Han despertou achando que estivesse vivenciando mais um de seus sonhos. Sonhos esses que lhe foram recorrentes durante toda a sua "estadia forçada" na mansão da família Han.
Em seus sonhos, a situação era sempre a mesma. Minho, sempre faria o papel do outro protagonista. Não importando se fosse em uma monarquia ou não, o jovem Lee sempre seria o príncipe encantado nos sonhos de Han; às vezes alado, às vezes não, tudo dependia muito do universo que seu subconsciente elaboraria na vez. Mas o enredo nunca mudava. A trama sempre se tratava de Lee Minho arrumando um jeito de encontrar o seu amado, o resgatar e então, serem felizes para sempre, como em todo final de conto de fadas.
Jisung não saberia dizer quantas vezes havia sonhado com algo parecido com aquilo. Durante todo o tempo em que passou na mansão Han, quando não estava sendo torturado por seu genitor ou pela esposa do mesmo – ou ambos ao mesmo tempo –, Han se forçava a dormir. Dormia profundamente, ignorando até mesmo qualquer tipo de alimentação que seus sequestradores lhe ofereciam ao longo daqueles arrastados e torturosos dias, o que certamente não faziam porque se preocupavam com seu bem-estar, obviamente essa era a última coisa com a qual se preocupariam, devido as condições desumanas as quais submeteram o adolescente. Faziam apenas porque simplesmente não poderiam correr o risco de se envolverem em uma possível futura investigação de assassinato. Pelo menos, não quando o senhor Han estava tão perto de oficializar a sua candidatura política. Portanto, o manteriam ali, dia após dia, até que pudessem tomar alguma atitude mais... permanente.
O fato era que, independentemente de qual fosse a motivação daquelas pessoas horríveis de lhe manter vivo, temporariamente ou não, Han recusou-se a se alimentar daquela comida todas as vezes. Aceitando vez ou outra apenas a garrafa de água que recebia para passar o dia inteiro. Ainda assim, bebia apenas por puro instinto comum de sobrevivência, pois na verdade, Han não se importava mais com o que o seu corpo pedia ou necessitava. Simplesmente já havia aceitado o seu terrível fim dentro daquele porão. O velho e terrível porão.
Quando não conseguia mais dormir devido a dor que sentia por todo o seu corpo ou pelo estômago que roncava insistentemente, enquanto acordado, impedido de sonhar, Han só sabia desejar ansiosamente pela própria morte, confiante de que só então o seu sofrimento cessaria.
Durante aquele tempo, seus sonhos foram o seu único analgésico, o seu único alimento, o seu único resquício de esperança, do que ainda restava dentro de si.
Felizmente, desta vez, Han Jisung não estava sonhando.
Abriu os olhos, tendo como primeira visão, o lindo teto de gesso esculpido, algo que certamente não tinha no porão onde havia acordado da última vez. Respirou fundo, sentindo o imenso alívio que antes o preenchia por completo, ser esvaído instantaneamente ao bater sutilmente a mão no colchão, extremamente confortável, porém, vazio.
Após erguer-se em abrupto com o susto, sentando-se na cama, se deu conta de que não estava mais sentindo as dores insuportáveis que sentia antes com apenas um simples movimento, já que agora estava devidamente medicado com os analgésicos que Minho havia lhe dado.
"Minho!", pensou.
Han correu com os olhos pela luxuosa – e enorme – suíte, sentindo seu coração se acelerar em desespero, ao não encontrar o Lee no cômodo.
Esgueirou-se até a beira da cama, esta que por sinal era tão alta que seus pézinhos sequer conseguiam tocar o chão, e sorriu instantaneamente ao notar o par de pantufas que haviam sido deixadas ali para si. Enquanto as calçava, começou a divagar sobre todos os incontáveis pequenos gestos de amor de Minho para si, fora o fato de que o garoto havia simplesmente invadido uma mansão só para lhe resgatar, Han também valorizava cada pequeno gesto. Como as pantufas e o seu pijama favorito. Minho fazia aquelas coisas de forma totalmente inconsciente, afinal, essa era a sua linguagem de amor, era assim que ele demonstrava quando amava alguém, e Han Jisung não poderia se sentir mais sortudo e felizardo por ter o namorado que tinha, por ser a pessoa escolhida pelo coração alheio para ser tão bem-amado e cuidado.
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Pra você guardei o amor | Minsung
Teen FictionO Internato Stay Valley Academy era considerado por muitos pais, geralmente da classe mais alta da elite sul-coreana, como uma salvação. Para si mesmos e principalmente para seus filhos. Após ser mandado, contra a sua vontade, para o colégio inter...