29 - Não vá!!!

343 44 31
                                    

Chegamos a um capítulo emocionante... Se bem que todos parecem ter sido até aqui...
Sei que vão ler e dizer "cadê o próximo capítulo!" 😅😅😅 E vou logo respondendo "No fim do dia ele chega!"
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
_ Como assim vai embora? _ o presidente se levanta da sua cadeira, de supetão, a deixando cair para trás com seu impulso nervoso. _ Você está se ouvindo? _ ele dá uma risada nervosa. _ Rag, você está ouvindo esse garoto? 

O sargento de armas me encara sem sorrir, talvez ele leia a verdade em meus olhos, veja a completa ausência de vida em mim, e talvez entenda que é o melhor a fazer, que eu tenho que ir embora para o filho dele poder ser feliz, por isso não diz nada. 

_ É isso mesmo, eu vou embora, vou deixar o clube, vou ser um nômade, rodar por aí, ficar longe daqui… esquecer um pouco tudo isso… _ explico detalhadamente para me fazer entender.

_ VOCÊ NÃO VAI! _ ele grita sua ordem, batendo com o punho na mesa. Foi assim que eu aprendi a dar tantas ordens aos gritos…

Reviro os olhos e solto o ar pelo nariz. _ Você não pode me impedir! _ devolvo. _ Eu não quero ficar aqui, não posso, não posso mais… _ sinto o desespero gritar dentro de mim, como tem feito todos esses dias, semanas, há quase um mês…

Os federais parece que desistiram de nós. Ainda chamaram Magnus mais  umas duas vezes para depor, tentaram conseguir outros mandados para o clube, mas, como não tinham um caso contra nós, não conseguiram entrar novamente na propriedade. Os caras ainda os viram revirando todo o mato ao redor do rancho, sem sucesso… 

Magnus não voltou para o dormitório e continua trabalhando na fazenda. Ainda tentei falar com ele mais algumas vezes, como um cachorro de rua seguindo alguém que o alimenta, mas Magnus não me deixou aproximar, dizendo que não me queria ali. Foi horrível ouvi-lo dizer que não tínhamos mais nada para falar um ao outro. Eu tenho tanto para falar ainda…

Foi Rafael o portador do recado final. _ Magnus mandou um recado _ ele diz, desconsertado com o que tem de falar. _ Ele pede que você não o aborde mais no seu local de trabalho ou em qualquer outro. Pede que respeite seu espaço pessoal… 

Travo meus maxilares e apenas me afasto, antes que enfie um soco no seu rosto. Rafael não tem culpa de nada e eu não vou descontar nele. Não vou! 

Estou cada dia mais retraído, calado, introspectivo e bêbado. Só o álcool me faz dormir, nas madrugadas, só ele me traz Magnus, em sonhos ébrios, nos quais fizemos as pazes e estamos bem. 

Então chega o dia seguinte, no entanto, o inferno se materializa novamente à minha frente. Não suporto mais dar ordens, resolver os problemas do rancho, decidir pelos outros. Não tenho mais vontade de gritar, brigar, me impor. Tenho deixado tudo meio solto, largado, esquecido, e as pessoas parecem perceber minha apatia e tentam me fazer voltar a ser o cara de antes, me instigando, provocando meu mau-humor, mas não tenho ânimo para mais nada. Me sinto meio morto sem Magnus…

Eu sempre o tive, desde a infância. Magnus sempre esteve lá, mesmo que eu não pudesse tocá-lo. Eu o protegia, cuidava dele, zelava pela sua segurança e tudo de mim girava em torno dele. E, quando o tive em minhas mãos, eu o adorei, eu o desejei, e eu o perdi. E quando eu o perdi, perdi a mim mesmo… 

Me culpo diariamente por tê-lo perdido, por tê-lo feito me odiar, me repelir, me negar… E eu, que sempre fui um cara forte, superior, intocável, me sinto vazio, fraco e desanimado.

Nos últimos dias tenho pensado em deixar o clube. Ir embora, subir na minha moto e sumir na estrada, sem olhar para trás. Não suporto ficar longe de Magnus, com ele tão perto… 

Ele não participa das festas, não faz nada que precise estar no mesmo ambiente que eu, como se eu fosse contagioso… uma doença que ele não quer pegar. E isso, em vez de me provocar raiva, o que normalmente aconteceria, me deixa triste… e eu me sinto mais deprimido a cada dia que passa. 

Donos do Mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora