Capítulo 9 - Promessa de escoteiro

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Como das outras vezes, minha cabeça começou a doer, me senti fraca e minhas pernas amoleceram, deslizei pela parede até chegar no chão, tinha certeza de que se eu ficasse em pé eu acabaria caindo.

Dessa vez não teve luz branca e forte, então consegui ficar de olhos abertos e vi quando as paredes do corredor da casa do Soluço começaram a se mover para o lado e quando no lugar delas surgiram as paredes do meu apartamento, vi quando o piso de madeira deslizou por baixo de mim dando lugar ao piso laminado, e a parede aonde eu estava encostada se transformou no balcão de mármore da minha cozinha.

Foi muito bizarro, com certeza eu gritaria e surtaria por causa do que eu tinha acabado de presenciar, mas eu estava muito cansada para isso, não consegui nem me levantar, continuei sentada no chão.

Ouvi uma voz feminina que reconheci rapidamente, Cami estava no meu apartamento, eu só não sabia o motivo, tinha certeza de que ela não estava lá quando eu desapareci.

Ouvi uma segunda voz, essa era masculina, sinalizando que minha irmã não estava sozinha, eu estava quase reclamando pelo fato de ela ter levado um homem para o meu apê sem me consultar, quando reconheci a voz.

- Você acha mesmo que não devemos avisar a polícia? – era o porteiro do meu prédio, e pela forma que falava dava para notar que estava preocupado.

- Eu já disse, a polícia não faz nada antes de 48 horas e tenho certeza de que ela vai aparecer a qualquer momento – Camicazi mantinha sua voz calma.

- Mas isso é estranho, ela não passou pelo saguão, eu vi nas câmeras e ela também não saiu pelo estacionamento, como ela desapareceu?

Pelo menos alguém tinha notado meu sumiço, isso é, se realmente estivessem falando de mim.

- Eu também queria saber, mas não adianta nada ficarmos aqui inventando teorias, volte para o seu posto, você precisa trabalhar, eu vou ligar para o hospital de novo – ouvi minha irmã suspirar.

- Tudo bem, eu vou, qualquer coisa, me avisa.

- Pode deixar.

Ouvi passos e depois de alguns segundos ouvi a porta sendo aberta e logo em seguida sendo fechada.

- Ai Astrid, aonde você está?

Agora sabem de quem eu puxei a mania de falar sozinha.

- Cami – falei quase sem força, e é claro, ela não me ouviu – Cami – falei mais alto.

- Ótimo, agora estou ouvindo vozes – deu para notar que ela estava irritada.

- Ô sonsa, sou eu – me esforcei para a minha voz sair um pouco mais alta, deu certo já que ouvi minha irmã andando de um lado para o outro.

- Asty, é você? Onde você está?

- Cozinha..atrás...balcão.

Ouvi os passos dela se aproximando e alguns segundos depois ela surgiu atrás do balcão, ela me olhou assustada logo em seguida suspirou aliviada e depois me olhou séria.

- Asty – ela se ajoelhou e me abraçou com força – aonde você estava? Quer me matar do coração?

- Me...deixa...respirar – falei com dificuldade já que ela estava quebrando meus ossos, ela desfez o abraço e me encarou.

- Como você apareceu aqui? Eu olhei cada canto desse apartamento e você não estava aqui e do nada você..como?

- Calma, primeiro eu preciso de água.

Camicazi logo se levantou e foi até minha geladeira, ela pegou uma garrafa com água e um copo e o encheu com o líquido me entregando logo em seguida.

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