irmão abriu um sorriso para mim

— Boa tarde, maninho — Matias teve a coragem de carregar deboche em sua voz.

— Que porra é essa?! — Levantei da poltrona não conseguindo controlar a raiva que tocou meu coração.

— Querido, se acalme — Minha mãe tentou se aproximar mas me afastei de seu toque — Vocês são irmãos, essa desavença já aconteceu por tempo demais, Mateo o que quer que tenha para falar ele também deve ouvir.

Eu estava prestes a surtar, minha paciência ficou por um fio de cabelo, até que passos ressoaram do corredor e em instantes a garota estava presente na sala. Morgana tinha a aparência de uma dama com o vestido delicado, ela carregava um olhar de medo.

— Prazer a todos — Meus parentes olharam a morena.

— Quem é essa? — Meu pai perguntou e eu abri um sorriso.

Fui até minha aluna e depositei minha mão em sua cintura, ela pareceu levemente confusa mas mesmo assim deixei que os olhos de minha mãe fossem guiados para o anel em nossas dedos. A besteira já estava toda completa.

— Já que estão todos aqui, então eu posso falar — Olhei para a Morgana que carregava surpresa no rosto — Essa é Morgana Carter, minha noiva.

A tensão rolou pelo ar e pensei que minha mãe poderia ter um infarto alí mesmo, derrepente todos pareceram chocados demais para dizer qualquer coisa. Até mesmo meu irmão carregava uma expressão de impacto, manteria Morgana longe desse verme.

— Sua o que? — Elizabeth colocou a mão em seu peito de forma dramática.

— Minha noiva, mãe — Deixei meu polegar fazer um carinho onde ele estava tocando.

— Mateo, exijo uma explicação direito — Ela olhou de baixo a cima minha companheira — Vai se casar com essa coisa? É tão óbvio que ela não está a nossa altura.

— Desculpa, mas você disse o que? — Senti a irritação que agora emanava de Morgana.

— Beth, não fale mais nada — Meu pai se colocou ao lado dela.

Em segundos tudo virou caos e até mesmo o ambiente pareceu se carregar com aquela energia nada boa. Minha mãe estava pronta para armar um escândalo, meu pai já estava habituado a controlar minha mãe, Eduarda era a personificação da dúvida, mas meu irmão...

Matias olhava a morena como se ela fosse algum tipo de caça para entrar em seus jogos, lembranças ruins vieram em minha cabeça e derrepente só tive vontade de afastar Morgana daquele campo de visão. O canalha abriu um sorriso como se já estivesse pronto para qualquer coisa.

A briga se prolongou a um momento quase trágico e na minha cabeça só vinha um extinto possessivo de proteger minha aluna. Não deveria ter feito isso.