Ashera - Ziam (Hiatus)

Prólogo

# mais negrito presenta diálogo por pensamento.

Eu tive que repostar o capítulo, pq o wattpad não atualizava o novo conteúdo, que pena perder as estrelas do primeiro capítulo.

———————————-

Março de 1802

Era um mês difícil para os Malik. Yaser não estava tendo muita sorte em vender seus tapetes, apesar da boa qualidade, a concorrência era grande. Tinham somente um filho, Zayn, de seis anos. Um mestiço de beleza singular, de pai árabe e mãe inglesa. Yaser viajava por muitos países e foi assim que conheceu Trisha Baker.

Um amor proibido.

A casa Malik era respeitada e temida por seus mistérios. Alguns diziam que eram abençoados pelos Deuses, e outros que diziam que os Malik eram usuários de magia. O jovem Yaser então teria que escolher entre o legado de sua família ou seu primeiro amor.

Yaser nunca gostou de sua "maldição", não gostava dos dons que lhe foram dados, foi fácil para ele deixar tudo para trás e fugir com sua amada. Foi complicado para os dois viverem com tão pouco, a venda de tapetes não supria todas as suas necessidades e agora, com o jovem Zayn, as coisas só pioravam.

Era um dia de calor intenso ainda mais dentro da pequena choupana que eles chamavam de casa. Aquilo ali parecia mais um forno.

Tudo pareceu ainda pior quando seu pequeno começou a chorar de fome e calor.

— Acalme-se Z, seu pai já está para chegar, nos trará pão... Por favor, acalma-se – falou tentando não transparecer seu desespero.

— Eu sei mamãe, mas está tão quente aqui! – disse manhoso fazendo bico.

— Eu sei querido, e você nem tem que usar esse hijab – disse se referindo ao lenço que cobria seus cabelos e pescoço. Ela não gostava, porém era obrigada a usar sempre.

Era a vida que escolheu e esse era só um dos sacrifícios que tinha que conviver para viver com seu marido naquele país. Trisha sonhava com o dia que conseguiriam dinheiro para viajar de volta para Europa, ela sabia que sua família os ampararia. Os Baker, uma família nobre londrina, também continha seus mistérios. Os Baker eram conhecidos por terem uma saúde inabalável, uma família de longevidade invejável.

— Se eu pudesse, eu... Eu faria aqui ficar mais frio, mamãe... Você também está com muito calor, você está sofrendo, eu não gosto de ver a mamãe sofrendo.

A mulher sorriu com as preocupações infantis do filho, se esse fosse o maior dos seus problemas. Às vezes não tinham o que comer e, quando tinham, os pais davam preferência ao garoto. Olhou para os olhos do filho e sorriu. Estava tão distraída que não notou as pupilas do garoto se dilatarem, enquanto em seu colo, chupava o dedão da mão esquerda e sussurrava:

— Frio... Que frio bom, mamãe... – Por um momento ela achou que o garoto delirava.

— Z? 

Só então observando o vapor quente que saía de seus lábios, seguido do súbito frio na choupana.

— Zayn? – Ele chacoalhou o menor em seu colo, assustada.

Não podia acreditar que seu filho tinha herdado os dons do marido. Ele tinha lhe confidenciado tudo sobre os Malik e seu ódio por aquelas coisas que, segundo o mesmo, eram anormais. Ele ficava feliz em dizer que seu filho não herdaria tais dons.

Mas Zayn os tinha e Trisha já sabia disso. Ela tinha receio de contar ao marido e vê-lo rejeitar o próprio filho. Isso só a deixava ainda pior, Trisha nunca se sentiu normal, no final das contas, tinha dons, diferentes dos que Yaser renegava, mas ainda assim magníficos. Nunca ficava doente, e, caso se cortasse, a ferida se curava rapidamente. Nunca teve coragem de se abrir com o marido e isso só ficou ainda mais difícil quando ele falou de sua família.