Jisung estava correndo sem ao menos ver para onde ia ou o que tinha em sua frente, acabando por esbarrar seu pequeno corpinho em uma cristaleira, derrubando e quebrando algumas taças de cristal. Apertou seus olhinhos, se agachando no pequeno vão entre a cristaleira e o sofá de couro, levou as mãos à cabeça, tapando seus ouvidos, mantendo seus pézinhos bem rente à parte inferior das suas coxas, estas que estavam latejando, visto que tinha acabado de levar diversas cintadas em suas perninhas. Ouvia aquela voz lhe chamar, repleta de sarcasmo e... maldade. O pequeno Jisung sentia as lágrimas quentes descerem por suas bochechinhas, ao mesmo tempo que sentia o nó em sua garganta se aumentar, por não poder nem chorar como queria. Ele queria chorar, queria poder gritar, gritar por socorro até seus peitos doerem e sua garganta arder. Mas sabia que ninguém viria...
A babá que cuidava de si desde que nasceu, havia sido dispensada e Jisung nem ao menos pode se despedir da única pessoa que lhe tratava com amor, com carinho.
Seu pai, o homem que devia lhe proteger, ou pelo menos era o que Jisung via nos desenhos animados que assistia, era quem mais lhe causava mal. O empresário olhava para o pequeno Han com repulsa e raiva. Não conseguia aceitar que havia perdido sua linda esposa para aquele fedelho. Se quer queria aquela criança, apenas aceitou de bom grado, pois faria qualquer coisa que sua falecida esposa desejasse.
— Han Jisung... — A voz feminina soava arrastada, como se cantasse uma canção de ninar, macabra e malévola. — Apareça, criança nojenta! — Dessa vez seu tom de voz foi irritadiço e alto. A mulher já estava sem paciência alguma, visto que não encontrava aquela criança em lugar nenhum daquela mansão.
A nova esposa do senhor Han, era para Jisung, exatamente como nas animações da Disney que tanto gostava de assistir. A bruxa má. Ele só não imaginava que seu papel fosse como o da Cinderela.
Tudo que queria era fugir. Fugir dali. Fugir das garras de quem só lhe fazia mal. Mas para onde iria o pequeno Han? Tinha acabado de completar seus cinco aninhos de vida. Ainda que fosse uma criança extremamente inteligente, Han tinha muito medo do mundo lá fora. Mundo esse que nunca havia conhecido. Se quer sabia como era a fachada da casa em que morava desde que nasceu.
— Achei você, seu pestinha! — A mulher gritou, segurando nos bracinhos magros de Jisung, o arrastando para fora daquela sala de jantar, enquanto o mesmo se debatia, gritando por ajuda, enquanto as lágrimas, antes contidas, desciam violentamente por seu rostinho aflito e avermelhado. — Você vai voltar para o lugar escuro, já que foi um menino mau. — Ela dizia em alto e bom tom, enquanto as empregadas da casa olhavam aquela cena, mais uma vez, com seus corações nas mãos, impotentes. — Não quero mais ter que andar pela casa e esbarrar com você por aí, muito menos quero que meu filho tenha contato com uma tão criança horrível como você. — Ela caminhava a passos firmes em direção à porta do porão, enquanto apertava o bracinho já marcado por seus dedos, arrastando o pequeno Han pelo chão da casa.
— Não! Não! Por favor! — Jisung implorava em meio ao choro escandaloso. Estava desesperado. — O lugar escuro não! Jisung não quer voltar para lá. Jisung tem muito medo de escuro! — Continuava a se debater, tentando se soltar do aperto tão dolorido da mulher, que só o apertava mais em resposta.
— Lá, lá, lá... — A voz infantil do filho de sua madrasta soou de repente, enquanto a mulher começava a abrir a primeira das três trancas que aquela porta possuía.
Jisung olhou para o lado, dando de cara com o menino, de sua idade, com os dedos nas bochechas, lhe dando língua, caindo na gargalhada em seguida.
— Vai pro quarto escuro, vai pro quarto escuro! — Cantarolava, irritante.
— Yeosang, vá brincar! — Ditou a mulher para seu filho. — Não quero você perto dessa criatura.
— Tá bom, mamãe. — Sorriu para a mais velha, saindo saltitando dali, sendo seguido por sua babá, que tinha a mais triste das feições, não só pelo pequeno Han, mas também porque odiava o seu emprego, visto que aquela criança era o próprio diabo reencarnado.
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Pra você guardei o amor | Minsung
Teen FictionO Internato Stay Valley Academy era considerado por muitos pais, geralmente da classe mais alta da elite sul-coreana, como uma salvação. Para si mesmos e principalmente para seus filhos. Após ser mandado, contra a sua vontade, para o colégio inter...