Pra você guardei o amor | Minsung

🩵 44 || Cicatrizes

O teto branco do seu quarto ainda era adornado por pequenas estrelinhas em verde neon.

Se lembrava perfeitamente bem, apesar da pouca idade, do dia em que Suzy, sua babá favorita, havia enfeitado aquele teto todinho para si. Suzy era incrível e fazia jus ao seu posto de babá favorita, pois havia sido a única a conseguir conquistar o pequeno coração do jovem Han. Também havia sido a única funcionária que conseguira lhe suportar por muito mais do que apenas alguns meses. Não que pudesse julgar as que não conseguiram, pois sabia que não havia sido a criança mais fácil de se lidar.

A questão é que Suzy era diferente. Suzy não havia aceitado aquele trabalho visando apenas a grande quantia em dinheiro que seus pais ofereciam, não só por serem muito ricos, mas porque toda vez que uma babá decidia desistir e pedia demissão, precisavam aumentar o salário ofertado, visto que as babás anteriores acabavam comentando umas com as outras sobre "a criança mais insuportável e mimada que eu já cuidei na minha vida".

Suzy não era assim.

Suzy realmente se importava.

Ainda que tivesse lhe dado todos os motivos do mundo para desistir como as outras e simplesmente arranjar uma outra criança mais fácil para cuidar, Suzy não desistiu. Ao contrário disso, a babá teve todo o cuidado e paciência do mundo em tornar "a criança insuportável e mimada", em uma criança feliz.

Uma criança que cresceria sabendo respeitar as pessoas, sabendo que ninguém é melhor do que ninguém, e que não é o tamanho da sua conta bancária que te faz ser alguém melhor ou pior. Uma criança que saberia o que é o amor... Amar e ser amada.

A jovem babá, que na época devia possuir lá pelos seus vinte e poucos anos, havia sido a única pessoa na vida do pequeno Han, que com pequenos gestos, como colar estrelinhas no teto de seu quarto, para que o mesmo não sofresse tanto na hora de dormir, devido ao medo e o desespero que sentia quando as luzes eram apagadas, conseguiu lhe mostrar o que era o amor.

Mas como tudo de bom que existia em sua vida, Suzy também lhe foi tirada. Bem como o seu irmão mais velho, Jisung. Ambos com a justificativa de que não deveriam ter se aproximado demais de si. Fosse Jisung por querer brincar um pouco demais com o próprio irmão, fosse Suzy por ter lhe dado amor demais, chegando ao ponto de até mesmo ser chamada de "mãe" pelo pequeno. Fato esse que não passou despercebido pela senhora Han, que achou um absurdo e acabou demitindo imediatamente a jovem babá, alegando que a mesma havia feito uma lavagem cerebral na cabeça de seu filho.

A questão é que quando Suzy foi embora, Yeosang não aceitou mais de jeito nenhum uma nova babá. Ninguém nunca seria tão incrível como Suzy foi. Ninguém nunca lhe amaria daquela forma novamente. Ninguém nunca cuidaria de si com tanto carinho. Portanto, rejeitou todas que seus pais tentaram contratar em substituição. Sendo assim, acabou sendo mandado para uma escola integral, onde passava todo o seu dia, para quando finalmente chegasse em casa, já de noite, encontrar apenas o seu pratinho posto à mesa, para comer sozinho, com a cozinheira e a governanta lhe observando.

Seus pais lhe tiravam as pessoas de que gostava, mas nunca, jamais, em nenhuma situação, se fizeram presente em sua vida. Yeosang sempre esteve sozinho.

E estava mais uma vez.

Deitado em sua cama, ainda fitando o teto com estrelinhas verde neon, Yeosang estava sozinho. E agora, depois de passar tantos dias olhando para aquelas benditas estrelas, de manhã, de tarde, de noite e de madrugada, Yeosang já não gostava mais tanto delas assim.

Bufou, se levantando e indo até a porta de seu quarto, pronto para tentar mais uma vez chutar aquela madeira que, infelizmente, era maciça, e devido a isso, sequer se abalava com os chutes e socos do menino Yeosang.