CHASINA CIRCE,
PASSADO, 22 ANOS
Não era de se esperar que eu não agradasse muitas pessoas aqui no Complexo, minha personalidade não é lá daquelas mais doces. Mas sabe uma diferença do Complexo para o mundo real? As pessoas não ligavam quem você era, o que você fez, e o porquê de estar aqui. As pessoas daqui querem fugir do mundo em que viviam, e estão mergulhadas em seus próprios objetivos e nas suas dores para ligar para você. Mas sempre tem uma pessoa à parte, Cindy é claro.
Eu estava com Lin no gramado, agora ele estava com 12 anos e se tornando uma pessoa incrível. Seus cabelos pretos caem em seus olhos suaves de um castanho bem claro, sua pele reluz contra o sol da tarde e ele lê seu livro com grande entusiasmo enquanto eu fico apenas ao seu lado deitada na grama. Hoje foi um dia bonito, faz dois anos que Lin está comigo, e eu nunca me arrependi de ter escolhido ele. Essa criança... que futuro brilhante terá pela frente.
Uma sombra paira sobre meu rosto e Lin faz uma careta por conta dela estar bloqueando o sol, e eu olho para cima com um olhar mortal.
— Você vai ficar o dia todo deitada? — Cindy perguntou com certo deboche.
— Se eu quiser — respondi tranquilamente.
— Chasina, Chasina — ela olha para Lin que no momento trocou de local e está com a cabeça deitada em minha coxa para pegar o sol melhor enquanto lê. – É caridoso da sua parte, você sabe, adotar uma criança quando você mesma não tem uma família — minhas narinas se dilatam de raiva.
Desde o primeiro dia que cheguei aqui, Cindy nunca gostou de mim. Ela invadiu o escritório de May e encontrou meu arquivo pessoal, e desde então não parou de ficar no meu pé. Eu nunca retruquei suas respostas idiotas pra caralho, nunca baixei meu nível ao dela. Eu sabia que Cindy nunca entenderia minha dor, assim como eu não entenderia a dela. Cada um tem a sua, mas tem alguns que escolhem ser babacas como ela.
— Sim, muito caridoso — eu digo olhando para os seus olhos.
— Ele não vai ser nada, você sabe — o aperto de Lin no livro aumenta e eu cerro minha mandíbula com tanta força que meus molares rangem. — Se o pequeno garoto seguir como você, coitado, era melhor ter ficado na...
Slap.
Seu rosto se torce para o lado com um vergão vermelho em sua bochecha, as pessoas ao redor de repente param de falar e se viram para nós. May do outro lado do jardim que estava ajoelhada ao lado de uma menininha loira, me encara com frieza.
Um fio de sangue escorre da boca de Cindy e eu nem percebi a velocidade que me levantei, porque Lin jogou o livro de lado e está me olhando preocupado. Respiro. Inspiro.
Cindy olha para May e cerra os punhos, eu chego perto do ouvido dela e sussurro:
— Se um dia, não importa se vai ser daqui uma semana, um mês ou daqui anos você falar das minhas pupilas dessa maneira eu te mato — eu olho em seus olhos. — Eu te mato, Cindy. E pode apostar, vadia, que vai ser doloroso pra caralho.
— Você é uma aberração.
— Eu sou — sorrio pegando o seu queixo. — Fale dele novamente — sussurro. — Eu te desafio — ela sai do meu aperto.
— A única vez que eu aceitaria seu desafio seria na iniciação — ela cospe.
— Vai se foder — lato, e ela sai de perto.
As pessoas voltam a conversar novamente, e eu me sento novamente no chão e Lin se acolhe em meus braços descansando a cabeça em meu peito. Eu passo a mão por seus cachos e olho para onde ele está com os olhos fixos. Em May conversando com uma menininha loira com mechas coloridas, seus olhos arregalados, e Deus, tão tristes.
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DARK ANGEL (FINALIZADO)
RomanceCinco anos atrás Chasina Circe cometeu um erro terrível. Por sua culpa e por seu descuido uma pessoa que ela tanto amava morreu. Corroída pela culpa, a menina dos olhos cinzentos fugiu de Wilmington e desde então ninguém mais ouviu ou viu ela. Burbu...