Pra você guardei o amor | Minsung

🩵 49 || Reencontro

A vista da capital completamente iluminada e barulhenta à noite, era estranhamente bonita. Certamente, para o menino Han, nunca chegaria aos pés das belas vistas naturais da Ilha de Jeju, lugar pelo qual tinha tanto apego. Lá era o seu lar, seu único lar.

O lugar que o acolheu, o lugar onde encontrou sua verdadeira família, onde fez amigos incríveis, onde se apaixonou pela primeira vez e onde também descobriu que a vida poderia ser muito mais do que as quatro paredes mofadas de um porão escuro.

Suspirou cansado, fechando os olhos e abaixando a cabeça, que ficou pendente, entre os seus braços, estes que estavam apoiados no guarda-corpo da varanda na luxuosa cobertura.

Mais cedo, depois de acordar de seu desmaio, causado pelo infeliz mal súbito que teve ainda dentro do tribunal, percebeu que já estava em casa, ou melhor, na casa dos Lee.

Ao sair do quarto, ouviu vozes vindas da sala de estar. Pareciam conversar sobre a audiência, também pareciam indignados e raivosos. É claro que estariam. Han também estava. Entretanto, não queria falar sobre aquilo, naquele momento.

Na verdade, não queria falar sobre nada. Só... não queria falar.

Subiu as escadas indo diretamente para a área de lazer da cobertura, que era exatamente onde se encontrava agora. Só queria poder respirar um pouco de ar puro, ou talvez nem tão puro assim, devido ao grande índice de poluição da capital sul-coreana.

Ergueu novamente a cabeça quando sentiu alguns pingos grossos começarem a cair de forma nada sutil em seus braços desnudos, já que só vestia uma regata branca e uma calça de moletom preta. Olhou para cima, em direção ao céu escuro, sem qualquer estrela, fechando os olhos e respirando fundo, esperando sentir o cheirinho de terra molhada que era comum sempre vir acompanhando a chuva na ilha de Jeju, mas novamente, assim como o ar puro, foi um desejo frustrado, pois tudo que conseguiu sentir, foram suas narinas se secando instantaneamente com a péssima qualidade do ar que entrou em uma grande quantidade de forma forçada.

Han tossiu, afastando-se do guarda-corpo, com passos cegos para trás, onde acabou tropeçando em alguma coisa que não foi capaz de identificar, mas felizmente, antes que pudesse cair de bunda no chão já molhado pelos pingos que iam engrossando cada vez mais, sentiu algo amortecer o impacto de seu corpo.

— É a segunda vez, só hoje, que eu preciso correr para te impedir de cair com tudo no chão, esquilinho. — Sorriu, levando uma mecha da franja de Han, que agora estava bem longa, para trás de sua orelha, usando apenas seu dedo indicador.

Minho sentia a água do chão molhar toda a sua calça de moletom, mas não se importava. Faria qualquer coisa para que seu pequeno não se machucasse.

Sentado no colo do Lee, com os braços ao redor do mesmo, entrelaçou os próprios dedos das mãos uns nos outros, deixando seu corpo muito bem colado ao de Minho, enquanto olhava fixamente em seus olhos.

— Por que está aqui sozinho, meu amor? — Lino perguntou, devolvendo o intenso olhar de seu namorado para si, que parecia completamente hipnotizado. — Vamos entrar, hm? Está chovendo. Não quero que pegue um resfriado. — Murmurou, segurando o queixo de Han e depositando um selinho demorado em seus lábios gélidos.

Mas Han não respondeu.

Em vez disso, abaixou a cabeça, apoiando a testa no peitoral do Lee, deixando que as lágrimas quentes aquecessem suas bochechinhas e molhassem o casaco do conjunto de moletom que Minho usava.

Lino logo entendeu que o menor não queria conversar. Só precisava do seu aconchego, do seu calor; apenas precisava de si.

Envolveu seus braços sobre a cintura do menor, abraçando-o e trazendo o seu pequeno corpo para mais perto do próprio, se é que era possível, visto que já conseguia sentir os batimentos cardíacos de Han contra o seu peito, confundindo-se aos seus.