KURT REED
PASSADO
Em todos os anos de minha vida eu achei que já tinha presenciado tudo. Eu achei que já estava imune às coisas mais dolorosas da vida, uma vez quando adolescente e eu não fiz uma missão como planejado meu pai pegou seu cinto e me fez tirar a camisa. Na frente dos seus homens ele me chicoteou igual um animal, isso foi piorando ao longo dos anos, suas torturas, eu digo.
Já fui espancado por seus homens quando cheguei da escola e ele já colocou minha mão para queimar depois que dei meu primeiro soco nele. Por isso as tatuagens de chamas em meu pulso, no início era apenas para zombar dele, mas ao longo dos anos vi que isso apenas o satisfez porque ele me marcou. Suas torturas eram insanas, mas mesmo assim eu nunca tive vontade de... eu não sei. Eu nem sabia o que eu estava sentindo.
Apenas olhei a cena perplexo enquanto via. Eu não podia me mexer porque, caso fizesse, ela morreria. Então eu vi a cena que me assombraria por anos. Mallory já tinha ido embora, sendo carregado por Andrew, mas ela continuou ali de joelhos no chão.
Sua camisa estava totalmente rasgada, suas costas nuas amostra e tanto sangue, tanto sangue, que me fez querer vomitar. Cortes profundos estavam abertos em suas costas, grossos, violentos e horríveis. Seus cabelos estavam suados e pregados pelo sangue em seu corpo, mas ela continuou ali, ajoelhada olhando para o corpo desfalecido da pequena mulher.
Mandei meus homens vasculharem o local, assim como o meu círculo íntimo que eu mandei arrumar as coisas e chamar um médico. Em passos calmos, porque porra, eu estava aterrorizado com a vista dela caida de joelhos. Chasina parecia estar em outro mundo, ela segurava a grama com muita força como se tivesse tentando manter no lugar, mas seus olhos continuavam abertos e fixos no corpo de Dora.
Eu parei à sua frente, e me ajoelhei à sua frente. Não me importei com sangue, com a terra ou com a grama. Nada disso importava agora. Apenas parei na sua frente tampando a visão horrível do corpo, tirei meu sobretudo e coloquei em seus ombros porque ela estava praticamente nua da cintura para cima. Chasina ainda estava atônita, olhos perdidos e sem brilho. Lábios brancos e corpo cheio de sangue.
Peguei seu queixo e fiz com que seus olhos focassem em mim.
— Você precisa reagir — eu disse, querendo arrancar alguma reação. Nada. Parecia um fantasma. Nem um piscar de olhos. — Chasina, se você não reagir eu vou fazer sua vida inferno — ela piscou. — Eu vou vencer todos os nossos joguinhos — mais piscadelas, uma respiração. —Vamos lá, querida, você não gostaria disso, não é?
—Você nunca vai vencer — estremeci com o seu tom de voz, mas ignorando, sorri.
— Você vai ter que se levantar e melhorar, querida. O que me diz? — Ela tentou, mas caiu para frente sem força. Segurei ela pelos quadris não querendo machucar suas costas, um dos meus homens discretamente colocou uma seringa em meu bolso.
Eu a ergui do chão e colei seu corpo no meu. Tanto sangue.
— Vamos, querida, fique acordada — ela piscou. Suas mãos tremendo em meu braço.
— Não me chame de querida — sussurrou. Eu peguei a seringa e a pressionei em seu pescoço, a antiga Chasina iria me dar um soco por isso, mas ela apenas me olhou agradecida. Me olhou como se eu tivesse dado a melhor coisa para ela se perder na escuridão.
— Sinto muito — murmurei. Ela sorriu, os olhos já se fechando.
— Não sinta, bello. Eu já me acostumei com a escuridão faz um bom tempo.
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DARK ANGEL (FINALIZADO)
RomansaCinco anos atrás Chasina Circe cometeu um erro terrível. Por sua culpa e por seu descuido uma pessoa que ela tanto amava morreu. Corroída pela culpa, a menina dos olhos cinzentos fugiu de Wilmington e desde então ninguém mais ouviu ou viu ela. Burbu...