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KURT REED

Começamos a morrer no dia que nascemos, nosso cérebro nos convence que a cada dia temos que lutar para não apenas cairmos em uma ilusão de que a vida é apenas uma e que no final nada disso importará, então não importa se você vai morrer ou viver porque dará no mesmo. Apesar de eu saber disso, eu criei um monstro que não aceitaria minha morte até eu matar o homem à minha frente.

Dizem que a primeira pessoa a quebrar seu coração seria uma mulher, um romance sem fim em que não daria certo. No meu caso, não foi. Pode parecer clichê, mas a primeira pessoa que me fez perceber que a minha vida estava sob meu controle e que tudo era ilusão foi meu pai. Levi Reed é um homem poderoso, arrogante, inteligente, mas sem respeito algum para quem é inferior a ele e acha que o mundo gira ao seu redor. E quando ele não faz, meu pai acha uma maneira de ele girar. Não importará se isso custará uma vida inocente. Ele vai fazer de tudo e machucar todos para achar um meio ao seu fim.

A fruta não caiu longe da árvore, a diferença é que eu sabia e entendia que minhas ações tinham consequências e que às vezes eu não poderia me livrar delas.

Meu pai tem cinquenta e cinco anos, seus cabelos são castanhos escuros, não pretos como os meus — eu peguei isso da genética da minha mãe – seus olhos são pretos profundos e maquiavélicos como se tivesse esse desejo de machucar qualquer um. Alguns fios brancos estão espalhados por sua cabeça, seu rosto igual ao meu, marcada com traços finos que estão levemente enrugados em alguns cantos. O terno cinza chumbo que usa está perfeitamente passada em seu corpo alto e magro musculoso.

Eu sou mais alto, mas lembro-me de ter medo dele quando criança que cheguei até me mijar nas calças algumas vezes. Lembro-me das surras por conta do meu toc e muitas outras coisas.

Certas pessoas não deveriam procriar, meu pai está incluso nesta cláusula. Ele acha que mulher é só para sexo e descontar sua raiva, filhos são para demonstrar poder, seus amigos são seus inimigos e seus inimigos são seus amigos.  Ele tem muito dinheiro, mas não tem amigos, família e nem amor. Eis outra diferença. Às vezes me pergunto se eu sou digno da minha família devido as coisas que eu já fiz. 

Girando seu copo de whisky puro com os olhos grudados em mim eu encaro de volta, sem desviar e com as feições neutras.

— O carregamento chegou apesar do importuno — murmurou tomando um gole da bebida. — Acho que ameaçar você sempre dá certo — um sorriso esperto cruzou seu rosto, eu flexiono minha mandíbula com a vontade imensa de quebrar seu pescoço. — Você vai na festa de sábado, pois eu não poderei. Eu quero que os sócios coloquem mais dinheiro em nossos investimentos.

— Considere feito — digo, estalando os nós dos meus dedos. Eu iria, mas também faria com que minha bela assassina acabasse com três dos seus investidores. Percebendo que não tem mais nada a ser dito, eu me levanto, apenas para a porta se abrir e a mãe de Andrew, Marcela, entrar.

Minha fodida história:

Meu pai mandou matar sua esposa Lídia Reed, minha mãe, enquanto ela estava com Andrew no carro, onde dois motoqueiros atacaram o lugar e fizeram o carro capotar. Andrew sobreviveu, mas minha mãe não. Meu pai acabou com minha vida e todos os meus sonhos naquele dia, fez com que Andrew virasse um alcoólatra aos quinze anos por sentir culpa. Até o dia que eu descobri que o acidente não foi um "acidente". Andrew mesmo assim não parava de beber por causa do vício e da saudade.

Meu pai poderia não ter dado tempo para minha mãe e ter destruído sua vida, mas eu não deixaria que isso acontecesse com meu irmão. Eu estava com ele no controle até que Levi colocou Marcela para dentro de casa, mãe biológica de Andrew que abusava dele de todas as maneiras possíveis. Andrew voltou para o poço novamente, e meu pai trouxe uma ex prostituta e viciada para dentro de casa e transformou ela em seu brinquedo, isso anos atrás. Afinal, um homem rico e poderoso não poderia ser visto sem uma boa esposa ao seu lado.

DARK ANGEL (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora