Seu toque sob minha pele era uma constante, uma sinfonia delicada que fazia meu corpo vibrar. Os lábios dele entregavam o amor que eu tanto ansiava nos últimos dias, uma entrega intensa que me envolvia por completo. A suavidade e firmeza de seus dedos deslizando pela minha pele provocavam arrepios, como uma melodia acariciando os sentidos.
Enquanto me perdia naquele momento, pensava em maneiras de retribuir toda aquela entrega. Sua presença era como uma promessa de paixão que eu não poderia ignorar. No entanto, meu devaneio foi abruptamente interrompido quando minha mente retornou à realidade.
Estávamos ambos à beira de remover as roupas um do outro, uma proximidade tentadora que elevava a temperatura ao nosso redor. Quando suas mãos começaram a deslizar em direção às minhas calças, segurei seus dedos ligeiros e sussurrei em seu ouvido com um misto de diversão e carinho:
— Vamos com calma, apressadinho.
Ele retornou meu olhar antes tomado por desejo, mas agora exibia um toque de surpresa. Parecia que estávamos prestes a esquecer o mundo ao nosso redor, quando a consciência nos trouxe de volta. Estávamos no meio da rua, prestes a nos despir, e precisávamos de um pouco mais de discrição.
— E... desculpa, esqueci que estávamos no meio da rua — ele disse, recobrando a consciência da situação. Seus olhos, antes cheios de desejo, agora exibiam um rubor inconfundível em sua pele parda.
Soltei um riso discreto, um divertimento silencioso diante da sua expressão desconcertada. Devia encontrar uma forma de disfarçar meu prazer em vê-lo sem jeito.
— Nossa, me deu um calor. Topa tomar um sorvete?
— Com você, eu tomo tudo. Um sorvete, um café, um suco, um banho... — ele respondeu, ainda um pouco atordoado. Parecia que a dinâmica entre nós tinha virado, conforme a regra do feitiço contra o feiticeiro.
Agarrei sua mão boa, e ele me conduziu até a sorveteria que conhecia. A beleza singular dele era algo que eu mal podia imaginar ter encontrado.
Sentados do lado de fora, pedimos nossas escolhas, e enquanto saboreávamos o gelado, a conversa fluía naturalmente. A curiosidade sobre as preferências um do outro, revelando aspectos de nossas personalidades que talvez não soubéssemos lidar.
— Então, o que gosta de fazer?
— Sou mais de ficar em casa. Não sou do tipo mais sociável do mundo.
— Bem, dizem que opostos se atraem.
— Bom, então acho que temos um problema.
— Ah, é? Qual seria, Sr. Shimada?
— Você gosta de ser sociável, eu não sou de dividir o que é meu.
— Então eu sou seu, é isso mesmo?
— Se você está dizendo.
Numa mistura de provocação e descontração, a conversa continuava. Um jogo sutil de sedução, onde as palavras dançavam entre nós. Até que algo frio tocou minha bochecha. Uma lambuzada de sua casquinha de sorvete. Vinguei-me marcando seu nariz com meu gelado, dando início a uma troca divertida.
Voltamos a conversar, rindo e compartilhando momentos descontraídos. Quando chegou a hora de cada um ir para seu destino, a gentileza o levou a me deixar em casa, um gesto carinhoso que superava todas as paixões anteriores.
— Ta entregue o iFood — brincou, marcando o fim da jornada do dia.
— Ah, valeu por me trazer em casa. Foi bom passar o dia com você.
— Eu que agradeço. Foi um prazer trazer um gostoso de volta para casa.
Sem jeito, cuspi uma provocação leve:
— Você fala como se já tivesse me experimentado.
— Bom, eu acho que todo cliente já imaginou o gosto de uma comida que vê no cardápio.
— Em vez de ficar imaginando, por que não vem e prova?
— Eu só não te provo porque já estou satisfeito. E também, é coisa demais para comer em um dia só.
Com um sorriso sem graça, dei de ombros e entrei em casa, me despedindo com um beijo na testa. Dentro de casa, corri até meu quarto, troquei de roupa, e pela primeira vez, agi feito louco e liguei para a Nyx.
— Alô, Nyx, mulher, preciso te falar uma coisa.
— Jin, o que houve, é fofoca?
— Então... Sabe o Roger... acho que estamos... namorando... talvez.
— Não é que o negão veio mesmo!
— Ah, cala boca, Nyx, não está ajudando.
— Tá, desculpa, mas e aí, estão namorando mesmo?
— Bem... eu acho... eu não sei, talvez... sei lá.
— Você é mais confuso que uma mulher, misericórdia.
— Ah, não vem com essa. Até hoje você não deu em cima do Rafael, me deixa.
— Isso, joga na minha cara, joga na minha cara mesmo que você tem mais atitude que eu, filho da puta.
Ri incontrolavelmente diante da reação irritada e dos xingamentos dela.
Visão do Roger
Voltei para casa, questionando-me sobre qual seria minha próxima ação. Poderia ligar para o Rafa e contar as novidades, mas também era tentador apenas sentar no sofá e assistir ao The Noite.
No fim, ambas as opções faziam sentido. Sentado no sofá, zapeei a TV enquanto discava o número do Rafa.
— Oh, meu querido, tenho uns negócios para te contar.
— Opaaaa, desembucha.
— Como posso dizer... há a possibilidade de ocorrer um assassinato no colégio.
— Tomara que seja da Laura ou do Miguel.
— Então, vão me assassinar, seu idiota.
— Ah, é paia.
— E, Rafael, eu vou mesmo jogar no Vasco.
— Mas por que você vai jogar no Vasco
— posso saber?
— Talvez eu tenha pegado o macho mais desejado da porra do colégio.
— Pera... VOCÊ TA DANDO PRO JIN?
— Não, to comendo sua mãe, idiota. Claro que estou pegando o Jin.
— Se encontrar ela, me diz onde que ela tá, porque ela tá que nem seu pai, foi inventar a nicotina e não voltou mais.
Conversamos bastante. Em alguns momentos, lembrei-me do dia, e escutei Rafa dizer algo que me encheu de orgulho.
— Vou chamar a Nyx pra sair amanhã.
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Amor Sublime
Roman d'amourAs vezes você pode encontrar a pessoa amada em muitos lugares, nas situações mais inesperadas, mas e isso que torna ele sublime, eu encontrei meu amor de uma única maneira, encontrei enquanto brigava com ele