Capítulo 53 - Explicações

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Eu estava na casa do Soluço, para ser mais específica, eu estava na cama dele, com ele me abraçando. Eu estava esperando ele me explicar como ele se lembrava de mim e porque ele tinha fingido todo esse tempo, não lembrar.

– Eu estava dormindo, por causa do remédio que você me deu – ele começou – mas, de repente eu acordei, eu me senti estranho, meu corpo começou a ficar quente e senti que havia algo muito errado e eu tive a certeza, quando vi você correndo e trancando a porta. Eu estava confuso, muito confuso, e então, eu vi o livro sendo queimado e entendi tudo, você estava fazendo o que me disse que não faria, estava destruindo o livro.

– Foi a única coisa que eu consegui pensar, eu não podia te deixar morrer. Eu estava desesperada – argumentei.

– Eu sei e eu pensei muito nisso. No seu lugar, eu com certeza teria feito o mesmo – ele me apertou mais contra si.

– Continua a explicação – pedi.

– Quanto mais o livro era queimado, mas eu me sentia estranho, era como se o meu corpo estivesse sendo queimado também.

– Você sentiu dor? – perguntei preocupada.

– Não, era como se eu estivesse queimando, mas não doía, ou talvez eu estivesse tão focado em entrar naquele quarto que ignorei a dor.

– Acho que a segunda opção é a mais viável, você começou a socar o vidro, sem se importar se quebraria os dedos – segurei a mão dele e comecei a fazer um leve carinho.

– Nada me importava naquele momento, a não ser entrar naquele quarto e te impedir de queimar o livro, mas eu não consegui e quando eu percebi que eu não poderia impedir, eu comecei a pensar que eu não podia te esquecer, eu me recusei a te esquecer Astrid, eu não podia, não podia esquecer a pessoa mais importante da minha vida – ele ergueu a minha mão e deu um beijo nela – tudo fico escuro e quando eu acordei novamente eu já estava aqui em meu quarto. A Agatha me disse que o Ethan me encontrou desmaiado no campo. Eu estava tão confuso, meus pensamentos não conseguiam ter lógica e eu não sabia o que tinha acontecido. Ao trocar de roupa, percebi que havia algo em um dos bolsos da calça que eu usava, quando peguei, me deparei com as nossas fotos.

Soluço estendeu a mão e pegou a tira de fotos em cima da mesinha, a observando.

– Assim que eu vi as fotos, tudo surgiu em minha mente e tudo passou a fazer sentido. Eu não entendi como eu ainda tinha minhas memórias, mas fiquei grato, porque eu tenho certeza de que não conseguiria suportar um mundo no qual eu não te conhecesse. E eu fiquei mais grato ainda por isso, porque assim, eu poderia te ver – ele abriu um leve sorriso, ainda fitando as fotos –. Eu estava satisfeito com apenas isso, mas então, em uma manhã eu a vi, andando pela vila. Eu pensei que estava sonhando, que estava tendo uma visão, então me mantive à distância, mas os deuses tinham outros planos e fizeram o seu chapéu voar até mim.

– Geralmente, os deuses sempre tem outros planos – sorri.

– Quando você veio até mim e pegou o chapéu, eu ainda pensava que era uma visão minha, até o momento em que a senhorita Skrill se aproximou e nos apresentou. Naquele momento eu soube que você era real e tinha voltado para o livro.

– E porque fingiu que não me conhecia? – o encarei.

– Eu não podia arriscar sua vida, se eu me lembro bem, as viagens para o livro te fazem mal e para falar a verdade, eu não sabia muito bem como me comportar e não tinha certeza se você também se lembrava de mim.

– Não deu para perceber pela forma em que te olhei ou agi?

– Eu estava tão confuso que pensei que poderia se minha mente me pregando uma peça, só tive certeza de você se lembrava, quando me afastei e você começou a chorar.

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