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[ PORCHAY ]

Numa tarde qualquer de um dia de semana, um homem de vestes pretas e um cabelo quase na altura dos ombros, entrou por uma porta Veneza num singelo café literário.

Um sorriso preenche meu rosto ao notar que aquele era meu namorado.

Já havia se passado alguns dias desde que eu descobri toda a verdade sobre aquela pessoa, e sinceramente, não mudou muita coisa. Na realidade, apenas me fez ficar mais certo que eu escolhi bem quem amar.

Nesses dias que se passaram meu namorado vinha ao café como fazia já há quase cinco meses, mas algumas vezes ele vinha até aqui e sentava com meu cunhado, que agora eu vejo com clareza que é seu irmão, algumas vezes com P'Vegas e eles conversavam por horas a fio enquanto olhavam em minha direção. Quando o café fechava, nós ficávamos conversando do lado de fora do café por algum tempo até que desse a hora de me deitar.

Ainda sou só um adolescente que está no terceiro ano e eu só notei a diferença de idade entre nós quando ele mesmo me contou, eu fiquei surpreso ao descobrir que P'Kim tem 26 anos. Foi surpreendente ver que havia um abismo entre nós. Quase dez anos é muita coisa, mas agora que somos um casal eu vejo o quanto isso é avassalador.

Enquanto ele comanda uma hierarquia no submundo tailandês e tem suas próprias empresas legalizadas, eu ainda sou só um estudante do ensino médio com um sonho e um emprego no café do irmão.

Eu quero crescer mais rápido, sei que é um pensamento sem fundamentos já que meu namorado me ama por quem eu sou, mas eu quero mostrar a ele que eu também sou capaz de o fazer feliz em lhe dar algo em troca de tudo que ele está me proporcionando.

Mas devo deixar esses pensamentos de lado e me concentrar em passar de ano com louvor para entrar na faculdade de música que eu sempre sonhei.

Meus amigos me mandaram uma mensagem dizendo que viriam ao café hoje.

Tee e Nuear ainda não sabiam sobre P'Kim e por causa disso eu e Eric estávamos planejando contar o quanto antes.

Ou melhor dizendo, hoje.

Não era pra ser tão cedo, mas como Eric me deixou bem claro, assim como P'Kim disse, aquele homem está vindo atrás de nós e eu nem ao menos sei como reagir se algo acontecer conosco.

No dia seguinte a festa naquela casa, P'Macau decidiu iniciar um treinamento para que ele possa proteger P'Pete caso algo aconteça com P'Vegas.

P'Macau ainda vinha trabalhar, mas algumas vezes dava pra ver que ele não estava em suas melhores condições, quando eu perguntei a P'Pete sobre aquilo ele apenas me disse que se alguém quer proteger outra pessoa, ela tem que passar pelo inferno antes.

Acho que ele falou por experiência própria.

Apenas tentei me acostumar com aquilo, não está sendo fácil, mas enquanto Kris existir nesse mundo, sei que não poderei exigir menos que isso.

Sim, eu sei que esse homem vai morrer e estou aguardando por isso.

Eu não consigo me manter calmo estando no mesmo país que aquele homem. Eu não consigo me manter quieto ao pensar que ele está chegando perto de nós e nós perto dele. É um sentimento que abala meu coração mas que está me deixando mais forte.

O movimento no café hoje estava calmo, parecia que o destino estava conspirando a nosso favor, eu e Eric estávamos nos preparando mentalmente — e fisicamente — para contarmos aos meninos.

Eric os convenceu de vir num horário mais próximo de fechar. Então quando o céu estava escurecendo vejo os três entrarem.

Acontece que os clientes que ainda estavam no café não eram nem um pouco desconhecidos.

𝑰𝑵𝑭𝑬𝑹𝑵𝑶 | 𝑲𝑰𝑴𝑪𝑯𝑨𝒀 [𝑪𝑶𝑵𝑪𝑳𝑼𝑰𝑫𝑨] [ REVISANDO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora