Capítulo 36 - No meu mundo

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Eu estava sentada no chão do corredor que dava acesso ao centro cirúrgico, eu não sabia quanto tempo havia se passado, o que eu sabia era que a cada minuto eu ficava mais aflita.

Depois que o Eret se recuperou devido ao susto de me ver aparecer na sala de descanso com o Soluço, ele o levou para o centro cirúrgico, é claro que eu queria ter ido junto, mas o Eret me proibiu e eu não podia culpá-lo, eu estava desesperada, não tinha condição nenhuma de ajudar em nada e foi por isso - e pelo fato de o Eret ter me prometido que faria de tudo para salvar o Soluço - que eu concordei em ficar do lado de fora.

Ergui a cabeça mais uma vez e olhei para a porta esperando que ela fosse aberta e alguém saísse para me dar uma boa notícia, mas isso não aconteceu.

Após mais algum tempo, ouvi passos correndo em minha direção e me virei para o lado, vendo Camicazi vindo ao meu encontro.

– Você está bem? – ela se sentou ao meu lado, eu apenas balancei a cabeça negativamente enquanto meus olhos voltavam a se encher de lágrimas.

Cami me abraçou forte e eu retribui com a mesma intensidade permitindo-me chorar no ombro dela.

– Vai ficar tudo bem – disse em um tom suave enquanto acariciava meu cabelo.

Assenti e a apertei com mais força.

– Ele está em cirurgia – falei após um tempo – o corte foi profundo e perfurou o pâncreas, ele estava com uma hemorragia muito forte, ele estava inconsciente e em choque.

– Shiu, ele vai ficar bem, Asty.

– E se não ficar? – desfiz o abraço e a encarei – E se ele.. – não consegui completar a frase.

– Quem está com ele?

– O Eret.

– Então ele vai ficar bem, você vive dizendo que o Eret é um dos melhores médicos que você conhece.

– Mesmo assim, ele passou a noite toda sangrando e se não der mais tempo e se eu tiver chegado muito tarde?

– Asty, não pense nisso, tenha fé.

– Eu tenho, mas.. eu não posso perdê-lo Cami, eu não posso – meu choro aumentou.

– E você não vai – ela voltou a me abraçar.

Ficamos assim por mais um tempo, até que eu vi a porta sendo aberta. Rapidamente me levantei e a Cami fez o mesmo.

Eret parecia cansado e sua expressão não estava muito boa.

– E então? – perguntei aflita.

– O corte foi profundo e a hemorragia também, ele perdeu muito sangue e passou muito tempo com a ferida exposta, o que agravou a situação.

– Eret, ele está bem? – Cami perguntou impaciente.

– A cirurgia ocorreu bem, ele vai ser encaminhado para a UTI.

– UTI? – ela o olhou alarmada.

– É procedimento pós cirúrgico, Cami – explicou.

– Eu quero vê-lo – o encarei.

– Você sabe que não pode.

– Eu entro como médica, por favor – o olhei suplicante.

– Ta bom, mas precisa se trocar primeiro – ele apontou para a minha roupa e eu segui o olhar, vendo que estava suja de sangue.

Assenti e fui para o vestiário, limpei o sangue e troquei de roupa, vestindo meu macacão cirúrgico, desfiz o rabo de cavalo e fiz um coque frouxo.

Fui para a UTI, Eret estava na entrada me esperando.

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