Capítulo 41 - Como as ondas do mar

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Eu estava parada, encarando o local exato onde o Soluço havia sumido. No fundo, meu coração tinha esperanças de que ele simplesmente aparecesse novamente, mas não, o local continuava vazio.

Depois de um tempo, me levantei, tampei a vasilha com as cinzas, impedindo que alguma voasse. Coloquei a vasilha em cima da cama e andei até a porta de vidro. Percebi que estava suja de sangue, era o sangue do Soluço.

Passei meus dedos pelo sangue, a cena dele socando e tentando arrombar a porta surgiu em minha mente, me fazendo voltar a chorar.

Desviei o olhar da porta e encarei o chão. Fui até o local exato em que o vi desaparecer, não tinha nada, nenhum sinal dele, nenhum sinal de que alguém tivesse estado lá.

Me sentei no chão e passei os dedos pelo local. Há apenas alguns minutos, ele ainda estava lá.

O meu choro aumentou e senti todos os meus ossos doerem e meu corpo fraquejou. Me deitei no chão e me encolhi, permitindo-me chorar ainda mais.

Não sei quanto tempo eu fiquei naquela posição, deitada no chão chorando, não me importei com o vento forte que soprava e com o fato de meu corpo estar tremendo, por causa do frio. Não me importei com o desconforto do chão ou com o fato de que meu corpo doía. Não me importei com o barulho do meu celular tocando dentro do quarto, nem com os sons estranhos provocados pelo vento. Eu não me importei com nada, pois nada me importava naquele momento a não ser o fato de que o Soluço tinha ido embora para sempre e eu nunca mais ia vê-lo.

As horas foram passando e a noite escura foi clareando gradualmente devido ao sol que nascia no horizonte. O vento e o frio diminuíram e eu comecei a ouvir pássaros cantando ao longe. O dia estava amanhecendo e eu ainda não tinha conseguido dormir, mesmo com toda a tristeza, cansaço e dor, eu não tinha conseguido dormir.

Ouvi um barulho de carro, parecia em alta velocidade e freou de repente, mas não me preocupei em ver do que se tratava. Após algum tempo, ouvi as portas sendo abertas e alguém gritar o meu nome desesperadamente, mas também não me importei com isso.

Vi a porta do quarto ser aberta com força e a Cami entrar no cômodo. Ela olhou ao redor preocupada, até que seu olhar parou em mim, encolhida no chão da varanda.

Ela correu até mim e se ajoelhou em minha frente.

– Asty, você está bem? – ela tocou meus ombros – Por thor, Asty, você está gelada. Passou a noite toda aqui?

Não respondi, apenas balancei minha cabeça devagar, afirmando.

– Vem, você precisa se aquecer – ela me puxou, fazendo eu me sentar e se levantou, tentando me puxar para cima.

– Ele sumiu – minha voz saiu fraca, mas ela escutou.

Ela parou de me puxar e voltou a se ajoelhar ficando na minha altura.

– Ele se foi, para sempre – meus olhos voltaram a se encher de lágrimas.

– Eu sei – foi a única coisa que ela disse, antes de me puxar para um abraço forte.

– Ele se foi – repeti enquanto as lágrimas voltavam a inundar meu rosto.

Cami se sentou no chão e me puxou para seu colo, enquanto chorava junto comigo.

Ficamos assim por um tempo, chorando e abraçadas uma à outra, até que o meu choro diminuiu.

– Vamos entrar, você precisa se aquecer – Cami desfez o abraço e me olhou nos olhos.

Quando assenti, ela se levantou e me ajudou a levantar.

Ela me conduziu até a cama e me colocou sentada.

Antes que você se vá...Onde histórias criam vida. Descubra agora