🩵 45 || Sacrifício

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Minho nunca havia subido tão rápido uma escada, quanto subira naquele momento com Han Jisung em seus braços, para fora daquele maldito porão, onde Yeosang os esperava do lado de fora, ainda de pé na frente da porta. Infelizmente, acompanhado.

Assim que notou a presença da mulher ali, de pé, encarando friamente o próprio filho, que devolvia o olhar na mesma intensidade, Lino travou, sem saber como reagir quando finalmente percebeu a enorme faca de cozinha que Yeosang apontava para sua mãe, ameaçando-a.

Jisung estava com o rosto enfiado no peito do Lee, segurando-se em seus ombros como se sua vida dependesse daquele aperto, completamente encolhido e trêmulo, apertando fortemente as suas pálpebras, forçando as próprias lumes a manterem-se fechadas a todo tempo. Ainda que seu namorado não tivesse lhe pedido para não olhar, Jisung por si só, não ousaria abri-los enquanto não estivessem fora daquele lugar. Confiaria cegamente em Lee Minho.

— Minho. — Yeosang chamou, alternando o olhar arregalado do Lee, da faca, para o rosto alheio. — Passa! Vai! Saia daqui agora mesmo com o meu irmão! — Ditou indicando com o rosto, sem desviar os olhos da mulher, a porta de vidro da cozinha, a qual haviam usado para entrar na casa anteriormente.

Han Taeyeon soltou uma risada debochada, cruzando os braços ao peito.

— Ah, por favor, né. Tenha dó. Que ceninha mais ridícula! — Fechou o sorriso, tornando-se séria. Jisung gelou no colo de Minho, ao ouvir aquela voz, infelizmente conhecida. Seu estomago, ainda que completamente vazio, revirou-se por inteiro dentro de sua barriguinha extremamente seca, apertando-se ainda mais contra o corpo maior. — Han Yeosang, não percebe o quão patético está sendo agora? Apontando uma faca para sua própria mãe? Perdeu o juízo? E tudo isso por causa desse bastardinho? — Soltou uma risada frouxa, sem nenhum indício real de humor, apenas deboche.

— Minho, ignore-a! Saia daqui agora mesmo! — Yeosang ignorou completamente a fala da mulher, ainda se dirigindo ao Lee, que pousou brevemente os olhos sobre o pequeno corpo trêmulo de Jisung em seu colo, que agora chorava baixinho, molhando o seu moletom com as lágrimas quentes.

Minho pensou em perguntar sobre o que seria de Yeosang, se ficaria ali, se ele não iria consigo e Jisung, mas o olhar do menino, fitando profundamente os seus mirantes, parecia dizer de forma clara, para que ele fosse de uma vez, sem questionamentos. Portanto, não ousaria perder tempo discutindo, não ali, não naquele momento. Tudo que Minho queria era salvar o seu esquilinho. A sua prioridade sempre seria Jisung.

Assentiu para Yeosang, antes de passar correndo pela cozinha, em direção ao quintal. A mulher arregalou os olhos, pensando em todas as consequências que teria de enfrentar, se permitisse que Jisung saísse daquela casa, portanto, gritou. Gritou escandalosamente para que os seguranças do andar superior, ainda parados na porta do quarto de Yeosang, pudessem escutá-la, visto que a casa era imensa e muito provavelmente um grito baixo, não seria capaz de chegar até eles.

Yeosang se desesperou por um momento. Sentindo a faca começar a tremer em sua mão, intercalava o olhar entre o objeto brilhante, extremamente bem afiado e amolado, e a mulher histérica em sua frente.

Pensamentos intrusivos passaram a lhe tomar a mente em forma de vozes, que pareciam lhe diziam o que precisava ser feito, repetidas vezes, tornando sua própria cabeça, um completo caos que junto aos gritos da mulher, lhe colocavam à beira da insanidade. Precisou segurar o próprio pulso da mão que portava a faca, na intenção de tentar amenizar os tremores, mas acabou deixando o objeto cair ao chão.

Yeosang estava fora de si, não sentia que tinha controle do próprio corpo. Ajoelhou-se ao chão, sem forças para continuar se mantendo de pé, sentindo lágrimas grossas se empoçarem em seus olhos e a sua garganta se fechar, tornando-se extremamente difícil respirar. Levou as mãos até o pescoço, como se tentasse se livrar de um aperto, que não existia. As veias sobressaltadas em seu pescoço, o rosto vermelho, Yeosang parecia estar asfixiando.

Pra você guardei o amor | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora