Capítulo 3 - Eu não fiz nada de errado

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- Por favor não faz isso – falei desesperada. Como resposta ele estreitou os olhos analisando minha reação.

- Por que eu não deveria fazer isso?

- Porque eu não fiz nada de errado, por favor, não quero ser presa.

- Para quem não fez nada de errado, a senhorita ficou bastante exaltada quando mencionei as autoridades e em nenhum momento eu disse que a senhorita seria presa – ele arqueou a sobrancelha.

Que droga Astrid, para de se complicar.

- Eu juro que não fiz nada, eu só reagi assim porque não quero passar o resto do sonho em uma delegacia – fiz bico – eu quase nunca sonho, sabe qual foi a última vez que eu sonhei?

Ele me encarou esperando a resposta.

- Não me lembro – eu gesticulava com as mãos tentando ser dramática – porque faz muito tempo, eu não tenho tempo nem de dormir, quanto mais de sonhar, e eu sonhei, depois de tanto tempo e agora o meu sonho vai se tornar um pesadelo.

Acho que exagerei no drama, já que quando terminei de falar meus olhos já estavam se enchendo de lágrimas.

- Não precisa se exaltar senhorita, as autoridades lhe farão algumas perguntas, apenas isso – sem se importar com todo o meu drama, Soluço simplesmente se virou e começou a caminhar em direção a porta.

- É sério Soluço, não me denuncia, por que você faria isso? – o segui – Só porque eu apareci do nada na sua casa? Isso é algum crime por acaso?

Ele parou e se virou para mim de repente, me fazendo quase bater nele.

- Ok, eu sei que é um crime, mas eu não tive culpa se meu sonho decidiu começar no meio da sua "propriedade" como você mesmo diz, não me leva para a polícia.

Arregalei um pouco os olhos e fiz um biquinho tremido ao mesmo tempo em que fungava. Isso sempre dava certo quando eu queria convencer a Cami e se Soluço era criação dela, tinha que funcionar também.

Eu sei, é loucura, mas estamos falando de um sonho, podia funcionar.

Soluço suspirou derrotado. Eu sabia que tinha o convencido, já estava até me preparando para trocar meu bico por um sorriso.

- Eu não te levarei às autoridades, se a senhorita me falar a verdade.

E lá se vai o meu sorriso.

Minha irmã tinha que fazer um personagem tão insistente.

- Estou esperando – ele me encarou com intensidade, de uma forma que eu não conseguia respirar direito.

- Tudo bem, eu digo a verdade – suspirei – eu vejo o futuro.

- Perdão? – ele franziu o cenho – A senhorita está dizendo que é uma vidente?

- Isso – gritei animada, se ele sabia o termo é porque existia – eu vi o que iria acontecer, é por isso que eu sei os nomes dos seus criados e do seu cavalo.

- A senhorita vê o futuro? – Soluço tinha uma expressão surpresa, mas parecia estar acreditando – E o que a senhorita viu?

Sempre imaginei ele esperto, mas pelo jeito ele não era tanto assim.

- Algumas coisas, nada muito importante a não ser o fato de que eu sei tudo o que vai acontecer com você – dei de ombros.

- A senhorita pensa que sou idiota?

- O quê?

- A senhorita acha mesmo que irei acreditar nessa história de vidente? – ele cruzou os braços em frente ao peito adotando uma postura intimidadora.

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