Pra você guardei o amor | Minsung

🩵 39 || Apocalipse

Jisung corria incansavelmente com as lágrimas lhe embaçando quase que totalmente sua vista, mas isso não era capaz de impedir a agilidade de suas pernas.

Não se importava nem um pouco com o caminho, se quer se seguia na direção correta. Depois de se desvencilhar do aperto dos braços de Minho de forma fugaz, saiu em disparado como uma bala saindo do cano de uma arma. Abriu as portas duplas de madeira maciça da entrada de Stay Valley como se estivesse abrindo os portões de uma prisão para fugir.

Corria tão rápido e tão desesperadamente que poucos minutos foram mais do que suficiente para que chegasse em sua casa. Se enrolou um pouco para tirar as chaves de seu bolso e conseguir abrir a porta, visto que seus dedinhos tremiam tanto quanto seus lábios. Seus olhos embargados só dificultavam ainda mais a missão, que naquele momento Jisung já julgava ser impossível para si, de acertar a droga do buraco da fechadura.

Praguejou baixinho alguns palavrões, enquanto desejava mentalmente que aquela maldita porta se abrisse magicamente de uma vez, para que pudesse enfim se isolar e se esconder de tudo e todos.

Minho, que corria logo atrás do namorado, não conseguiu alcançá-lo a tempo, chegando um pouco depois, completamente esbaforido. Ainda que suas pernas fossem mais longas, diferentemente de Jisung, que era um atleta ativo, Lee estava a um bom tempo sem manter uma rotina constante de exercícios.

— Jisung! — Gritou, quando enfim chegou na frente da casa, parando com o corpo curvado e as mãos apoiadas em seus joelhos. Sentia a garganta gelada, com os lábios entreabertos, enquanto buscava desesperadamente compensar o ar faltante em seus pulmões. — Por fav-

Havia chegado tarde demais. A barulho alto da porta batendo bem em sua frente, foi o bastante para lhe cortar a fala. Em seguida, pôde ouvir o barulho da mesma sendo trancada à chave.

Jisung não queria ver ninguém, não queria ouvir ninguém. Sentia-se sujo, imundo. Em sua mente, os barulhos de seus próprios gemidos se misturavam com as risadas dos alunos, que infelizmente ouviu ecoar por toda a quadra enquanto o vídeo rodava. Porém, em sua cabeça tudo tinha tomado uma proporção ainda maior. Em um volume absurdamente aumentado e ecoado, era simplesmente enlouquecedor. Atordoado, sentiu a necessidade de escorar-se por um momento na parede da escada, enquanto tentava subir para o seu quarto. Com os olhos fechados, uma mão na testa e a outra na parede gélida, respirou fundo.

Tamanha vergonha que sentia de si próprio, só o fazia sentir vontade de uma coisa... Sumir.

Quando Lino finalmente conseguiu erguer o próprio corpo, sentindo-se mais disposto, não perdeu tempo, rumando imediatamente para o quintal dos fundos. Suas pernas perderam velocidade e uma sobrancelha foi arqueada quando seus olhos encontraram a porta da varanda completamente arreganhada. O forte vento noturno até mesmo a balançava algumas vezes.

Era no mínimo, muito estranho. Sabia que Joohyun jamais deixaria a porta daquela maneira. Portanto, em questões de segundos, sua mente se acendeu como uma lâmpada. Lembrou-se do fatídico vídeo recém exposto e do local no qual o mesmo se passava.

— O quarto do Sungie... — Murmurou para si mesmo, sentindo uma onda de adrenalina lhe tomar o corpo todo, adentrando velozmente na casa, temendo que quem quer que tivesse feito aquilo, ainda pudesse estar por ali.

Subiu as escadas tão rápido que nem mesmo sentiu. De repente, já se encontrava dentro do quarto de Han. O cômodo estava vazio, mas o barulho de água caindo, vindo da porta fechada do banheiro da suíte, logo lhe chamou a atenção.

Forçou a maçaneta, apenas por desencargo. Fechada. Suspirou pesadamente, espalmando a mão na madeira e apoiando a testa ali, com os olhos fechados e a boca aberta, buscando mais uma vez por ar. Talvez estivesse mesmo muito sedentário.