•ᴍᴇᴛᴀɴᴏɪᴀ•

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Maiara Point of view

Despertei-me um pouco perdida, não me lembro ao certo quando dormi, acho que fui vencida pelo cansaço de noites sem dormir direito e daquele caos todo que estava na minha cabeça que não parava por nem um segundo desde a notícia. Passei a mão em meu corpo e percebi que estava coberta, diferente de quando subi para o quarto e só me joguei na cama depois do banho. O quarto estava bem escuro, o ar-condicionado ligado e o celular que eu nem sabia onde estava antes, agora estava do meu lado carregando.

Senti meu corpo pesado, não queria reagir, não queria levantar... Eu só queria acordar daquele pesadelo, mas eu estava com muita dor de cabeça por ter ido dormir chorando e por todas aquelas emoções, então com muito esforço me sentei e encostei na cabeceira da cama. Quando pensei em procurar algum remédio pra dor na minha gaveta encontrei em cima do móvel do lado um copo de água com uma cartela de comprimidos pra dor. Sorri involuntariamente e peguei a cartela que estava com um bilhete embaixo escrito:

"Imaginei que você acordaria com dores. Tome apenas um, daqui a pouco vou aí cuidar da minha metade!"

- Eu te amo tanto... - Sussurrei sentindo um nó se formar na garganta e em seguida enxugando uma lágrima que insistiu em descer. - Eu não queria me meter nessa situação, irmã! - disse para mim mesma enquanto colocava o bilhete no lugar e pegava o comprimido para tomar.

Resolvi me levantar e tomar um banho, eu não conseguiria dormir de novo sem medicação. Desliguei o ar-condicionado, me levantei devagar e caminhei até ao banheiro, mas assim que abri a porta dei de cara com o meu reflexo no espelho. Eu estava destruída, com olheiras, cabelos bagunçados, mas a única coisa que chamou a minha atenção foram os meus olhos... Não o fato de estarem inchados de choro, mas ao me encarar ali vi uma pessoa que eu não reconhecia mais, uma pessoa que não se orgulhava das próprias atitudes. Eu não podia lidar com isso, eu não podia cuidar de uma criança dessa forma, não podia colocá-la naquela situação... Eu não podia!

- Eu não posso fazer isso, envolvem tantas coisas! - disse em desespero. Naquele momento eu não tinha mais controle nenhum das minhas lágrimas e nem da minha respiração. - Meu deus, eu preciso acabar com isso!

Respirei fundo em uma tentativa falha de me acalmar e corri para pegar meu celular. Ao alcançá-lo rapidamente liguei pra Paulinha e pedi para que ela subisse, perguntei também se todos estavam acordados e ela negou com voz sonolenta, só então olhei a hora e percebi que acordei cedo demais. Esperei alguns minutos sentada na cama, o que fez minha dor de cabeça diminuir um pouco, e logo escutei batidas na porta.

- Entra! - Gritei. Já que Maraisa entrou aqui de madrugada então a porta deveria estar aberta.

- Irmã, o que foi? Cê tá bem? Tá sentindo alguma coisa? - Disse em um fôlego só se aproximando de mim. Respirei fundo e pedi pra que ela se sentasse ao meu lado.

- Irmã, eu estou bem, mas preciso que você faça um favor pra mim. - falei baixo evitando olhar em seus olhos. Eu não conseguiria!

- Claro, quer que eu faça o que? Posso ver is...

- Paulinha, só me escuta! - Disse rapidamente e ela assentiu ficando em silêncio. Olhei para a teto tentando fazer com que a lágrima não escorresse e continuei. - Eu preciso que você ache uma clínica confiável de aborto pra mim. - Ela arregalou os olhos e rapidamente se levantou.

- Cê tá louca, Maiara? É claro que eu não vou fazer isso! - Ela disse me encarando assustada. - Pensa no que as meninas te falaram ontem!

- Vou tomar um banho enquanto isso e depois partimos para a clínica que você achou. Farei isso hoje! - disse ignorando-a. Eu precisava ser forte.

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