KURT REEDPerder a cabeça é algo que eu não costumo ter, na verdade eu nunca tive isso em minha vida. Sempre lidei com as coisas com puro calculismo e seriedade, nunca gritei ou quebrei as coisas porque estava bravo. Ou perdendo a cabeça.
Mas, hoje, parece que isso me ocorreu. Ver uma faca cravada em sua lombar, ver o sangue se misturar com a cor do seu vestido e eu não consigo distinguir o tanto de sangue que ela perdeu, ver seus olhos se fecharem, fez com que eu ficasse completamente louco. Lati ordens para as pessoas, empurrei qualquer um que estivesse em meu caminho enquanto segurava o local de sangramento e com a outra mão eu dirigia igual um louco para minha casa já esperando o médico.
Eu não pensei quando coloquei ela na ala médica da casa, não pensei quando ameacei o doutor dizendo que se ela não voltasse a abrir os olhos, ele também não iria abrir nunca mais. Não pensei quando dei um passo para trás e fiquei parado igual uma estátua enquanto o doutor e as enfermeiras tiravam suas roupas e começavam a limpar ela e costurar.
Acho que apenas voltei a ficar minimamente lúcido quando o doutor disse que foi por pouco, não pegou nenhum órgão, que o sangramento parou e que em algumas horas ela voltaria a abrir os olhos. Uma respiração profunda saiu de mim e eu apenas olhei para o seu corpo desacordado, deixei com que minha imaginação vagasse em todas as maneiras que eu iria matar aqueles que sobreviveram. Em como eu iria torturar a porra do Conrad por ousar tocar na minha mulher, porra.
Depois de um conflito comigo mesmo, finalmente saio do seu lado para tomar um banho e trocar de roupas. Por mais que eu saiba que ela não se importaria em me ver banhado de sangue, vou mesmo assim para o banheiro me lavar. A água escorre pelo meu corpo e meu peito se contraiu ao ver suas coisas ali. Eu iria matar eles, todos eles.
Desço as escadas depois de colocar uma roupa, eu sei que os outros estão aqui, mas eu não estava dando a mínima importância para isso no momento. Sabia que Hayden tinha levado os capangas que sobreviveram para o meu porão e, no momento, eu queria saber onde Ester tinha levado Conrad.
Na soleira da porta da sala de jogos, eu paro ao ouvir o nome de Chasina dos lábios de Mallory.
— O importante é que você está bem, princesa — diz meu irmão. Me encosto na parede e cruzo os braços.
— Eu sei, estou contente que todos estejam bem, Andrew. Mas eu não posso viver mais assim, precisamos colocar um basta nisso.
— O que você quer dizer com isso? Se sua irmã e Kurt não conseguiram encontrar a localização exata de Mich, não será nós que conseguiremos.
— Você ouviu o que eles disseram? Atacaram nós por conta da Chasina, porque ela está matando pessoas, Andrew. E se Cole tivesse lá? — sua voz fica chorosa. — Morgan estava certa...
— Não diga o que você está pensando, Lily. Você vai se arrepender, você está com medo e estressada, amor.
— Mas é verdade, Andrew! Sempre que ela volta tem caos e mortes. Não podemos nos colocar em risco, amor. Temos um filho, pelo amor de Deus!
— Lily...
Eu entro na sala com as mãos enfiadas no bolso, não sabia o que eu poderia fazer com elas. Encaro Andrew segurando os ombros de Mallory enquanto lágrimas escorrem por seu rosto, ela trocou de roupa, não está mais com o vestido ensanguentado e os cabelos bagunçados. Assim que Andrew me percebe suas feições ficam frias e seus lábios estreitos. Mallory me lança um olhar rápido antes de se virar para o marido.
— Não é o momento, Kurt — resmunga meu irmão. Eu inclino a cabeça para ele, meus olhos totalmente focados em Mallory enquanto suas palavras repassam por minha cabeça várias e várias vezes. Eu paro em frente à janela olhando para a lua cheia.

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DARK ANGEL (FINALIZADO)
RomanceCinco anos atrás Chasina Circe cometeu um erro terrível. Por sua culpa e por seu descuido uma pessoa que ela tanto amava morreu. Corroída pela culpa, a menina dos olhos cinzentos fugiu de Wilmington e desde então ninguém mais ouviu ou viu ela. Burbu...