•ʀᴀᴅɪᴀɴᴛᴇs• 2/2

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Maiara point of view

Ficamos ali curtindo o momento que não demorou muito já que as meninas não dormiam tanto esse horário, constatei isso quando um choro baixo escapou da babá eletrônica e logo me atentei. Algo as acordou e rapidamente o momento de paz acabaria se eu não levantasse pra ir vê-las.

- É a Maya... ela vai acordar a Ísis! -Ia me levantar, mas Henrique me impediu.

- Deixa que eu busco elas, amor...

- Hm... tudo bem! Vou aproveitar para tomar banho, troque elas antes de descer, okay?

- Sim, senhora! - respondeu batendo continência.

Subi para tomar meu banho enquanto Ricelly foi para o quarto das gêmeas, que já choravam um pouco mais alto.

Marília point of view

- Maraisa, onde está o cartão com o número daquela pizzaria que a gente gosta? - Falei alto para ela ouvir de dentro do banheiro.

- Tá em cima da mesa de cabeceira! - Ela gritou de volta.

Me levantei da cama, coloquei um roupão que achei por ali e comecei a procurar o papel, mas ele não estava onde ela falou. Olhei do outro lado e nada até que resolvi olhar dentro das gavetas, quando abri a gaveta da direita o encontrei em cima do caderno de composição da Maraisa. Peguei o papel e tentei fechar a gaveta, mas ao ver que uma caneta marcava uma composição não segurei a curiosidade e peguei o caderno me sentando na cama com ele.

Olhei para a porta do banheiro e pensei várias vezes antes de abrir, mas acabei abrindo em uma página cheia de palavras rabiscadas, reescritas e a letra bagunçada. Eu não ia ler, mas quando passei o olho no primeiro verso algo me prendeu e continuei lendo até o final.

"Por experiência própria eu vou me afastar da sua boca, eu sei que se eu der brecha o coração cai facinho na sua conversa.

É que você tem todos os pré requisitos de uma pessoa que pode vacilar. O beijo altamente intenso, personalidade que toma meu ar.

Não sei qual a sua intenção, vamos devagar.

Você pode até ser o grande amor da minha vida ou uma que vai me afogar na bebida. Sei que essa desconfiança é um saco, mas a culpa é do meu coração que foi tão machucado.

Pode ser o grande amor da minha vida ou uma que vai me afogar na bebida. Sei que eu tô atrasando o nosso lado, mas a culpa é do meu coração que foi tão machucado.

Não é medo, é cuidado."

Sou compositora, trabalho com isso, mas aquilo não era apenas uma música, era um desabafo. Fiquei um tempo em silêncio e me lembrei do que Maiara tinha dito no dia que pegou Maraisa escrevendo na piscina e da vez que ela não me deixou ler no quarto. Aquela era a música que eu pensava ser sobre mim, sobre nós...

"Será que essa música realmente é pra mim?" - pensei lendo mais uma vez a música sem nome.

- Marília, vem logo! - A ouvir gritar de dentro do banheiro e tomei um susto deixando o caderno quase cair no chão.

Quando me recuperei do susto levantei da cama e fui até o banheiro com o caderno na mão. Ela estava de costas deixando a água quente cair sobre o seu corpo, o espelho estava embaçado da fumaça quente que saia do box.

- Você fez uma musica para mim? - Perguntei de forma direta.

- Puta que pariu, que susto! - Ela se virou com as mãos no peito. - Que musica, Lila? - perguntou confusa.

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