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[ PORCHAY ]

Eu vejo aquele homem se virar e andar até uma mesa que havia acabado de ser desocupada, ela ficava mesmo na linha de visão do balcão, em um canto da sala perto de uma prateleira de livros.

Mesmo quando ele se sentou, eu continuei o encarando, seus olhos pareciam me avaliar de um jeito diferente. Eu não sei explicar, era a primeira vez que via aquele tipo de olhar julgador.

Ele continua com um leve sorriso no rosto, tão simplório e avassalador.

Eu não sabia há quantos segundos estava ali parado, mas tomei um susto quando P'Arm bateu a bandeja no balcão.

- Porchay? – Ele chama meu nome. Eu me viro num pulo.

- Sim, P'? – Eu o encaro sorrindo envergonhado. Ele hesita antes de voltar a falar.

- Está tudo bem? Você está um pouco vermelho... Quer fazer uma pausa? – Ele da uma volta no balcão, chegando perto de mim.

- O que? Não. – Parece que um tapa de realidade foi dado em minha face, me fazendo voltar ao normal. – P'Arm se importa se eu atender aquela mesa? Aquele moço pediu umas recomendações. – Aponto para o senhor Kim que ainda estava olhando em minha direção, mas desta vez, o sorriso havia deixado seus lábios.

P'Arm olha na direção do homem, ele assume uma postura que eu nunca vi ele fazendo. Algo como uma submissão genuína. Só sei que quando P'Arm se virou pra mim, ele sorriu e afagou meus cabelos.

- Claro, vá atendê-lo, eu fico no balcão. Mas não demore muito, ainda está movimentado. – Ele termina e eu vou até a máquina de café para fazer o expresso duplo com canela para o senhor Kim, coloco um guardanapo bem posto perto da xícara e coloco-os na bandeja. Pego-a e me viro andando até a mesa daquele homem.

- Senhor Kim, aqui está seu pedido... Tem certeza que quer que eu escolha um livro? – Pergunto educadamente com um pouco de dúvida na fala.

- Sim, pode escolher o que quiser, não planejo ir embora cedo hoje. Quero aproveitar esse lugar.

Eu coloco seu café sobre a mesa me curvando um pouco pra ele.

- Seu avental é muito bonito. – Eu sorri ouvindo ele falar.

- Meu irmão é o dono daqui, ele quem fez o design. – Acabo não percebendo o quão feliz minha voz sai. – Ah, peço perdão, eu me exaltei. É só que ninguém havia comentado sobre os aventais antes... O senhor é muito observador.

- Você me deixa sem graça me chamado assim, eu preferiria que me chamasse de P'Kim, ou só de Kim, eu não me importo. – Arregalo os olhos, negando rapidamente.

- E-eu não poderia, estaria sendo mal educado falando dessa forma.

- Não acha que está sendo mal educado negando assim meu pedido? – Ele coloca os cotovelos na mesa, apoiando a cabeça em suas mãos. Touché! Ele tinha razão. Negar um pedido assim é mais mal educado do que chamá-lo pelo que ele pediu.

- Então o chamarei de P'Kim. – Abaixo minha cabeça, meu rosto esquentando novamente. – S-se me der licença, irei procurar seu livro... – Sem esperar sua resposta, eu me curvo e vou embora.

No andar de cima do prédio, tinha uma coleção maior de novelas românticas, livros de poesias, autobiografias e afins.

Há uma sessão para adultos, mas eu não posso entrar lá, ainda sou menor de idade e não quero dar um livro desses para um homem daqueles, simplesmente não parece combinar.

Eu pensei em levar para ele um livro de dark romance, já que tinham alguns livros assim sem que envolvessem coisas adultas.

Busquei um por um, até chegar em um que chamou minha atenção.

𝑰𝑵𝑭𝑬𝑹𝑵𝑶 | 𝑲𝑰𝑴𝑪𝑯𝑨𝒀 [𝑪𝑶𝑵𝑪𝑳𝑼𝑰𝑫𝑨] [ REVISANDO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora