Capítulo 65 - Apenas um personagem

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Respira. Calma. Você consegue, Astrid. É só manter a calma e se lembrar do que é mais importante.

O mais importante é a vida do Soluço.

O mais importante é impedir o Ryker de machucá-lo.

O mais importante é protegê-lo.

Com esses pensamentos, adotei a minha expressão mais firme e encarei o Soluço.

– Não temos nada para conversar.

– Temos sim. – Ele falou no mesmo tom.

– Eu já falei tudo o que eu tinha pra falar.

– Mas eu não.

– Senhor Haddock, o senhor não percebe que eu e a senhorita Hofferson estamos no meio de uma conversa? – Ryker perguntou enquanto se levantava e ficava em pé ao meu lado. – Não é educado invadir o local dessa forma.

– Eu não me importo. – Soluço mantinha o seu olhar em mim.

– Por que não nos sentamos e conversamos? – Heather sugeriu.

– Astrid, podemos conversar? – Soluço me perguntou, ignorando a Heather.

– Eu já falei, não temos nada para conversar.

– Eu insisto.

Que droga, Soluço. Só aceita e vai embora.

– Eu estou tratando um assunto importante com o senhor Grimborn, eu agradeceria se não nos interrompesse. – Voltei a me sentar.

Ryker também voltou a se sentar ao meu lado.

– Tudo bem, eu espero vocês terminarem o assunto importante. – Soluço se sentou na cadeira de frente para mim.

– Theodora, acho que é o momento do chá. – Heather a olhou sugestivamente.

– Claro. – Theodora que ainda segurava a bandeja nos serviu, mas só o Ryker e a Heather aceitaram o chá.

– Chá de ginseng vermelho. – Ryker comentou após provar a bebida.

– É o meu preferido. – Forcei um sorriso.

– Você não gosta de chás, só toma quando está com dor de cabeça ou nervosa, e nunca é de ginseng vermelho. – Soluço falou, me encarando.

– As coisas mudam, eu posso passar a gostar de algo, assim como posso parar de gostar. – Falei simplista.

Soluço tentou disfarçar, mas percebi que minha fala o tinha atingido.

– Senhor Haddock, poderia nos dar licença? – Ryker o encarou.

– Não, eu vim falar com a Astrid e não vou sair daqui sem falar com ela. – Soluço cruzou os braços em frente ao peito e se acomodou melhor na cadeira.

Eu respirei fundo, enquanto tentava pensar em um jeito de fazer o Soluço sair dali, mesmo eu sabendo que não conseguiria, o Soluço era extremamente teimoso.

– Senhor Haddock, não percebes que a senhorita Hofferson não quer a sua companhia? – Ryker perguntou com tom de deboche.

– Senhor Grimborn. – Soluço olhou para Ryker. – O senhor poderia me fazer um imenso favor e calar a sua boca?

Ryker cerrou os punhos e fez menção de se levantar, mas me apressei e me levantei antes dele.

– Vamos conversar. – Falei séria e fui até Soluço.

Segurei o braço dele e o levantei, o puxando para fora da sala de visitas.

Segui pelo corredor e abri a primeira porta que encontrei. Entrei no cômodo e puxei Soluço para dentro. Assim que ele passou pela porta, a fechei e me afastei dele, foi quando percebi que estávamos na sala de leitura.

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