•ʟᴇᴛᴀʀɢɪᴀ•

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Henrique point of view

Dizer que minha visão estava turva e que sentia meu corpo nas alturas não era nem de perto como eu estava agora, não fazia a mínima ideia de que horas eram, apenas sabia que o bar em que eu estava iria fechar.

- Me diga teu endereço... vou pedir um uber para você, campeão! - O homem a minha frente falou, já era a quinta vez que ele fazia essa pergunta e eu não dava atenção.

- Aldeia Do Vale! - Respondi com a voz arrastada, virei o shot que estava no balcão.

Eu me sentia confuso, por um lado eu havia prometido para a Maiara que iria resolver tudo e por outro a Amanda não fez nada como o esperado, eu tinha completa certeza no início da noite, de que eu iria contar a verdade para minha noiva e ela iria terminar com tudo, mas por outro lado a loira disse que entendia e que me perdoava, suas palavras foram inesperadas e não ajudaram, pedimos perdão por algo que nos arrependemos, não é? Mas eu não me arrependendo do que tive com Maiara e nem do que vou ter, sinto a culpa me corroer por ter ferido Amanda e não ser e nem dar o que ela merecia, mas falar que me arrependia seria um enorme eufemismo, eu estaria insinuando que me arrependia dos meus filhos e da Maiara. Ou estou errado?

Um toque em meu ombro, faz com que eu me afaste desses pensamentos, era o homem que tentava me tirar daqui.

- Seu uber chegou!

Olho uma última vez para ele e então abro meu bolso deixando algumas notas no balcão, talvez até mais do que eu deveria pagar. Pego uma garrafa que estava ali pela metade, sem nem me importar com o que tinha dentro.

- Para a Aldeia? - O motorista pergunta e eu apenas confirmo fechando meus olhos e me esparramado desajeitadamente, naquele banco de trás.

Sentia minha cabeça girar e o estômago acompanhava, viro a garrafa sentindo um gosto ardente rasgar minha garganta, abro os olhos e vejo que já estávamos em frente ao condomínio.

- Pode entrar, a casa é lá para frente, só vai! - Balanço a cabeça indicando o caminho, não demorou muito e ele parou em frente a uma casa a qual eu não reconhecia, desço e pago a corrida, sem nem ao menos saber o valor.

Saio andando cambaleando e ora ou outra indo para o meio da rua, alguns minutos depois eu enfim avisto a casa que procurava.

- Oh maiara! - Bato com a palma aberta na porta e toco a campainha algumas vezes, não demorou muito para uma ruiva com a cara fechada trajando um pijama aparecesse.

- O que faz aqui uma hora dessas? E fazendo todo esse barulho? Sabia que quando se toca a campainha uma vez eu já escuto?

Fecho meus olhos lentamente e os abro em seguida, não respondo a mais baixa apenas adentro a casa.

- Henrique, tá me escutando? - Maiara fecha a porta e se aproxima. - Que garrafa é essa? E esse cheiro?

- Eu bebi um pouco, ajuda a esquecer os problemas e os noivados e as mulheres que deixam a nossa cabeça explodindo... eu só não esqueci dos meus filhos! Deles, eu não posso. - Falei sem nem ao menos perceber o quanto tudo saiu embolado.

- Está bêbado! Olha, eu não acho uma boa... - interrompi a mulher

- Eu não estou bêbado! Posso provar! - Tentei fazer o quatro com uma das pernas, mas cambalei para o lado, esbarrando em um vaso de flores que se espatifou no chão.

- Henrique, mano! Para de fazer zona, a Maraisa tá dormindo, se você acordar ela... - Escolho os ombros e me abaixo para pegar o caco e as flores.

- Você vai se cortar... - Não dei importância, estava ocupado demais tentando ler o bilhete que estava em minhas mãos "De: Lari/Para: Meu amor" - Você vai amassar minhas flores, Henrique!

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