Capítulo 40: Se ajeitando para a verdade

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Visão do Roger

Eu estava no meu quarto, suando frio, me revirando como se pudesse escapar daquele medo crescente que apertava meu peito. Um par de olhos impiedosos me encarava com uma intensidade quase teatral, como se cada piscada fosse um lembrete do meu iminente fim.

— Roger, pelo amor de Deus, fala logo por que a gente tá aqui, seu pau no cu! — Nyx disparou com sua costumeira falta de filtro, enquanto Melissa, ao lado, cruzava os braços e soltava um suspiro de impaciência, claramente cada vez mais irritada.

Eu engoli em seco. Agora ou nunca.

— Olha, o negócio é o seguinte... — comecei, hesitando mais do que deveria. — Eu prometi para o Jin que ele podia dormir aqui comigo. Só que, bom... Ele provavelmente vai querer... comer meu cu, e eu não faço a menor ideia de como lidar com isso.

O silêncio que se seguiu foi tão denso que dava para cortar com uma faca.

Até que Melissa, sem perder um segundo, respondeu com a objetividade de quem resolve o problema mais simples do mundo:

— Ué, é fácil. Fica de quatro, morde a fronha, e pronto! Problema resolvido.

Eu engasguei, tentando processar a simplicidade casual daquela frase.

— Porra, cabelo de macarrão! — explodi, minha voz beirando o desespero. — Eu nunca transei na vida, caralho! Nem sei como se faz isso, imagina ainda ter que morder fronha!

A indignação no meu tom estava clara. Eu estava prestes a ser jogado no abismo da inexperiência sexual, e Melissa falava como se fosse a coisa mais trivial do mundo, tipo escolher entre comer sushi ou pedir hambúrguer no aplicativo.

Nyx, já sem paciência, estendeu a mão e, num movimento rápido, arrancou o celular da minha mão. Ela não pediu, ela simplesmente tomou o celular como quem toma as rédeas da situação sem pensar duas vezes. Eu, claro, fiquei ali, boquiaberto, prestes a soltar uma série de palavrões, mas fui subitamente contido quando ela ligou para ele.

— Fala, viado! — Nyx começou com um tom que pingava sarcasmo. — O negão me contou que você vai dormir na casa dele nesse fim de semana.

Do outro lado da linha, Jin respondeu com a habitual tranquilidade de quem não tem ideia do turbilhão que estava se formando.

— Ah, vou sim. Meu avô deixou, então acho que não vai ter problema. — A voz de Jin soava casual, mas logo veio a pergunta que ele não pôde evitar: — Mas... por que diabos você tá me ligando do celular dele, Nyx?

Ela suspirou como quem se preparava para explicar o básico a uma criança de dois anos.

— Bom, é que ele tá surtando aqui. O Roger tá com medo de você querer comer ele, e o menino nunca deu o cu na vida. Coitado, nunca viu nem um cara pelado! Eu liguei porque, sabe como é, queria saber se você tem alguma ideia, já que, né... você é quem vai fazer o serviço.

Escutei uma risada abafada do outro lado da linha, a clássica risada de Jin, que soava baixa, mas sempre fazia meu estômago dar uma volta. Nyx olhou para mim com uma sobrancelha levantada e um sorriso de canto. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela estendeu o celular de volta. Tomei o aparelho da mão dela com uma pressa que beirava o desespero, levando-o ao ouvido como se fosse um salva-vidas.

— Jin, e aí, amor... como você tá?

— Amor, você tá com medo da gente ir para cama e nem me contou? — ele soltou, com aquele tom suave e brincalhão de sempre.

Eu podia sentir minhas bochechas queimando, o constrangimento subindo como uma maré avassaladora.

— Olha, não é bem medo, tá mais para insegurança, sabe? — eu comecei a me enrolar, tentando manter a calma. — Você já transou e eu só sei... bom, fazer cinco contra um.

O silêncio do outro lado foi quebrado pela voz gentil de Jin, quase como se ele estivesse rindo por dentro.

— Roger, amor da minha vida, você podia ter falado comigo antes. Eu podia te ajudar, sabe? — a suavidade da fala dele só piorava meu embaraço.

Eu respirei fundo, pensando no que dizer antes de soltar a pergunta óbvia.

— Mas o que você podia fazer, Jin? Você ia me ensinar como transar, por acaso?

— Na verdade, sim. Eu ia te ensinar. — A resposta veio rápida, com um tom tão casual que me deixou estático.

— Pera você vai mesmo me ensinar a transar, tipo ensinar seu namorado fazer sexo com você?

— Eu ia, sim, até porque seria bem divertido ser seu professor, meu amorzinho, imagina o quão sensual seria eu te punindo por você ser um aluno levado.

Meu rosto estava tão quente que parecia uma chaleira prestes a ferver. Com a mente em turbilhão, desliguei o celular de forma ligeira, como se tivesse evitado uma bomba-relógio. Em seguida, voltei meu olhar para as duas moças que me observavam, a expectativa quase palpável no ar.

— Então, o que foi que rolou? — ambas perguntaram em uníssono, com as sobrancelhas arqueadas, parecendo mais curiosas do que nunca.

Um pequeno sorriso se formou nos meus lábios enquanto pensava no que acabara de acontecer. Olhei para as duas, respirando fundo antes de responder de maneira rápida e com um toque de ironia:

— Acho que vou ter uma aula extracurricular.

O olhar de Nyx se iluminou, enquanto Melissa mal conseguia conter uma risada. A tensão no ar se dissipou, e eu me senti um pouco mais leve, como se, de alguma forma, eu tivesse encontrado um jeito de transformar todo aquele nervosismo em algo um pouco mais divertido.

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