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[ PORCHAY ]

Todos meus amigos foram embora depois de um tempo.

Meu coração se partiu ao ver que Nuear precisou sair se escorando em Tee, de longe dava pra ver, ele foi o mais afetado por tudo isso. Também, não era pra menos, sua mãe só tinha ele de filho e quase não haviam mais parentes para compor a família. Ele estava abalado com o pensamento que agora ele estava envolvido com algo tão grande assim...

Foi realmente duro ver aquilo, mas agora sua mãe estava sob proteção de P'Kim, assim como toda a família de Tee.

O café caiu em silêncio quando Eric e P'Big foram deixar os meninos em casa. Sinceramente falando, eu queria muito pedir a P'Kim para deixar os meninos em algum outro lugar, um lugar seguro. Mas sei que se eu fizesse isso, levantaria suspeitas em Kris e ele poderia se tornar um pouco menos previsível.

P'Macau não recebeu um colar como nós, ele não necessitava. Ele tinha o treinamento para acabar com alguém.

Quando todos foram embora, meu irmão ficou abalado com a situação, ele não falou comigo e apenas se trancou em seu quarto, meu cunhado lhe deu um pouco de espaço e ficou na sala comigo.

P'Kinn vez ou outra olhava para a escada e ficava suspirando.

Isso pode ser minha primeira vez me envolvendo nesse tipo de coisa, mas pra eles... Deve estar sendo difícil passar por isso novamente depois de tanto esforço para se livrar daquele lugar, daquela forma de vida.

- Quando Porsche estava servindo à nossa casa, eu ficava constantemente surpreso, cada dia era uma nova coisa que ele me mostrava, algumas reações, falas, e jeitos dele me deixavam atordoados. – Eu fui até a cozinha pegar um pouco de chá pro meu cunhado, quando me sentei ao seu lado, ele começou a falar de forma calma. Sua voz carregava uma nostalgia grande e seus olhos pareciam brilhar mesmo que estivessem cansados do dia longo que tivemos. – Eu já estava me apaixonando por ele quando tivemos nossa primeira vez, mas acho que foi por causa dessa paixão que nossa vida virou de cabeça pra baixo. Foi doloroso ver o quanto ele estava sofrendo em minhas mãos... Eu era o chefe e precisava colocá-lo nos trilhos, ele era bem teimoso e fazia o que queria. Mas ele escutava bem como um cachorrinho quando colocávamos você na conversa. Porchay, você pode não saber mas, por quase um ano, você foi a coleira do seu irmão.

- Está errado P'... Eu sempre fui. – Me encosto no sofá, a tristeza tomando conta de meus sentimentos. – Eu e P'Porsche só temos um ao outro nesse mundo, então é claro que seremos a coleira um do outro. Se fosse eu no lugar dele, seria a mesma coisa. P'Porsche lutou tanto pra não me arrastar pra esse mundo de P'Kim, no final não adiantou, eu mesmo me joguei lá dentro.

- Você se arrepende? – P'Kinn me pergunta, ele coloca a xícara de chá no centro de vidro, virando-se em minha direção.

- Não. – Respondo imediatamente. – Eu só não sei como explicar, se P'Kinn acredita em alguma força sobrenatural que faz com que o destino exista, então foi isso que aconteceu.

- Você acredita?

- Eu acredito no céu e no inferno, acredito que tudo que acontece, era pra acontecer. Então, sim. Eu acredito em destino. Não acho que tenha uma explicação maior ou melhor que isso... Nossas famílias em algum momento brincaram de desafiar o destino e agora nós estamos pagando essa dívida, estamos fadados a nos conhecer em algum momento, se não fosse naquele dia, eu e P'Kim teríamos nos conhecido em outro momento, mas ainda iríamos nos conhecer. – Suspiro. – Mas é exatamente como P'Khun nos disse; é uma avalanche que está caindo em nossas cabeças trazendo pessoas que amamos com ela. Por mais que eu ame P'Kim, em meu coração, eu não consigo perdoar o envolvimento de meus amigos nisso.

𝑰𝑵𝑭𝑬𝑹𝑵𝑶 | 𝑲𝑰𝑴𝑪𝑯𝑨𝒀 [𝑪𝑶𝑵𝑪𝑳𝑼𝑰𝑫𝑨] [ REVISANDO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora