Capitulo 6: Encontro com as incertezas

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A tranquilidade envolvia-me enquanto me dirigia ao shopping, ao mesmo tempo em que percebia a expressão serena de Roger. Seu rosto formava um contraste marcante com meu nervosismo palpável.

No íntimo, a voz atormentadora de meu pai ecoava, relembrando palavras que incitavam medo ao me aproximar de Roger, misturadas a xingamentos que permeavam minha infância ao lado dele.

Meu coração pulsava com intensidade, transformando-se quase em uma bateria, e meu corpo exalava suor em plena primavera, como se estivéssemos no auge do verão.

Entretanto, a intensidade das batidas do meu coração diminuiu ao chegarmos perto do fliperama. As cores vibrantes e os brilhos cintilantes capturaram minha atenção.

Foi nesse momento que percebi a empolgação de Roger, que adentrou o local como uma criança em um parque de diversões. Compreendi que ali estava o ambiente capaz de despertar seu lado infantil.

Seu semblante era adorável, conquistando-me com sua inocência.

— Então, você vem ou está com medo? — desafiou-me com determinação, despertando em mim uma paixão sutil.

— Só nos seus sonhos, docinho. Não tenho medo algum.

— Eu adoraria que você tivesse medo na vida real. Amarelo é minha cor favorita.

Aproximei-me dele diante da máquina de Tekken. Ele tirou algumas moedas do bolso, enquanto eu, acostumado com a era moderna, encarava a máquina de fliperama como relíquia pré-histórica.

Na nossa primeira partida, escolheu Hwoarang, um mestre no jogo. Mesmo sendo inexperiente no Tekken, escolhi aleatoriamente Christie Monteiro. Roger demonstrava habilidade, mas consegui surpreendê-lo, mexendo nos botões de forma surpreendente.

— Com capoeirista é fácil vencer — provocou ele.

— Quem não sabe brincar não desce pro play — respondi de forma prepotente, preparando-me para o segundo round. Foi quando percebi o rosto de meu pai refletido no vidro da máquina. Assustado, olhei para trás, mas não havia nada ali.

— Você está bem?

Sem conseguir responder, tranquei-me no banheiro, transformando um momento agradável em um pesadelo ao ser assombrado pela memória de meu pai.

Corri para a pia do banheiro, lavando o rosto e encarando o espelho, onde seu sorriso me provocava.

— O QUE FOI, SEU BEBÊ CHORÃO? COM MEDO?

— Cala a boca, para de falar comigo!

— UM COVARDE INÚTIL E IMPRESTÁVEL, IGUAL A MAMÃEZINHA MORTA!

— EU MANDEI PARAR DE FALAR! — soquei o vidro, vendo seu reflexo nos cacos, insultando-me.

Encolhido no banheiro, gritava incontrolavelmente com sua memória me atormentando. Lágrimas molhavam o chão, mas o chamado de Roger me despertou.

Roger encarou minha face triste com preocupação.

— Jin, o que está acontecendo?

— Desculpe, preciso sair daqui, tudo bem para você?

— Sim, está tudo bem, vamos.

Saímos do fliperama, mas antes de ir, vi Roger pegar um guardanapo. Com meu psicológico abalado, chorei pelas ruas até cair em um banco de praça, sem forças.

— Sou patético, não consigo nada, não me defendo, não sou bom, nem consigo ficar com o menino que gosto.

— Ei, você não é patético. Pelo contrário, é legal, fofo, engraçado, e até um verdadeiro gostoso.

— Sério? Você acha isso mesmo?

— Por que não acharia? É a verdade.

Coloquei minha mão sobre a dele, mas antes de agir, ele envolveu o guardanapo, pressionando minha mão contra ele. Sorri docemente quando ele segurou minha mão, e, sem medo, o beijei. Desta vez, agi com segurança, sentindo seu calor, amor e reciprocidade em seu toque carinhoso.

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