Capítulo 6 - Eu preciso ser puxada de novo

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- Cami, eu entrei no livro.

- Fico feliz em saber que você ainda ama esse livro a ponto de entrar de cabeça na leitura – ela soltou as minhas mãos enquanto dava de ombros.

- Não estou falando nesse sentido, eu quero dizer de verdade, eu entrei no livro, fui puxada literalmente para dentro dele.

- Ok, eu só tenho uma pergunta a fazer – Camicazi largou o celular no sofá e me encarou – quanto você bebeu?

- Eu estou falando sério Cami.

- Eu também, Astrid estamos no meio da semana e você trabalha amanhã, não deveria ficar bebendo assim – ela disse em tom de reprovação.

- Eu sei que parece ser loucura, mas é a verdade, o livro acendeu uma luz branca muito forte – me levantei do sofá gesticulando com as mãos – e minha cabeça começou a girar, tudo ficou escuro e de repente, bum, eu estava na casa do Soluço.

Cami ponderou por alguns instantes, ela se levantou e segurou meus ombros, ela me analisou e depois me olhou profundamente, como se procurasse algum sinal de alguma coisa. Acho que ela queria ver se eu estava realmente falando sério.

- Eu vou fazer uma pergunta e quero que você me responda com sinceridade.

Assenti, mesmo sem ter ideia do tipo de pergunta que ela faria.

- Astrid, quando você começou a usar drogas?

- O quê? – gritei me afastando dela – Você acha que estou usando drogas?

Era por isso que ela estava me analisando, ela não queria ver se eu estava falando a verdade, ela estava era procurando algum sinal que indicasse que eu estava sob efeito de drogas.

- Isso explicaria essa sua viagem.

- Eu não estou usando drogas, não acredito que pensa isso de mim, você sabe que eu sou médica, como eu faria algo sabendo que isso acabaria com minha saúde?

- As pessoas as vezes fazem coisas que vão contra a tudo o que acreditam.

- Eu não sou esse tipo de pessoa – bufei irritada, esperava que a minha irmã me conhecesse melhor.

- Eu sei, mas é que eu não sei o que pensar.

- Olha, eu sei que é difícil acreditar, eu mesmo não estava acreditando até alguns minutos atrás, eu pensei que estava alucinando, mas é verdade.

Camicazi me olhou de forma aflita.

- Eu estou começando a ficar preocupada, porque você parece acreditar mesmo no que diz.

- É claro, aconteceu comigo, eu estava lá – apontei para o meu livro – e agora estou aqui – abri os braços sinalizando meu apartamento.

Suspirei cansada e me joguei no sofá, ainda estava um pouco tonta.

- Eu sei que parece loucura, mas você precisa acreditar em mim.

Camicazi respirou fundo e se sentou ao meu lado, segurando minhas mãos.

- Eu sei que a notícia do casamento te pegou de surpresa e ainda teve o acidente hoje, você teve muito trabalho no hospital, deve estar cansada, você está estressada e está imaginando coisas.

Pelo jeito ia ser difícil convencê-la.

- Ok, então como você explica o livro impresso ou isso? – apontei para minha roupa – Eu nunca comprei essa roupa, mas aqui estou eu, vestida com ela.

- Asty, eu sei que você acha que isso é verdade, mas não é possível, você deve não se lembrar de ter comprado o vestido e não sei o motivo de você ter decidido usá-lo, mas deve ter alguma explicação, inclusive para o livro impresso, o que eu sei, é que é impossível alguém ir parar dentro de um livro.

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