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CHASINA CIRCE

Foram doze anos ao total, doze anos de dúvidas, dor, raiva e tristeza. A vida me moldou do jeito que achou que deveria e é claro que eu não posso mudar o passado, mas o presente e o futuro? Com toda maldita certeza. Foi por isso que trabalhei por todos esses anos, não por conta de dinheiro ou reputação, mas sim pela paz.

Era isso. Às vezes eu me questionava se a vida não foi dura demais comigo quando jovem, mas eu não seria quem eu sou hoje se não fosse pelo que aconteceu. Talvez as pessoas estejam certas e eu realmente sou um monstro, mas quem liga quando Levi Reed está a minha frente me encarando com tanto ódio que tudo o que consigo fazer é sorrir. Talvez eu seja um monstro, mas não igual a ele.

Kurt e Andrew estão apenas em silêncio enquanto observam o pai sendo espancado pelos próprios homens, achei que veria um lampejo de dúvida nos olhos deles, mas tudo o que vi ali foi pura satisfação. Se eu estava gostando disso, os irmãos Reed estavam amando.

— Devo dizer que nunca pensei que veria ele assim — murmurou Andrew vendo o pai cuspindo sangue no chão enquanto lamuriou de dor.

— Eu sim — retrucou Kurt. — Sonhei com esse dia por várias noites desde criança — um sorriso cruel cresceu em seus lábios. Não pude conter a pontada em meu coração. — Chega — seus homens soltam Levi imediatamente com seu comando. — Parece que nossos papéis se inverteram, pai.

— Não fique tão orgulhoso, Kurt — disse o homem sorrindo com a boca cheia de sangue. — Você é quem é porque eu te tornei assim.

— E veja onde isso foi parar — ironizou Kurt. — O quê? Esperava um pouco de misericórdia de mim?

— Não. — Levi soltou uma risada. — Sendo meu filho? Não esperava nada como misericórdia, somos iguais, Kurt. — Ele parecia ignorar totalmente Andrew, mas o loiro não parecia se importar nenhum pouco com isso.

— Eu nunca serei como você — rosnou Kurt na cara do seu pai com um olhar que se fosse dirigido para mim, eu me encolheria. — Nunca faria o que fez por ganância e nunca vou estar na mesma posição que você está — sua adaga encontrou um lugar nas costelas de Levi. — Eu não choro por um mísero corte, pai. Você morrerá gritando e eu nunca vou lhe dar o mesmo prazer — eu conseguia ouvir a faca cortando a pele e o sangue escorrendo.

Ping. Ping. Ping.

— Filho da puta...

— Saiba que esses dias de tortura foi por tudo o que você fez contra minha família — Andrew saiu da sala quando o estômago de Levi começou a se esparramar do chão. — E se um dia eu o encontrar novamente no inferno, pai, farei você sofrer de novo.

— Filho...

— Peça desculpas e eu penso em não te matar — sussurrou Kurt. Levi parecia querer cortar a própria língua ao invés de falar. — Peça desculpas, pai. E eu deixo você viver, sou melhor que isso, sou melhor que você.

— Eu... — Levi suspirou. — Desculpe-me...

Crack. Kurt separa a cabeça do seu pai do seu corpo, o sangue escorrendo sem parar por todo o local, o carmesim encharca sua blusa preta e suas mãos, fazendo com que suas tatuagens fiquem coloridas. Ele olha para a cabeça do seu pai e depois a joga no chão como se fosse lixo, um sorriso pequeno corta meus lábios. Um dos guardas sai do seu posto e vai para fora e eu juro que consigo ouvir o barulho dele vomitando. Os outros guardas ficam na mesma posição, mas seus rostos pálidos e os olhos arregalados.

— Bem, isso foi interessante — digo inclinando minha cabeça. Kurt apenas me encara com malícia. – Te vejo mais tarde, marido.

Me levando dando um beijo rápido em seus lábios e saio do quarto, passo por Andrew que encara a parede com feições confusas, eu dou um tapinha em seu ombro. Não é novidade que Mallory e Andrew são um casal muito mais moralmente corretos do que eu e Kurt, mas era isso que era divertido em nosso relacionamento.

DARK ANGEL (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora