As pessoas sempre me disseram que eu era uma pessoa fria, sem sentimentos, sem coração. O fato de eu nunca ter me apaixonado ou nunca ter tido um relacionamento sério, fazia com que as pessoas pensassem que eu não sabia o que era amar.
Ouvi inúmeros comentários ofensivos sobre isso, me tratavam como um robô, foram diversas as vezes em que alguém estava sofrendo e quando eu tentava consolar a pessoa, ela simplesmente dizia: "Você não entende, como poderia se nunca sentiu algo?", ou, "Como faz para eu ser igual a você e não ter sentimentos?".
Mas eu nunca me importei com isso, a verdade é que eu sempre fui uma pessoa mais fria se comparada com as outras, eu não choro por qualquer coisa, nem me sensibilizo com qualquer história ou sofro por qualquer situação. Eu sempre fui acostumada a ser tratada como alguém que não tem sentimentos, mas se tem uma coisa que eu nunca imaginei que fosse acontecer, era o fato de me chamarem de assassina.
Assassina.
Assassina.
Assassina.
Essa palavra não saía da minha mente. Como uma médica, que dedicava todos os minutos da sua vida a salvar alguém, foi parar em uma situação como aquela? Ser chamada de assassina, ser acusada de matar a mulher que ela tentou salvar?
Eram as perguntas que eu fazia a mim mesma enquanto fitava a parede em minha frente.
Eu estava sentada na minha cama, no meu quarto na casa de Soluço, se não fosse por ele, eu estaria presa, mas antes que eu pudesse entrar na carruagem da polícia ele chegou e impediu que me levassem, disse que estava comigo quando houve o assassinato e que quando ouvimos o disparo eu corri para tentar ajudar enquanto ele corria para pedir ajuda, e como Soluço era alguém importante e com prestígio em Berk, acreditaram nele, ou fingiram acreditar para não terem problemas.
Ele convenceu os policiais de que eu iria no outro dia prestar meu depoimento junto com ele e eles me liberaram para voltar para casa com Soluço, mas ainda recebi olhares acusadores dos convidados do baile, principalmente dos pais de Diana.
Voltei sozinha com Soluço na carruagem, ele não se importou em ver se os outros iriam querer voltar conosco, ele nem ao menos se importou em avisar que estávamos indo embora, simplesmente segurou minha mão e me puxou para a carruagem.
Fomos o caminho todo em silêncio, eu não queria, nem conseguia falar nada e Soluço, bem, ele nem me olhava. Na verdade, eu queria ficar o mais longe possível dele, mas eu não tinha para onde ir além de sua casa ou da delegacia, então optei por ir para a casa dele.
Quando cheguei na casa, fui direto para o meu quarto, ignorei os comentários e olhares assustados dos criados, assim como as perguntas preocupadas, não queria falar com ninguém, não queria ver ninguém, a única coisa que eu queria era voltar para meu apartamento, eu ainda não entendia como o capítulo não havia terminado, afinal, houve uma morte e eu quase fui presa, não era o bastante para o capítulo acabar? Pelo jeito não.
Meus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta, mas nem me importei em olhar para ver quem era, continuei fitando a parede. Minha visão tridimensional captou quando a porta foi aberta e Agatha entrou no quarto, ela caminhou até a cama, mas manteve uma distância de mim.
- A senhorita está bem?
Devagar me virei para ela, Agatha me olhava preocupada, ela não parecia com medo e eu me perguntei se ela sabia do que haviam me acusado.
Não respondi, apenas balancei minha cabeça negativamente.
- Vou preparar-lhe um banho, a senhorita precisa se limpar.
- Não – minha voz saiu falha e baixa – não precisa.
- Mas a senhorita está suja de.. – Agatha hesitou enquanto apontava para o meu vestido encharcado de sangue.
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Antes que você se vá...
FanfictionAstrid nunca se considerou uma pessoa romântica, nunca sonhou em viver um conto de fadas ou encontrar o príncipe encantado. Ela sempre se recusou a se apaixonar, para ela o amor só existe em livros, na ficção, nunca poderia ser real, mas será que el...