O que fazer?

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             As provas de meio de ano haviam chegado. As semanas de prova eram sempre as mais corridas ao longo do ano. Estudantes que precisavam de nota se esforçavam ao máximo para conseguir o que faltava para não ficar de recuperação e perder uma parte das férias. Os que já tinham nota garantida para evitar recuperação mantinham os estudos para o desempenho não cair e ajudavam quem precisava.

Mas claro que nem todos eram assim. Afinal, isso não é nenhuma regra. Tinham aqueles que deixavam o desespero tomar conta e só sabiam chorar, e da galera que não arriscava recuperação tinha o pessoal que não estava nem aí. Shikamaru era um desses.

O garoto não tinha problema nenhum em auxiliar quem pedisse sua ajuda, mas agradecia mentalmente quando lembrava que estava cercado por alunos com as maiores notas e assim eles se dividiam ensinando quem tinha dificuldade enquanto ele podia só descansar e dormir. Ele era um dos melhores alunos da turma, mas não se esforçava por isso.

Estava deitado em um banco da escola, encarando as nuvens. Uma paz tremenda. Mas algo insistia em aparecer na mente dele. Temari. O modo dela encara-lo era algo que o estava machucando. Ele lembrava como ela o olhava antes, mesmo quando estava brava e com raiva ainda era um olhar acolhedor. E o olhar dela quando o colocou contra a parede, era magoado e repleto de dor. E agora ela nem sequer o olhava mais.

Ele se sentou e passou a encarar o chão. Estava doendo, mais do que ele poderia imaginar. Ele gostava dela, já sabia disso antes, mas o afastamento dela tornou isso algo muito claro. Mordeu o lábio inferior no mesmo momento que sentia a primeira lágrima cair. Não, não podia chorar, não choraria assim, não por uma garota.

Oras, quem ele queria enganar, não era qualquer garota. Nunca seria. Era Temari. Ela era incrível e ele tinha perdido isso.

Shikamaru franziu as sobrancelhas ao ouvir o celular vibrar. Geralmente, deixava o aparelho no silencioso, deve ter tirado sem perceber. Encarou o visor e viu que se tratava de mensagens de Chouji. O amigo que estava bem longe dali tinha mandado um "oi" acompanhado de uma pergunta que naquele momento era tudo que Shikamaru precisava. "Está tudo bem?".

O garoto desabou, lágrimas e mais lágrimas rolaram pelo rosto dele. Tinha pouca gente perambulando pela escola, então ele não fez questão de se preocupar em ir para um lugar que fosse mais reservado.

Shikamaru respondeu com um não e já estava digitando suas frustrações no meio tempo em que Chouji perguntou o motivo. Shikamaru colocou tudo para fora, até certas inseguranças que nem eram tão claras, como não saber o que cursar na faculdade. Ele tinha inteligência o suficiente para entrar em qualquer curso, mas escolher o curso eram outros quinhentos.

Ele tinha fé que Chouji o ajudasse, o amigo sempre foi bem paciente, menos quando a paciência envolvia esperar comida. Mandou a mensagem que acabou ficando bem grande e os minutos que sucederam foram de extrema tensão. Shikamaru estava agitado, nunca tinha ficado daquele jeito. O coração começou a acelerar, ele começou a suar e a chorar mais pesadamente, a angústia foi crescendo.

- Ei. – Shikamaru sentiu alguém tocar seu ombro, mas não sabia dizer quem era, estava tão agitado e nervoso. – Shikamaru.

Era um garoto. Isso ele sabia, mas não era uma voz que estava acostumado. O garoto segurou Shikamaru pelos ombros e o sacudiu sem muito jeito.

- Cara, fala alguma coisa. – Shikamaru levantou os olhos lentamente e deu de cara com Suigetsu que parecia bem preocupado.

Suigetsu se tensionou ao perceber que Shikamaru parecia estar no meio de uma crise de ansiedade. Não sabia muito bem o que fazer. Mas tinha que ajudar.

Konoha High School - Nossa GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora