CAPÍTULO 02

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 HARLEY

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 HARLEY

Mais uma vez, impaciente olhei pro relógio da parede pra ver que ainda faltavam dez minutos pro fim do expediente. A sensação era que o tempo estava passando a conta-gotas. Estava ansiosa pois hoje faria uma importante prova do meu curso de Administração.

Infelizmente não consegui me preparar o suficiente pra prova, pois na esquina da minha casa tem um bar, e na noite passada colocaram um funk nas alturas, me impossibilitando de seguir qualquer linha de raciocínio com coerência.

— Harley me ajuda aqui. — Camila, minha colega de trabalho me chamou.

Fui até ela, e começamos a recolher as calças jeans que estavam expostas nas araras e dobrar, como fazíamos todos os dias no fim do expediente.

Havia dois anos que consegui emprego como vendedora em uma loja de roupas, ganhava um salário-mínimo e quando batíamos a meta de vendas do mês, ganhávamos uma gratificação o que era bom, e ajudava minha avó com as contas da casa, e ainda sobrava um pouco pra arcar com os gastos do curso.

Era bem cansativo, mas eu gostava do trabalho pois amava trabalhar com a moda, e nossa equipe era bem unida. Mas a um ano e meio atrás, resolvi fazer faculdade de Administração e conforme os semestres têm avançado, tem se tornado um tanto desafiador continuar trabalhando como vendedora.

Tenho passado noites em claro e uso meu horário do almoço pra estudar, mas ainda assim não tenho obtido o desempenho desejado.

Após finalizarmos a organização das roupas e fechar a loja, corri pro banheiro dos funcionários pra tomar um banho. Vesti as roupas com pressa e conferi minha imagem no espelho: meu cabelo crespo cacheado estava um pouco desalinhado, mas bonito e nos lábios apenas um gloss; pois não gostava de ir pra faculdade maquiada.

— Boa noite pessoal! — peguei meu capacete, e despedi-me dos meus colegas, caminhando pra fora da loja.

— Boa noite Harley, boa aula! — Pedro, o gerente da loja falou.

— Obrigada!

Antes de começar a faculdade, conseguir juntar um pouco de dinheiro e comprar uma moto biz usada, mas que funcionava muito bem, e sempre levava ela pra revisão, pois ela era meu xodózinho.

Trinta minutos depois, e após enfrentar o trânsito caótico da noite cuiabana, cá estava eu adentrando minha sala de aula, que já se encontrava lotada de alunos. Uns ainda folheavam os cadernos e outros conversavam.

Caminhei até o meu lugar de todos os dias, me sentando ao lado da minha amiga Barbara que era o oposto de mim na aparência, na vida e em tudo.

Enquanto eu era uma mulher negra, de volumosos cabelos cacheados, esguia mais com curvas em cada parte do meu corpo. Ela tinha um longo cabelo loiro, e olhos verdes e era bem maluquinha. A mãe dela é uma empresária bem-sucedida que praticamente a obrigou a fazer o curso, pois não aguentava mais a vida desregrada dela sem compromisso com nada.

EU AINDA ESCOLHO VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora