Capítulo 20: Convivendo com a dor

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Visão do Roger

Havia alguns dias que a dor me consumia, uma dor profunda alimentada pelas lembranças do que aconteceu. A imagem de Jin machucado era como ter vermes devorando meu interior.

Recordar cada detalhe era como reviver um pesadelo. O ápice do sofrimento veio quando cheguei à rua da escola, meu olhar involuntariamente se dirigiu para a estrada, onde manchas de sangue ainda testemunhavam a tragédia de Jin.

Ao longo do dia, uma irritação avassaladora tomou conta de mim. No entanto, essa raiva não era direcionada a mim mesmo, mas sim a Ren.

A revolta era alimentada pela lembrança daquele soco desferido pelo desgraçado do Ren, o golpe que lançou Jin para a rua, resultando no fatídico atropelamento.

A dor misturava-se com a ira, criando um coquetel de emoções intensas que parecia insuportável. Cada pensamento sobre aquele momento me empurrava mais fundo para a espiral do sofrimento, enquanto eu lutava para encontrar uma forma de lidar com a culpabilidade e a raiva pulsando dentro de mim.

Após o término do dia letivo, dirigi-me ao hospital. Ao chegar, realizei o procedimento habitual na recepção e segui para o quarto do Jin.

Encarei aquele rosto sereno adormecido, seus cabelos espalhados delicadamente sobre o travesseiro, sua cabeça envolta por uma faixa. A cena era dolorosa, mas também transmitia uma sensação de esperança, pois Jin parecia estar em paz, lutando pela recuperação. Então, com um suspiro profundo, acomodei-me ao seu lado, preparado para enfrentar os desafios que a jornada pela frente traria.

Fiquei durante a noite inteira ali, naquele quarto de hospital. Foi então que escutei alguém batendo na porta, despertando-me de meus pensamentos. Era uma das enfermeiras.

— Desculpe incomodar, mas é hora dos procedimentos noturnos. Precisam de alguma coisa? - perguntou ela, com um tom suave.

Agradeci pelo cuidado e expliquei que estava bem, mas preocupado com o estado de Jin. A enfermeira compartilhou algumas informações sobre a evolução do quadro clínico dele, trazendo um pouco de alívio, mas a incerteza ainda pairava no ar.

Enquanto ela realizava os procedimentos, retomei meu lugar ao lado de Jin, observando seu rosto tranquilo enquanto a enfermeira trabalhava com delicadeza. A sala de hospital, com seus sons monótonos e luzes fracas, tornou-se um cenário que refletia a incerteza e a esperança mescladas.

Ao finalizar, a enfermeira desejou melhoras e deixou o quarto com um sorriso solidário. Eu agradeci mais uma vez, agora sentindo a solidão e o peso do momento.

De volta à vigília ao lado de Jin, eu me propus a ser o apoio que ele precisava naquela jornada difícil. A noite continuou silenciosa, interrompida apenas pelos ruídos esporádicos dos corredores do hospital. E ali permaneci, enfrentando a escuridão da noite com a esperança de que o amanhecer trouxesse notícias mais reconfortantes.

No amanhecer, deixei Jin com um beijo em sua testa e parti em direção à escola. Contudo, tive o desprazer de encontrar Renshi.

Seu olhar cruzou o meu, e uma tensão imediata preencheu o espaço entre nós. As palavras não eram necessárias; a presença de Ren já era o suficiente para reacender a raiva que havia sido temporariamente substituída pelas preocupações com Jin.

Ele se aproximou com uma expressão indecifrável, provavelmente ciente do clima tenso. Segurei meu impulso de confrontá-lo ali mesmo, lembrando-me de que o momento era inadequado e que meu foco estava em Jin.

— Como ele está? - Ren perguntou, sua voz revelando uma mistura de curiosidade e talvez uma ponta de remorso.

Engoli em seco, controlando a explosão de emoções dentro de mim. Não era o momento para confrontos. Informei sobre a situação de Jin de maneira direta, sem prolongar a conversa além do necessário. Ren permaneceu em silêncio por um momento, como se estivesse processando as informações.

— Espero que ele melhore logo. - Foi tudo o que disse antes de se afastar, deixando-me com uma mistura de emoções difíceis de decifrar.

Continuei meu caminho em direção à escola, tentando manter a calma, mas a presença de Ren ainda ecoava em minha mente. Cheguei à escola com um peso adicional, ciente de que a batalha emocional estava longe de terminar, mas decidido a focar nas notícias sobre Jin e em lidar com as consequências do encontro com Ren no momento certo.

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