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CHASINA CIRCE,

PASSADO 16 ANOS

Minha cabeça estava doendo assim como a lateral do meu corpo, mas eu me levantei. Mallory me encarava como se não quisesse continuar, o lábio escorrendo de sangue como o meu.

— Termine — ordenou Michael.

Ela atacou, eu desviei do seu golpe, mas não fui rápida o bastante para que não sofresse nenhum dano. Minha cabeça virou para o lado de maneira bruta, Mallory grunhiu se era dor ou dó eu não sabia, mas eu me levantei. E assim foi. A cada soco, a cada golpe, ela e eu nos levantávamos. Já no fim, apenas a lua iluminava nós dois e Mich. Eu caí contra a grama esgotada, machucada e triste. Sempre triste, não é?

— Sina... — minha irmã choramingou. Ela estava tão machucada quanto eu, mas ela não parou de lutar. Na verdade, ela nunca tinha parado, e era essa nossa diferença.

— Agora não, Lily — sussurrei cuspindo sangue. — Vá para dentro e cuide dos machucados, ok?

Ela me olhou como se não quisesse me deixar, mas se virou e foi para dentro. Eu olhei para cima apenas para me deparar com os olhos escuros de Mich. Ele não tinha benevolência ao nos ensinar, ou era tudo, ou nada. Um braço quebrado? Um nariz? Cicatrizes? Ele não ligava, apenas queria ter certeza que nós aprendêssemos a nos defender. Meu pai pediu para ele antes de morrer para nos ensinar, eu tinha acabado de começar meu treinamento quando eles morreram... Mich se agachou a minha frente e peguei meu queixo entre seus dedos, ele olhou para os meus olhos e depois para a cicatriz.

— Você por acaso é covarde, Chasina? — questionou inclinando a cabeça. — Eu te ensinei a fugir de uma luta?

Lágrimas vieram à tona e eu quis, por um momento, chorar. Mas eu me levantei, ergui os punhos para Mich, e disse:

— Eu não fujo de nada — ele sorriu sombriamente. Mich sempre pegava mais pesado comigo do que com Mallory, parecia que ele descontava toda a sua raiva ou o quer que fosse em mim. Ele sempre dizia que eu me lembrava muito da minha mãe, mas eu não ligava. Minha mãe era uma mulher honrada, bonita e educada, não me entristecia me comparar a ela.

— Vamos ver disso então — ele ergueu os punhos.

Então, lutamos.

PRESENTE

Eu gostava de provocar o caos, às vezes, eu queria descontar a minha raiva nos outros e por isso eu criava brigas ou jogava a isca para que ela se desenrolasse. May sempre disse que eu era perigosa por isso e que um dia eu iria me arrepender de tais escolhas imprudentes, mas eu não via o porque não era justa incitar uma briga apenas para me divertir. Como agora.

Denner está no ouvido de Kurt parecendo completamente abalado e triste, Hayden não parecia diferente, Cathy apenas deu de ombros e sorriu. Morgan? Ah, Morgan me encarava com puro ódio e eu apenas conseguia sorrir para ela. De todos, Morgan foi a primeira a saber do meu... relacionamento com Kurt, eu fiquei um pouco surpresa que ela segurou isso por tanto tempo.

— Não deixa de ser uma vadia para mim de qualquer maneira — sussurrou ao passar por mim e ir direto para a porta. Continuei a olhar para ela, mas agora, sem um sorriso no rosto.

— Com você sempre irei ser uma vadia — murmurei.

— Que vença a melhor então — oh, ela não deveria ter dito isso. Rosalyn Morgan não sabe o quão competitiva eu sou, e eu faria de tudo, para provar que ela estava errada.

No balcão, eu me virei para Kurt que tentava falar com Denner que apenas balançou a cabeça e saiu pela porta logo depois. Cathy e Hayden saíram logo depois, menos abalados, mas com certeza chateados, Kurt foi atrás deles. Meus olhos deslizaram para Alex que estava com os braços cruzados e me encarava abertamente dessa vez. Eu inclinei minha cabeça para ele incitando-o a dizer qualquer coisa que ele esteja pensando. Alex circundou a bancada e parou perto de mim, com os braços ainda cruzados, mas com os olhos frios e impassíveis sua voz suave disse:

DARK ANGEL (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora