Capítulo 50 - La Cenerentola

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Onde eu queria estar? No meu apartamento, no século 21, de preferência dormindo ou comendo pizza. E onde eu estava? Em uma carruagem na companhia de uma pessoa que eu queria distância naquele momento.

Eu, Heather, Theodora e infelizmente, o Soluço, estávamos na carruagem indo rumo à ópera. Eu estava em um banco ao lado de Theodora, Heather e Soluço estavam no banco à nossa frente e para a minha irritação, eu estava bem de frente a ele.

– Estão animadas para a ópera? – Soluço perguntou quebrando o silêncio que estava instaurado.

– Sim, ouvi dizer que é uma peça belíssima – Heather sorriu.

– É de um autor italiano, correto? – Theodora perguntou, recebendo uma resposta afirmativa da Heather e do Soluço.

Os três começaram a conversar sobre o tal autor, enquanto eu me mantive em silêncio olhando pela janela. Se ele queria ignorar o fato de que havia me beijado, eu também iria ignorá-lo. Mas vocês já devem saber o quanto os deuses me odeiam e fazem tudo ao contrário do que eu quero.

Em determinado ponto da viagem, a carruagem deu um grande solavanco, jogando meu corpo para frente, mas Soluço me segurou pelos ombros, evitando que eu batesse em algo.

Ergui o meu olhar, percebendo que os nossos rostos estavam muito próximos e ele me olhava profundamente.

– A senhorita está bem?

– Estou – falei seca e me desvencilhei do toque dele, voltando para o meu lugar.

Me virei para a janela e assim segui até o final da viagem, ignorando o olhar do Soluço sobre mim.

O sol estava se pondo, quando chegamos ao grande teatro. O prédio era simplesmente lindo, parecia um palácio. As paredes eram revestidas de madeira cor de mel e detalhes dourados, no teto tinha um lustre de cristal gigantesco com centenas de velas. Se aquilo caísse ia ser um desastre.

O local era arredondado e a galeria devia ter uns seis andares, onde tinham diversos espaços como se fossem pequenas sacadas, assim, cada família tinha seu próprio espaço dentro do local.

Nós quatro seguimos até uma dessas "sacadas". Me sentei no canto direito, ao lado de Heather que estava entre mim e Theodora. Soluço se sentou na fileira de trás e é claro que das três cadeiras livres, ele escolheu se sentar na cadeira atrás de mim.

Alguns minutos depois, a orquestra começou a tocar, as cortinas se abriram e os cantores começaram a cantar. Foi quando percebi que eu não entendia nada.

Heather me entregou um pedaço de papel, era como se fosse um programa, daqueles de desfile de carnaval, que explica as alegorias e que gente como eu, nunca conseguia entender direito.

Analisei o papel diversas vezes.

– Está em italiano – murmurei.

– Sim, a ópera toda é em italiano – Heather sussurrou – não consegue acompanhar?

– Não, é sobre o que? – tentei manter minha voz o mais baixo possível, evitando assim, atrapalhar as pessoas nas "sacadas" vizinhas.

Heather se inclinou para o meu lado, mas voltou a sua posição anterior, quando viu o Soluço se inclinar para mim.

Ele colocou a mão nas costas da minha cadeira, roçando de leve minha pele. Ele aproximou o seu rosto do meu, colocando sua boca bem próxima da minha orelha direita e atrapalhando toda minha concentração com sua respiração quente.

– É uma comédia lírica. Dom Magnífico é um homem muito ambicioso e tem duas filhas que também são muito ambiciosas, Clorinda e Tisbe. Ele tem uma enteada gentil e bondosa, Angelina, a qual ele trata como criada. O príncipe Ramiro..

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