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[ PORCHAY ]

- O trânsito estava horrível hoje.

Eu nem precisei me virar para saber quem era. Aquela voz serena, calma, gélida e ainda assim profunda só pertencia a uma pessoa.

Me viro em um leve susto ao ouvir sua voz tão perto do meu ouvido.

Ele estava do mesmo jeito de sempre, aquelas vestes pretas e acessórios perfeitamente colocados. Ele estava com um sobretudo preto, com uma camisa de gola alta da mesma cor, a calça social e seus sapatos sociais estavam lhe dando um ar de homem obsceno, contudo, elegante. Ele tinha um colar com um pingente de clipe de papel, achei interessante... Em suas orelhas, haviam diversos tipos diferentes de piercings, e quando baixei meu olhar até suas mãos, seus dedos também estavam adornados com aqueles anéis de prata magníficos, eu percebi que havia um anel em especial que nunca saiu do dedo dele desde que ele veio aqui pela primeira vez.

Deve ser muito especial.

- P'Kim... Você veio. – Um sussurro sai de meus lábios, mas eu sei que ele ouviu.

- Claro que sim, por que eu não viria?

- Bem, eu saí correndo ontem... Pensei que tivesse ficado com raiva de mim. – Desta vez meu olhar fitou o chão, seus sapatos realmente eram muito bonitos. Porém, eu sinto sua mão em meu queixo, me obrigando a olhá-lo. – P'Kim...

- Fui eu quem passei dos limites, sinto muito por ter te "bulinado" daquela forma. – Seu breve pedido de desculpa reverberou por meus ouvidos e deu voltas em minha mente. – Mas, foi minha intenção.

- O que? – Digo ficando confuso. – P'Kim, não é nessas horas que se diz "Não foi minha intenção"?

- Eu diria isso, mas eu quis fazer exatamente o que fiz, e sua reação, apesar de meio exagerada, foi o que eu esperava. – Novamente aquele sorriso diabolicamente lindo estava em seus lábios. – Você ficou muito fofo corando e correndo ontem.

- P' está sendo muito direto... – Eu afasto sua mão de meu queixo e novamente corro dele, mas desta vez, vou para o balcão, ele me segue e fica de frente pra mim. – P' não deveria brincar assim... Eu sei que você sabe que eu fico tímido. Por que faz isso comigo? – Lhe olho suplicando por uma explicação explícita. Mas algo dentro de mim diz que ele vai me enganar.

- Eu já disse que você é especial. Eu venho aqui por você. – Ele se encosta no balcão, se aproximando mais de mim. – Quer mais diretamente? Não quero você fugindo hoje, Porchay.

- D-do que está falando? Não brinque comigo! – Meu rosto está fervendo, parece que passei horas no sol sem um protetor solar.

- Eu pareço um homem de brincadeiras? – Seus olhos finos carregavam um brilho tão vibrante que estava me deixando confuso.

O que esse homem quer?

Eu já senti tantas coisas que estou começando a duvidar do que estou sentindo.

P'Porsche estava certo?

O que eu sinto por esse homem é atração romântica?

Uma coisa é certa, romântica ou não, eu estou completamente preso nele. Naqueles olhos, naquelas vestes, naquele sorriso.

- Como posso ser especial para P'Kim? Você mal me conhece.

- Pessoas podem ser especiais para outras sem nem mesmo saber de suas existências. – Eu fico paralisado ao ouvir isso, mas ele não para de falar. – Porchay acha estranho eu apreciá-lo? Você me tratou bem desde o início, então quero retribuir... Mas minha retribuição vai muito além do que você pode imaginar. Você é especial pra mim, mas você não precisa saber o real porquê disso.

𝑰𝑵𝑭𝑬𝑹𝑵𝑶 | 𝑲𝑰𝑴𝑪𝑯𝑨𝒀 [𝑪𝑶𝑵𝑪𝑳𝑼𝑰𝑫𝑨] [ REVISANDO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora