Capítulo 39: Só eu posso vê-lo assim

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Os dias foram passando, eram tão rápidos quanto os ponteiros do Relógio ou mesmo as folhas de um calendário, com essa passagem tão fugaz meu amor por Roger crescia a cada instante que passávamos unidos.

Seja no meu quarto assistindo a um filme, na escola compartilhando o almoço, ou ouvindo os planos de futuro do Roger, ou ainda sentados na grama como dois adolescentes fazendo aqueles testes bobos que achávamos na internet.

Claro, muitas vezes essa conexão era um pouco mais intensa. Especialmente nos momentos mais proibidos, como quando nos escondíamos no banheiro da escola, tentando sufocar risos e beijos entre sussurros apressados, ou nos perdíamos um no outro atrás da quadra, longe de olhares curiosos. Seja onde fosse, éramos inseparáveis – carne e unha, como as pessoas costumam dizer.

Eu não poderia querer mais nada. Minha vida estava tranquila, meus estudos iam bem e, finalmente, eu tinha um namorado que não era um babaca. Depois de tantas decepções, era como respirar ar fresco. Acho que, naquele momento, eu realmente acreditava que nada poderia ser melhor.

Mas o amor, por mais doce e viciante que fosse, tinha suas próprias regras. E a verdade é que ele era imprevisível.

Então, no começo da semana, avisaram que alguns horários das aulas seriam mudados. Para mim, aquilo não parecia motivo de tanto alarde. Afinal, era só a aula de Ciências que ia ficar antes da de português. E, sinceramente, eu não via razão para me preocupar com uma simples troca de horários.

As outras pessoas pareciam estressadas com a mudança, mas eu só pensava que isso não ia afetar em nada meu dia.

Pelo menos era o que eu pensava, foi quando alguns minutos antes do Intervalo o diretor passou anunciando que iria permitir o ginásio ficar aberto com alguns equipamentos para esportes, seja as bolas de futebol ou as de basquete.

O intervalo prosseguiria normalmente, assim pensei, até notar que Roger parecia não me dar atenção. Ele simplesmente correu em direção ao ginásio, como se eu não existisse. Uma pequena mágoa tomou conta do meu coração. Meu amor havia me deixado para ir jogar em um ginásio, e, embora internamente eu o ofendesse, não consegui evitar que meus pés se movessem na direção do mesmo lugar.

Eu estava determinado a descobrir o que era tão irresistível a ponto de me trocar por isso. Assim que coloquei os pés na quadra, avistei Roger à distância, envolvido em um jogo de par ou ímpar com os outros meninos. Assim que ele acertou "par", um frio na barriga tomou conta de mim enquanto o observava tirar a camisa. Ele se dirigiu a um grupo de garotos que estavam igualmente sem camisa, todos exibindo seus torsos expostos ao calor do dia.

Um desconforto repentino se apoderou de mim ao notar Roger apenas de shorts, seu torso nu à vista de todos. A sensação de vulnerabilidade e ciúmes me invadiu, e, sem pensar duas vezes, saí da arquibancada. Antes que a partida de futebol realmente começasse, fui em direção a Roger, determinado a fazer algo.

Com as mãos trêmulas, mas firmes, agarrei a camisa dele. Olhando-o nos olhos com seriedade, disse, quase em um sussurro intenso:

— Coloca essa camisa agora.

Ele me encarou, confuso e um tanto irritado.

— Jin, eu só vou jogar futebol! — respondeu, como se isso justificasse sua decisão.

Vendo que aquela batalha seria difícil, decidi agir. Puxei-o pelo braço, arrastando-o para fora do ginásio.

— Se não vai jogar vestido, não vai jogar de jeito nenhum! — afirmei com convicção, determinado a não deixar que ele se expusesse assim, comecei a puxá-lo para fora do ginásio, enquanto todos me observavam como se eu fosse louco, assim como Roger, que, sem pensar duas vezes, me levou até o vestiário. A expressão dele era de confusão, mas eu não me importava com o que os outros pensavam.

— Amor, que bicho te mordeu, hein? — ele perguntou, tentando manter o tom leve.

— Roger Campos, você realmente acha que vou deixar você participar dessa pouca-vergonha? — retruquei, a frustração evidente na minha voz.

— Jin, é só um monte de rapazes jogando futebol! — respondeu ele, como se isso fosse uma explicação suficiente.

Cruzei os braços em protesto, lançando a Roger um olhar de descontentamento. A tensão entre nós parecia palpável.

— Correção: é um monte de rapazes sem camisa vendo meu namorado jogar futebol sem camisa — corrigi, a indignação transparecendo nas minhas palavras.

Roger arqueou uma sobrancelha, um sorriso provocativo se formando em seus lábios.

— Jin Woo Shimada, você não vai me dizer que está com ciúmes de mim? — ele perguntou, a brincadeira em sua voz contrastando com a seriedade do momento.

— E eu estou, sim! — exclamei, a frustração fervendo dentro de mim. — Porque você me trocou para jogar futebol e não me contou. Porque você decidiu jogar com um monte de macho sem camisa!

A tensão entre nós aumentava, mas, de alguma forma, essa conversa apenas reforçava o que eu sentia por ele. Eu não queria que ele pensasse que era apenas um capricho; era sobre o que significava para nós.

Ele se aproximou, sentando-se no banco onde eu estava repousado. Seus dedos se dirigiram ao meu queixo, segurando-o suavemente, fazendo meu coração acelerar.

— Amor, isso é muito fofo — começou ele, seu olhar sincero em meus olhos —, mas eu só pensei que poderíamos variar um pouco. Além disso, eu só estou jogando naquele time porque perdi na escolha.

— Oxi! Então fala com quem escolheu. Você é meu macho, e só eu posso vê-lo assim! — respondi, a indignação evidente na minha voz.

Ele segurou meu queixo com mais firmeza, inclinando-se até que seus lábios se encontrassem com os meus, selando um beijo suave naquele instante. O mundo ao nosso redor parecia desaparecer.

— Amor, vamos fazer um trato — sugeriu ele, o sorriso brincando em seus lábios. — Você me deixa jogar sem camisa, em troca eu te dou uma coisa.

— O que seria, Senhor Campos? — perguntei, a curiosidade misturada com uma leve desconfiança.

— No final de semana, deixo você me marcar inteiro. Assim, se alguém me ver sem camisa, vai saber que sou todo seu.

Levantei uma sobrancelha, um sorriso involuntário surgindo no meu rosto, mas minha mente rapidamente lembrou do que aquilo implicaria.

— Você sabe que isso implicaria naquilo, né? — eu o lembrei, olhando fixamente para ele.

Roger soltou um suspiro, mas acabou concordando, sua expressão misturando diversão e determinação. Olhei de volta para ele enquanto sugeria algo que ele considerou absurdo.

— Eu não poderia ficar na sua frente para cobrir seu corpo. Eles têm mesmo que ver o meu Negão — disse eu, a provocação nos meus lábios.

— Jin, você iria me atrapalhar — ele riu, balançando a cabeça. — Além disso, eles só podem olhar. Você tem mais privilégios; você pode receber quantos beijos quiser do negão aqui.

A conversa fluiu naturalmente entre nós, cada palavra carregada de provocações e afeto, enquanto os sentimentos de possessividade e amor se entrelaçavam.

Assim que voltamos para o ginásio, me instalei em um canto da quadra, observando Roger jogar. Cada movimento dele era ágil e confiante, mas eu não conseguia desviar o olhar dos outros rapazes ao redor. Fiquei atento, vigilante, analisando cada um deles que ousasse chegar perto do meu namorado, como se todos quisessem tirar uma casquinha dele.

À medida que o jogo avançava para o segundo tempo, uma nova sensação começou a se formar dentro de mim. Em meio à agitação e aos gritos da torcida, minha mente divagava. Foi então que percebi algo importante: naquele fim de semana, Roger e eu teríamos nossa primeira noite juntos como um casal, oficialmente. A ideia me fez sentir uma mistura de ansiedade e expectativa, como se aquele momento fosse uma porta para um novo capítulo em nossa relação.

Enquanto observava Roger driblar e correr, a empolgação do jogo se misturava à minha própria empolgação por tudo o que estava por vir. Essa nova fase em nossas vidas, repleta de promessas e descobertas, fez meu coração acelerar, e eu não pude deixar de sorrir ao imaginar como seria passar aquela noite ao lado dele.

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