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CHASINA CIRCE

O sangue escorria pelo meu corpo.

O ping, ping, ping, incessamente no chão à medida que o azulejo branco ficava vermelho escarlate. Eu tirei a máscara e joguei no chão vendo minhas pupilas fazerem o mesmo, May esperava por nós na mesa de centro de uma das minhas casas. Ordenei que minhas crianças fossem se lavar e deitar, já eram mais de quatro da manhã e elas precisavam de descanso.

Andei até May e joguei uma bolsa ensanguentada, ela nem mesmo tremeu.

— Você não está de bom humor — observou.

Não, eu não estava. Não estava com quem queria estar, não estava em nossa casa, não estava feliz e muito menos de bom humor. Em algum momento tudo acabaria, mas em que ponto? Eu não sabia, mas em breve o momento chegaria e eu apenas rezava para que todos sobrevivessem.

Lancei um olhar frio para May que acenou.

— Limpe-se e volte para cá, temo que está na hora de contar a verdade chegou.

Isso fez com que meu corpo congelasse, temia que esse momento iria chegar, quando cheguei no Complexo May queria me dizer a verdade sobre minha história, a história da minha família, desde o começo. Eu recusei, falando que quando chegasse a hora, para ela me contar. Não queria saber porque tinha medo de acabar quebrando as minhas expectativas da família perfeita que criei em minha cabeça, fiquei com medo de saber de coisas que iriam acabar comigo. E naquele momento em que May ofereceu essa oferta, eu já estava muito quebrada.

Agora não, não mais. Então eu fui tomar um banho para tirar todo o suor e sangue de mim, desci as escadas e me sentei na frente da mulher que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos.

— Eu já lhe disse que o Complexo foi criado por um grupo de amigos e que a ideia foi apenas executada pelos filhos deles — acenei. — Os cinco integrantes dividiram onde e como cada um iria cuidar de cada Complexo, mas em algum momento um deles traiu e os outros fugiram temendo que essa pessoa poderia fazer o mesmo com seus Complexos. Um juramento foi feito para os filhos deles.

— Eu sei disso tudo May — inclinei a cabeça. Ela suspirou parecendo cansada.

— A pessoa que traiu o grupo foi Levi Reed — minha respiração trava. — E os outros quatro integrantes eram Demi Reed, Gaia Reed, Cole Circe e Lídia Circe.

— O quê?! Você... — procurei minhas palavras, meu rosto ficando pálido. —Você está dizendo que minha mãe é irmã do pai de Kurt? E que meu pai é o irmão da mãe de Kurt? — minha boca secou. Isso queria dizer que...

— Vocês não são irmãos — respondeu prontamente, quase cai de alívio. — Não de sangue, pelo menos. Levi e Gaia são irmãos, mas sua mãe foi adotada pela família — seus olhos ficaram escuros. — Assim como Lídia, Cole, seu pai, e a mãe de Kurt são irmãos adotivos também.

— Que porra é essa, May?

—  Quando éramos adolescentes nossas famílias eram de círculos em comum e seu pai e sua mãe se amaram desde o primeiro instante que se viram. Demi amou tanto seu pai que era algo que me doía porque sabia que ela daria a vida por ele. Levi não gostou nada, mas seus avós viram uma oportunidade de juntar a família, então casaram Demi e Cole. Naquela época nunca percebemos que Levi almejava a irmã adotiva, ele sempre foi muito possessivo com Demi, um ponto chegou a ser tóxico então quando ela foi embora com Cole, ele... perdeu a cabeça. Fez com que Lídia fosse obrigada a se casar com ele, seu pai não queria, mas não conseguiu impedir. O mais engraçado é que Lídia e Demi sempre foram muito amigas e parecidas, merda, elas se pareciam tanto que era de arrepiar. Eu dizia que as duas deveriam fazer teste de DNA para ver se eram irmãs, mas não eram. Apenas sósias.

DARK ANGEL (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora