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CHASINA CIRCE,

PASSADO 22 ANOS

Já fazia algum tempo que eu estava me enrolando na espiral dos meus sentimentos novamente, começou quando Mallory voltou para a nossa cidade natal. É claro que eu fui contra a ideia dela fazer sua faculdade lá, primeiramente porque ela não estaria segura e segundamente, meu medo é que seu caminho cruzasse com certas pessoas que ela não faz a mínima ideia, mas eles estão em nossa história há muito tempo.

Passado, presente e futuro estão entrelaçados de todas as maneiras e por mais que eu tente ignorar, chegaria a hora. Chegaria a hora em que minha irmã iria encontrar os vilões da história e iria ver que o mundo não é como ela imagina, o mundo que eu criei para ela, não é seguro de todos os males.

Eu precisava deixar minha irmã abrir suas asas, eu sabia disso, apenas não estava preparada e por isso foquei no Complexo.

May tinha me passado algumas responsabilidades, Lin estava mais velho assim como Daisy, Knox e Liz estavam comigo há um tempo já. Ao longo dos anos eu foquei atentamente neles, no que pude fazer para melhorar suas vidas e como fazê-los felizes. Estava saindo em uma missão novamente, dessa vez nas ruas e sozinha. Eu fazia as rondas algumas vezes nas ruas de Veneza apesar disso estar abaixo da minha posição, mas May reclamou que elas estavam turbulentas e que era para eu "arrumar". Então eu fiz o que me foi pedido.

Acendi um cigarro observando um bar pegar fog. O dono estava desviando o dinheiro que emprestamos para ele. Então eu estava lhe dando um aviso. Uma lata de lixo caiu no beco e eu me aproximei para ver o que era quando um menino, de repente, não mais que quatorze anos saiu de lá cambaleando.

Seus cabelos castanhos estavam oleosos, uma bolsa arroxeada embaixo de seus olhos, as roupas esfarrapadas e a pele quase translúcida. Magro, muito magro, porém terrivelmente belo. Lindo.

Ele me encarou com nada menos que frieza e disse:

— Você colocou fogo onde eu costumo dormir — ele não parecia abalado, mas sim incomodado com o fato. Sua testa está suada apesar do inverno da Itália e quando eu olho para os seus braços eu vejo os roxos e as marcas de agulha. — E me drogar — diz, dando uma risada.

Eu jogo o cigarro no chão e me agacho na sua frente pegando seu queixo entre meus dedos, ele tenta se afastar, mas o puxo para perto.

— Qual é o seu nome, bambino? — as bolotas pretas me encaram com certa fascinação.

— Rhy — diz, simplesmente colocando sua mão sobre a minha. — Você me toca.

— Por que eu não te tocaria?

— Porque eu sou sujo — sussurra olhando para o seu corpo. — Porque eu fui muito usado. Eles nunca tocam aqueles que já foram muito usados — acaricio sua bochecha.

— Você não é sujo. Nem usado — sussurro uma parte de mim totalmente devastada com sua fala. — Vamos — eu ergo a minha mão para ele que relutantemente pega e olha para a tatuagem de borboleta azul em meu pulso.

— Eu gosto. Posso ter uma? — eu olho para o seu braço magro.

— O que você acha de um dragão? — digo me levantando.

— Demais! — ele sorri e de repente outro barulho me chama atenção. Um pequeno cachorro sai correndo do beco parando ao lado dele. — Uh! Ele não me deixa. Já falei para ele ir embora, mas ele não me deixa. — Eu olho para o cachorro pequeno que está latindo para mim.

DARK ANGEL (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora