𝑰𝑵𝑭𝑬𝑹𝑵𝑶 | 𝑲𝑰𝑴𝑪𝑯𝑨𝒀 [𝑪𝑶𝑵𝑪𝑳𝑼𝑰𝑫𝑨] [ REVISANDO ]

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[ PORCHAY ]

Pela primeira vez na minha vida, eu não precisei do meu irmão para acordar. A noite se passou tão rapidamente que eu até me questionei se havia dormido ou não.

A imagem daquele homem com rosto desfigurado e corpo machucado não saira da minha mente. Seus olhos retornando a desenhar em minha mente toda vez que eu fechava meus olhos. Eu não sei como explicar o que senti ao vê-lo, mas apenas sei dizer que foi tão intenso que me peguei perguntando-me muitas vezes se ele havia chegado bem em seu destino, se ele havia se tratado e afins.

Até porque, não é todo dia que eu encontro alguém quase morrendo num beco escuro.

Olhei para o relógio na cabeceira da cama, pra quem costuma acordar às sete, hoje eu acordei as cinco.

Me revirei na cama um pouco mais mesmo sabendo que não conseguiria voltar a dormir. Suspirei cansado, desistindo de um sono que não estava chegando e me levantei.

Andei até o banheiro, encarando minha imagem no espelho, o mesmo rosto de sempre estava refletindo, mas por motivos evidentes, estava cansado. Tomei um banho gelado para ver se afastava os pensamentos que insistiam em continuar na minha cabeça, acabou não sendo muito eficiente.

Me troquei e desci as escadas, ao chegar na sala consegui ouvir barulhos vindos da cozinha.

Ao chegar na porta, consegui ver meu irmão cozinhando o que parecia ser uma sopa, dava pra ver um pote com legumes e verduras picados ao lado do fogão, na mesa já havia pães na mesma cesta do dia anterior.

Ver meu irmão cozinhando sempre foi motivo de felicidade pra mim, já que ele quase nunca estava em casa minha alimentação não era a das melhores. Então sempre que ele vinha e cozinhava pra mim, eu sentia meus olhos se encherem de lágrimas. Mas hoje estava sendo diferente. Ele estava cozinhando sopa, a sopa que ele sempre fazia quando queria pedir desculpas.

Meus olhos se direcionaram para o chão, talvez eu tenha extrapolado ao ficar com raiva do meu irmão ontem, quando na realidade o idiota da situação foi eu. Se eu não tivesse sido irracional ao me aproximar daquele homem, nós não teríamos tido aquela discussão.

Suspirei, o barulho foi um pouco alto e isso faz P'Porsche se assustar e se virar pra mim.

- Chay... Você levantou cedo hoje. – Dava pra ver que seus olhos estavam com um pouco de olheiras, o que me fez me sentir mal. – Eu estou fazendo sopa de legumes pro café da manhã. Espere apenas um pouco, já já fica pronta. – Ele se vira para o fogão novamente.

Ainda era cinco da manhã e ele já estava de pé fazendo aquilo, droga! Que péssimo irmão mais novo eu sou.

Ando até ele, chegando ao seu lado.

- P' você está com raiva de mim? – Ele se mantém calado. – Eu só... Chay só queria ajudar aquele moço. Chay se lembrou dos ensinamentos de P' e agiu sem pensar nas consequências ou nos motivos que o levaram a ser espancado. Sinto muito P'Porsche, eu não irei agir assim novamente. Chay sente muito. – Termino de falar segurando a bainha de sua camisa.

Quando ele se vira pra mim, me surpreendo ao ver seu olhar calmo, mas com leves lágrimas se formando.

- Venha, Chay, sente-se e converse com P'. – Ele me puxa e me senta numa das cadeiras da mesa, logo em seguida se sentando do meu lado. – Não se desculpe. Eu pensei muito sobre o que aconteceu ontem e eu que sou o errado, agir daquela maneira foi complemente irracional. Eu tenho estado tão paranóico desde que voltei da ilha que simplesmente deixei isso me afetar em relação a você. – Ele pega minha mão a segurando em cima da mesa. – Eu nunca te falei sobre o que houve naquele lugar justamente porque eu quero te proteger. O meu amigo me envolveu com pessoas ruins, e mesmo que eu tenha vindo tão longe, eles ainda podem vir atrás de mim, eu lhe contei uma vez Chay, se você se envolver com pessoas do mundo sombrio, não importa o quanto você queira sair, você não vai conseguir. Por isso sou assim. P' só quer te proteger, porque você é a pessoa mais importante na minha vida... Eu não sei se conseguiria... Não, eu sei que não conseguiria viver sem você. – Seu aperto em minha mão ficou mais forte. – Perdoe P' por agir dessa forma, eu prometo que vou tentar não agir mais desse jeito, tá bom?