Capítulo 32: incontáveis cicatrizes

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— Você não vai querer saber sobre mim... disse de maneira melancólica, pensando que o Roger notaria que eu estava desconfortável ao falar daquilo.

— Na verdade, eu quero, mas se você não tá bom para falar disso, então, melhor nem começarmos, vamos voltar ao trabalho, antes que fique tardiamente para você voltar para casa.

Assim, prosseguindo com a tarefa desgastante de organizar aquele quanto, nós mantivemos a tarde toda. Até que o anoitecer chegou.

20:00 da noite, vovô ficaria uma arará se eu chegasse tão tarde e não avisasse onde eu estava até essa hora.

— Acho que acabamos, posso enfim ir para casa, vou ligar para o meu avô, posso usar seu celular? — Roger pegou o aparelho passando ele para mim, foi quando uma piada de sentido incerto veio de seus lábios.

— Se quiser, pode usar meu chuveiro também — minha face tornou-se um vermelho intenso e quente que inevitavelmente foi notado por ele.

— Está pedindo para eu tomar um banho na sua casa?

— Que foi, vai olhar na minha cara é dizer que você não pensou além disso?

Ele me silenciou com uma afirmação tão acertada que doía perceber como ele conhecia minha personalidade. Talvez, em alguns momentos, eu tenha realmente considerado tomar banho com o próprio Roger, mas isso estava em recantos tão sombrios da minha mente que sinceramente não imaginei que passaria pela cabeça dele.

— Olha... eu não vou mentir que já tive essa ideia, mas não estará sendo muito abuso da minha parte?

— Já abuso um gostoso como você não tá na cama... brincadeira, mas assim se você quiser dou essa colher de chá

— Vou só avisar meu avô — Roger então assentiu com a cabeça, eu então liguei para o velho, o telefone de casa estava sem qualquer tipo de sinal, então liguei para o seu celular pessoal onde deixei uma mensagem

— Oi, vô, eu tô ajudando um amigo e notei que ficou um pouco mais tarde, então vou tomar banho aqui e quem sabe passar a noite aqui, volto para casa de manhã beijo.

Quando me viro vejo Roger me olhar de forma sarcástica e brincalhona com seus braços cruzados contra o peito — Passar a noite é?

— E àquilo, o senhor não tinha que estar no chuveiro?

Roger estendeu a mão pegando o celular de volta enquanto eu apenas o vi sair tendo uma certa hospitalidade ali.

Assim que ele foi para o banheiro, eu comecei a explorar a casa, tudo era bem organizado, sua sala com uma TV modesta, uma rede do lado de fora, sua cozinha aconchegante.

No andar de cima havia seu quarto, a porta estava ali aberta, eu sabia que seria errado entrar em seu quarto sem sua permissão, então mesmo com tudo gritando para que eu fizesse, só voltei para a sala e fiquei feito bobó sentado ali.

Algumas horas se passaram, do andar de cima notei a porta do banheiro se abrir, seus passos são ouvidos vindo dos degraus atrás de mim ficando de joelhos sobre o sofá vejo o moreno usando um moletom branco e calças bem confortáveis.

— Tudo certo, pode ir se lavar que eu cuido do rango — levanto do sofá e, com um olhar surpreso, o encaro.

— Nossa, você cozinha? Isso é novidade para mim.

— Você não sabe nem a metade, então se manda para o banho que o cheirinho já tá forte aqui.

E assim, com todo esse amor e delicadeza, me mandei para o banho.

Ao vasculhar o cômodo, percebi que alguém havia deixado algumas coisas sobre o cesto de roupas: uma toalha cheirosa e uma muda de roupas. Fiquei imaginando quanto esforço o Roger teria dedicado para preparar tudo isso, pensando em mim.

Amor SublimeOnde histórias criam vida. Descubra agora