Capítulo 2 - É tudo um sonho

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Era só o que me faltava, ser atropelada por um cavalo.

Em um reflexo fechei meus olhos quando o cavalo estava há poucos metros de mim, já imaginava a dor que eu sentiria ao ser pisoteada pelo animal, mas nada aconteceu. Abri os olhos devagar, percebendo que o cavalo havia parado antes de chegar até mim.

O animal era enorme, pelo menos essa era a percepção que eu tinha de onde eu estava.

O homem que estava montado no cavalo, desceu do animal e começou a andar em minha direção, foi quando percebi que ele usava uma roupa estranha e engraçada. Ele usava uma roupa antiga, muito antiga. Ele vestia um colete, um casaco escuro e comprido sobre ele, uma gravata que parecia mais um lenço amarrado no pescoço, uma espécie de cartola escura na cabeça e botas escuras na altura dos joelhos.

Ele me olhava com uma expressão preocupada e quando chegou há uma pequena distância, ele parou.

- A senhorita está bem? – ele se agachou ficando quase da minha altura.

- Você está falando comigo? – me virei para trás para confirmar se ele não estava falando com alguém atrás de mim, mas não havia ninguém, estávamos apenas eu e ele, e é claro, o cavalo que me olhava de uma forma estranha.

O olhei percebendo que ele ainda esperava uma resposta minha.

- Sim, estou bem...eu acho, só ainda não sei como vim parar aqui – olhei ao redor mais uma vez, tinha certeza de que estava em meu apartamento, como do nada eu apareci em um campo aberto cercado por árvores? – falando nisso, onde exatamente é aqui?

- A senhorita está na minha propriedade, acho melhor levá-la até minha casa, a senhorita não me parece muito bem e o fato de não se lembrar como chegou aqui, só constata minha indagação.

- Minha propriedade? Senhorita? Minha indagação? – gargalhei – Você fala engraçado.

Ri ainda mais, mas o homem se mantinha sério, talvez ele tenha se ofendido por eu ter rido da forma que ele falava.

- Foi mal, mas é sério, eu estou bem, pelo menos fisicamente, agora mentalmente não posso afirmar, talvez eu esteja tendo uma alucinação – era a única explicação para eu aparecer no meio do nada, com um homem estranho, que se vestia estranho e falava estranho.

- A senhorita foi atacada por alguém? Algum vândalo ou golpista? – ele olhou ao redor procurando algo, mas como eu, ele não encontrou nada.

- Não, eu só bebi um pouco, mas acho que não foi o suficiente para eu ter alucinações – cocei a cabeça confusa – e tenho certeza de que era noite, como amanheceu tão rápido?

- Acho melhor a senhorita ir até a minha casa, posso chamar o doutor Thompson para que lhe examine.

- Por que eu iria até sua casa? – falei irritada enquanto tentava me levantar, algo que não consegui fazer já que senti uma tontura e quase caí, por sorte o homem rapidamente se levantou e me segurou.

Quando ele me tocou senti um arrepio percorrer meu corpo, provavelmente, outro sintoma da ressaca.

- Podemos ir senhorita?

- Eu não vou a lugar nenhum com você – gritei exasperada me afastando dele, eu podia estar bêbada, alucinando ou tendo um surto mental, mas nem por isso eu iria para uma casa estranha, com um estranho que podia muito bem arrancar meus órgãos para vender no mercado negro – eu nem te conheço.

- A senhorita tem razão, desculpe-me pela minha falha – ele adotou uma expressão de culpa – meu nome é Soluço Haddock – ele retirou a cartola da cabeça ao mesmo tempo em que fazia uma leve mesura para mim.

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