•ᴄɪᴏғᴏʀɪᴀ•

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Maiara Point of view

[...] O sangue que circulava por meu corpo gela e parecia até mesmo ter parado de circular. Fecho meus olhos soltando o ar que nem havia notado que prendia e então me levanto sendo acompanhada por Lari e Paulinha.

O Doutor pede para que eu o siga e por alguns segundos pensei que não conseguiria nem me mover, mas arrumei coragem e o acompanhei até a sua sala. Mesmo que em pensamento eu estivesse fazendo mil e uma preces para que fosse uma intoxicação alimentar, já imaginava o que poderia ser.

- Bom, como eu suspeitava... - Fecho meus olhos ao ouvir essa frase sentindo um nó em minha garganta que chegava a ser sufocante. - A senhorita está grávida... de 11 semanas para ser mais exato!

Me sento na cadeira ao constar que não estava conseguindo nem sustentar meu corpo em pé, o médico me olha apreensivo e então continua.

- Eu vou te passar um encaminhamento para a obstetra, ela irá fazer a primeira ultrassom e todo o....

Meu corpo e consciente parecem ativar um modo automático, pois apenas me levanto deixando aquele senhor falar sozinho. Chego na recepção onde as duas me aguardavam, mas não paro para respondê-las, continuo andando apressada em direção a saída e ao chegar em meu carro abro a porta do motorista.

- Eu vou dirigir agora, por favor! - Falei brevemente e o motorista me encarou um pouco receoso.

- Tem certeza Dona Maiara? Melhor esperar! - Tentou argumentar, mas logo o cortei.

- Douglas, mandei sair do carro! - falei de forma grosseira, o que eu jamais faria em outro momento.

Entro no carro, colocando o cinto e o ligando, quando estava dando partida, vejo as meninas virem correndo chamando pelo meu nome.

- Maiara, onde cê tá indo? - Lari grita de longe.

Foi a última coisa que ouvi antes de sumir pelas ruas pouco movimentadas, minha mente parecia ter dado um pause, eu não pensava em nada apenas dirigia. Em pleno descontrole às 3:24 da madrugada, isso se o horário no painel do carro não estivesse me enganando, ou talvez fosse culpa das lágrimas que deixavam minha visão um tanto quanto turvas. Mas naquele momento eu não tinha discernimento ou lucidez alguma pra enxergar o tamanho da burrada que estava fazendo com o pé prensado no acelerador não deixando que aquele motor sentisse o peso de menos que 180km/h. Fui rumo a tentativa de liberar um pouco da adrenalina que eu necessitava sentir esvaziar.

Não demorou muito para que eu chegasse no destino que nem sabia que havia escolhido, quando vi a placa escrito "Fazenda Rosada" um sentimento de segurança se aposou de mim, talvez se eu ficasse aqui para sempre eu não fosse precisar lidar com nada daquilo.

Desço do carro e subo para o meu quarto. Rapidamente penso em tomar um banho, preciso de um longo banho!

Assim faço... entro no box após tirar minhas roupas e ficar apenas de lingerie, resolvo entrar de calcinhas e sutiã mesmo. No momento em que sinto a água quente em contato com meu corpo, foi o "click" que faltava para meu corpo desabar. As lágrimas que eu insistia em tentar segurar desde o momento em que pisei naquele hospital e que durante o caminho se derrubaram, já começavam a se misturar com a água que caia do chuveiro.

Pego o sabonete junto com a esponja e começo a passar por meu corpo, eu o esfregava diversas vezes seguidas, eu precisava tirar aquilo de mim, aquele sentimento. Como eu pude fazer isso? Por que eu fui tão idiota? O que fiz não tem perdão.

Me encaro pelo pouco reflexo que tinha no vidro do box, meu estômago embrulha ao ver minha imagem, passo as mãos pelos cabelos enquanto a intensidade das lágrimas aumentavam.

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