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 KURT REED

Às vezes eu esquecia o quão bonita Chasina é.

Meus olhos não desviaram dela nem por um segundo desde que saímos daquele banheiro. "Você está certo, Sr. Reed, tudo o que eu tinha para dizer eu disse" meus ombros ficam rígidos ao lembrar de sua fala. Já se passaram quase três semanas sem Chasina ao meu lado, sem ela na minha cama, na cozinha comigo, na academia, no sofá... eu nunca fui uma pessoa sentimental, por isso achei que por um momento eu estava perdendo a cabeça.

Não conseguia parar de pensar nela, não conseguia parar de pensar que tudo estava errado porque ela não estava ao meu lado. A primeira coisa que eu via não eram os seus olhos quando eu acordava e nem quando eu dormia. Totalmente errado, porra. Então em minha cabeça fazia sentido que quando eu a visse, essa obsessão iria parar. Não parou.

Seu cheiro doce e refrescante ainda está em mim, toda vez que nossos olhares se encontram tenho vontade de ir até ela e beijá-la. O encontro com Gaia foi acidental, eu não iria me meter porque sei que ela não gosta e sei muito bem que Sina sabe se defender, mas quando eu ouvi as palavras de sua tia não pude me conter. Tão linda com o vestido que eu lhe dei, feroz com a tatuagem refeita, elegante com os saltos e penteado.

Meu coração pesa e eu me forço a parar de pensar nisso. Estou conversando com um conhecido da faculdade quando vejo meu pai cortar caminho em minha direção a mãe de Andrew não veio com ele, pelo menos teve essa decência. Meu pai simplesmente se enfia na minha frente e arruma as mangas do paletó.

Eu me pareço com ele e não há dúvidas de quando estiver na casa dos cinquenta anos estarei como ele, o que só de me pensar me dá nojo. Com os cabelos com mechas grisalhas, alto e forte, meu pai parecia não ter mais do que quarenta e poucos. Ele sempre teve muito cuidado com sua estética, quando menino o via acordar cedo para malhar, comer coisas verdes. Ele não me deixava comer fast food, não me deixava dormir até tarde aos finais de semana, sempre muito rigoroso com minha rotina, com minha aparência, com o que eu comia...

Isso seria normal até certo ponto, pais podem ser rigorosos. O que não é normal é tirar o cinto e bater com a fivela toda vez que eu desobedecia suas regras, não é normal dá um soco na cara de uma crianças entre outras coisas. O homem na minha frente era apenas uma janela para o pior monstro que existia em minha vida.

— Reed — ele cumprimenta olhando ao redor. — Muito tarde, cinco anos, não é? Seu irmão esperou muito.

— Tem coisas que valem apenas esperar — mantive minha voz fria e rosto estoico.

— De fato — ele sorriu, seus olhos parando em Chasina que conversa com a irmã. — Como está sua namorada?

— Bem — ele não precisava saber que terminamos. Para todos os efeitos ela ainda é minha.

— Não parece bem — observou dando um gole em sua bebida. — Problemas no paraíso? Isso tem a ver com o que aconteceu anos atrás, não me diga que ela ainda sente rancor?

Eu prendi a respiração e soltei devagar, minha paciência estava no limite e eu não posso deixar meu pai vencer esse jogo. Olho para ele com puro desprezo, tédio e rancor. Não posso acreditar que sou filho desse cara, se minha mãe ainda estivesse viva eu perguntaria o porquê dela ter escolhido ele.

— Você parece interessado demais em minha mulher, pai —retruco inclinando a cabeça. — Chasina é jovem demais para você e ela gosta de homens, não covardes. Provavelmente ela te comeria vivo — dou um sorriso gelado para ele que fecha a cara em uma carranca. — Na verdade ela te devoraria.

DARK ANGEL (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora