Eu nunca fui uma pessoa que gostasse de abraços ou demonstrações de afeto, as únicas pessoas que eu abraçava além de Cami, era David, o que acontecia raramente, Eret e Atali que eram meus únicos amigos no momento. Pode parecer triste, mas eu estava muito bem, sem muitos amigos.
Eu sempre achei a maioria dos abraços desnecessários e desconfortáveis, isso porque a maioria das pessoas não sabem dar um bom abraço, tem sempre aquelas pessoas que mal encostam em você, até parece que está com medo de pegar alguma doença contagiosa, tem aqueles que simplesmente te esmagam, o abraço é tão forte que você sente que seus ossos estão se quebrando.
Tem os abraços intermediários, mas que não te fazem sentir bem, o abraço simplesmente não cumpre sua função de abraço, sem contar nos que te fazem se sentir pior do que como você estava antes de dar aquele abraço.
Mas lá estava eu, recebendo o melhor abraço do mundo, não sei explicar direito, o abraço era aconchegante, calmo, transmitia paz e segurança, eu podia viver naquele abraço para sempre, era tão confortável, mas ao mesmo tempo o abraço me deixava ansiosa, meu coração acelerou e eu queria que ele ficasse mais forte, como se aquele abraço não fosse o suficiente, eu precisava de mais.
Pensando nisso eu retribuí o abraço e apertei Soluço contra mim, sentindo as batidas de seu coração que também estava acelerado, senti o seu cheiro, não do perfume que ele usava, mas sim, o seu cheiro natural, era um odor inebriante. Por um momento senti como se o mundo ao redor desaparecesse, era apenas eu e Soluço nos abraçando naquela sala, mas fui puxada de volta para a realidade quando ouvi um pigarreio.
Soluço se afastou de mim em um sobressalto, me deixando desnorteada sem seu toque.
- Me perdoe senhorita, eu me excedi – Soluço me olhou envergonhado enquanto passava a mão na nuca.
- Senhor Haddock, está tudo bem? – Heather questionou nos encarando, era perceptível a tristeza em seu olhar.
- Sinto muito senhorita Skrill, eu vim sem avisar – Soluço desviou o olhar de mim e olhou para Heather – eu estava preocupado, a senhorita Hofferson sumiu de repente.
Os olhares das duas mulheres foram depositados em mim.
- Eu esqueci de avisá-lo que eu viria visitá-las – abri um sorriso sem graça e olhei para Soluço sugestivamente, só esperava que ele entendesse o que eu queria dizer.
Funcionou, já que ele não perguntou ou comentou mais nada. Logo em seguida uma das criadas de Heather surgiu na sala com uma bandeja em mãos.
- Aproveitando que o senhor está aqui, porque não toma uma xícara de chá e conversamos – Heather apontou para o sofá vazio.
- Uma outra hora, preciso resolver alguns assuntos – Soluço sorriu simpático.
- Na verdade, acho que é uma ótima hora – falei já me sentando no sofá e chamando a criada. Eu precisava dar um jeito de aproximar o Soluço da Heather, já que pelo jeito, eu estava atrapalhando as coisas entre eles.
A criada foi até mim e me serviu uma xícara de chá.
- Vocês não vão tomar? – os encarei.
Soluço suspirou e se sentou em uma cadeira aceitando o chá servido. Heather e Theodora se sentaram no sofá ao lado.
Nós quatro ficamos em um silêncio desconfortável enquanto apreciávamos a bebida quente, decidi então falar algo, já que fui eu quem decidi ficar para tomar chá.
- E então Heather, como era em Bersequer?
Heather que até então olhava para Soluço, voltou seu olhar para mim e abriu um leve sorriso.
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Antes que você se vá...
Hayran KurguAstrid nunca se considerou uma pessoa romântica, nunca sonhou em viver um conto de fadas ou encontrar o príncipe encantado. Ela sempre se recusou a se apaixonar, para ela o amor só existe em livros, na ficção, nunca poderia ser real, mas será que el...